Juiz-foranos na Seleção B de Rugby
João Paulo da Silva e Victor Gerhaim são convocados para a 1ª Copa Sul-Americana, que acontece de sexta a domingo
A rivalidade entre Brasil e Argentina chega agora ao Rugby League, na 1ª Copa Sul-Americana da modalidade, que acontece entre os dias 23 e 25 de novembro no Clube de Campo do Palmeiras, em São Paulo (SP). O Brasil teve sua primeira participação em campeonatos internacionais no ano passado da modalidade, quando disputou pelo Campeonato Latino Americano e perdeu para o Chile e a Colômbia. Esse ano, a Seleção possui duas equipes: enquanto a Seleção A enfrenta Colômbia e Argentina sexta-feira e domingo, a equipe B enfrenta os hermanos em uma dobradinha sábado e domingo. Entre os atletas convocados para o time brasileiro de acesso estão os juiz-forano João Paulo da Silva, 24 anos, e Victor Gerhaim, 28, – que não poderá comparecer aos primeiros jogos, mas continua como membro da equipe.
“O encontro com a Argentina nunca é fácil, é uma equipe muito forte”, avalia João Paulo. “Não sei se o League é uma modalidade muito jogada lá, mas no Union eles são muito grandes. Na última Copa do Mundo eles terminaram em quarto e bateram de frente com grandes equipes. Vai ser um jogo duro, mas é sempre bom jogar contra uma equipe tão experiente, que vive bastante esse esporte tanto quanto o futebol.”
A seletiva dos atletas ocorreu no final de outubro em São Lourenço (MG), durante o Campeonato Brasileiro de Rugby League com 13 jogadores. Para participar, cinco jogadores do Guarás Rugby se uniram a atletas cariocas representando o Estado do Rio de Janeiro no campeonato, onde apenas os dois juiz-foranos foram convidados a vestir a camisa amarela. Apesar de não poder participar dos primeiros amistosos por motivos pessoais, Victor reconhece a relevância da oportunidade também para o time juiz-forano, do qual é técnico.
“Essa fase é muito importante para nós porque traz uma visibilidade que o time daqui nunca teve. Os principais times de Minas estão a uma distância muito grande para disputarmos o campeonato de Union no estado e, por não sermos do Rio, não temos tanto acesso aos campeonatos cariocas. Então nossos atletas ficam perdidos, sem muita visibilidade nacional. Com o League conseguimos esse feito de participar de uma competição de nível nacional e ter vaga na Seleção, disputando um Sul-Americano.”
Primeiros passos
Com uma Seleção ainda muito recente, o Brasil começa a se preparar para participações internacionais e, segundo João Paulo da Silva, deve receber a visita da Rugby League International Federation (RLIF) para avaliar a equipe durante os próximos jogos. “A Seleção A já tinha começado, mas parece que não era tão formal, tanto que a Confederação de Rugby League está sendo formada agora e estão correndo atrás de patrocínio. Ano passado a Seleção já jogava e viajaram para o Chile, mas agora que vão estrear o uniforme da Seleção Brasileira, oficializar o time e marcar território. Ainda não está muito definido, mas a ideia é termos cerca de 35 atletas para disputar a Copa de Rugby League para países emergentes em 2021 e estão focados nisso”, explica o atleta e relembra a importância em se ter duas equipes. “Para ter uma Seleção forte, porque cria-se uma vontade da A jogar melhor, já que tem jogadores da B de olho na vaga dele, e incentiva o jogador da B que quer jogar melhor para ascender à A.”
Além dos juiz-foranos, a Seleção B reúne ainda atletas fluminenses, mineiros, paulistas e paranaenses. Sem tempo de treinamento, os atletas se reunirão pela primeira vez no jogo de estreia, um desafio a mais para a equipe brasileira. “A gente vai ter que conhecer a equipe na hora e arrumar um jeito de dar certo”, comenta João Paulo. “O treinador já vem conversando com a gente, vendo maneiras de conseguir ter essa adaptação de forma mais rápida. É o primeiro jogo da equipe, então a gente espera o normal de um time que está se conhecendo agora. Mas a intenção é que tenha mais treinos para a frente.”
Do Guarás à Seleção
O interesse dos jogadores juiz-foranos começou há poucos anos. João Paulo é estudante de Direito e conheceu o esporte quando ainda estava no ensino médio, assistia a alguns jogos e passou a treinar no JF Rugby em 2013. Já Victor Gerhain tem uma história com mais experiências na modalidade. Além de ter feito um intercâmbio na Austrália pela faculdade de Farmácia, pode praticar no país 11 vezes campeão da Copa do Mundo de Rugby League, além de ter sido capitão do Guarás Rugby, onde atua hoje como técnico. “Comecei em 2011, sabia pouco sobre o que era o rugby, sabia que era como o futebol americano, mas sem proteção nenhuma. Um dia encontrei um colega e ele disse que estava indo treinar, depois fui com ele. Acho que perdi apenas uns dois treinos desde lá. Fundamos o time na UFJF, o Guarás. Aproveitei o intercâmbio na Austrália, pelo Ciências sem Fronteiras, para jogar rugby e estou jogando até hoje.”
Acostumados ao estilo Union 7s (7 jogadores), os atletas já disputaram campeonatos pela modalidade olímpica no Guarás e estão agora se adaptando às regras e ao ritmo do jogo de 13. “O League é mais simplificado que o Union. É um jogo mais corrido, com uma pontuação menor, mais dinâmico. Demanda mais físico, preparo dos atletas e técnica, que se não tiver, acaba machucando muito”, explica João Paulo.
Na Seleção, João Paulo será a camisa 14, como centro, uma posição que atua na organização do time e ataque, fazendo o link entre as pontas, além de ser uma ameaça para atacar no meio do campo. Victor vestirá a camisa 7, numa posição de comando, que dita o ritmo do jogo e organiza o ataque.