‘Um passo atrás, mas na realidade de JF’, garante presidente do JF Imperadores
Uma parceria de dois anos que durou pouco menos de três meses em rompimento justificado apenas em notas oficiais até essa quarta-feira (6). O projeto considerado inédito no futebol americano do país, que mirava o profissionalismo, em pouco tempo levou Juiz de Fora Imperadores e Cruzeiro para lados distintos. Em entrevista exclusiva à Tribuna, o presidente da equipe local, Laércio Azalim, reiterou a importância do Cruzeiro Imperadores para os atletas da cidade no âmbito financeiro, mas admitiu ter encontrado mais dificuldades do que as previstas em uma relação que acabou desgastada.
Agora, de volta com o nome do município e a vaga na Brasil Futebol Americano (BFA), primeira divisão nacional da modalidade no país, o Juiz de Fora Imperadores terá menos de dois meses para a preparação para a estreia prevista para 21 de julho, contra o Patriotas FA. Além de contar com ainda mais juiz-foranos no elenco, a equipe irá tentar o retorno do quarterback norte-americano Casey (KC) Frost, destaque da equipe em 2017, e a reaproximação com o torcedor, que teve apoio fundamental no acesso à BFA em partidas na UFJF. Confira abaixo a íntegra da entrevista.
Tribuna de Minas – O que motivou o fim da parceria?
Laércio Azalim – O motivo do término envolve a questão cronológica da distância entre as duas cidades e o alto custo que isto estava gerando ao projeto, um efeito colateral que estava fazendo com que a gente perdesse a essência do projeto de futebol americano porque muita gente estava desistindo pela quantidade de treinamentos, um contexto diferente do que tínhamos até o início da parceria. Preferimos, então, dar um passo atrás, em comum acordo com o Cruzeiro, e voltar ao planejamento anterior a estes três meses e continuar na BFA, mas voltados para a realidade dos jogadores de Juiz de Fora.
Houve mais dificuldades do que o esperado?
Com certeza. Esperava que as coisas acontecessem em uma excelência que não conseguimos chegar justamente por esse problema de distância, da logística entre Belo Horizonte e Juiz de Fora.
A parceria ficou desgastada com o imbróglio no Mineiro, distância e cinco treinos por semana?
Um pouco, sim, porque não estava dentro do contexto dos jogadores do JF Imperadores conseguir conciliar trabalho, estudo à rotina de treinos. É óbvio que as questões extracampo deram uma desgastada, mas não foram o motivo do rompimento. Foi exclusivamente a questão de não conseguirmos conciliar os processos para deixar o projeto na excelência que as duas entidades gostariam.
O que acontecerá com os atletas contratados da Seleção Brasileira, além dos estrangeiros?
Todos vão para o Cruzeiro. Não sei qual o próximo capítulo da história deles. A vaga na BFA é do JF Imperadores.
Já há uma definição da comissão técnica e da formação do elenco?
Muitos atletas vão voltar por conta da frequência de treinos estar mais dentro da realidade de quem trabalha e estuda. Teremos um inchaço grande no elenco. A comissão técnica vai ser basicamente a de 2017, com o headcoach Rodrigo Mudo, e talvez, dependendo do andamento dos incentivos e arrecadação de patrocínios, tentaremos trazer um quarterback como fizemos no ano passado com o KC (Casey Frost). Talvez até seja ele mesmo.
Então há uma chance do KC retornar?
É um sonho nosso. Na verdade, do povo de Juiz de Fora, que gosta do estilo de jogo e carisma do atleta. Seria algo excepcional, e não é uma coisa totalmente fora da realidade. Mas tudo depende desses 45 dias que serão destinados à busca de patrocínios.
O contrato era de 24 meses. Houve algum prejuízo financeiro?
Não, para nenhuma das partes. O Cruzeiro continua seu projeto em BH e nós retomamos o projeto de três meses atrás com o JF Imperadores. Perdemos esses 90 dias, mas continuaremos no processo anterior à parceria para os próximos dias.
O feedback do torcedor tem sido muito negativo?
Tivemos bons e maus feedbacks. Estávamos, no papel, com um projeto muito grande, que não existia no Brasil e que acredito que o Cruzeiro, em BH, vai conseguir executar. Nosso grande problema foi a distância, o desgaste com os trâmites de ida e vinda, coisas que não encaixaram muito bem. Tem muito feedback negativo porque esperavam algo muito grande em Juiz de Fora e, por ora, isso não vai acontecer, afinal sabemos que o que temos de financeiro e técnico é para seguir na BFA, não disputar título. Ao mesmo tempo, os jogos serão 100% na cidade. Tentaremos reconquistar a confiança do torcedor e deixar claro que buscamos o melhor para os atletas, para que não tivessem todos esses custos, que infelizmente irão acontecer ainda, mas seguiremos trabalhando para diminuir. Quem sabe conseguimos crescer aqui e, mais para frente, ninguém precise desembolsar mais verbas de casa, por exemplo, para praticar o esporte que ama, representando a cidade que reside.
Financeiramente os atletas voltam a ter que arcar com gastos de viagem, por exemplo?
O principal motivo da parceria era justamente que os atletas não tivessem mais o ônus de ter que fazer as vaquinhas, como no ano passado. Infelizmente, como o modelo não deu certo, voltamos também com o planejamento financeiro anterior. Temos muitos e bons patrocínios, mas que infelizmente não cobrem um esporte com 50 atletas como o futebol americano. Muito vai continuar a cargo dos atletas, e todos já sabem, foi em comum acordo.