Preço do botijão de gás de cozinha cai mais de 9% em um mês em JF
Preço médio atual é de R$ 86,50, o menor em dois anos; demais combustíveis também apresentam curva de queda em maio, mas os preços já são pressionados por mudanças tributárias
As últimas semanas foram marcadas por movimentações importantes que trouxeram impactos diversos para os preços dos combustíveis em todo o país. Na principal delas, no último dia 16, a Petrobras anunciou as mudanças na política de preços e colocou um ponto final no modelo de preços do petróleo e combustíveis derivados com o dólar e o mercado internacional. Com o fim do chamado PPI, a expectativa de curto prazo era de redução nos preços de produtos diversos, como, por exemplo, de R$ 0,40 no litro da gasolina, R$ 0,44 no diesel e R$ 8,97 no gás liquefeito de petróleo (GLP).
Estas reduções, ao menos em parte, puderam ser observadas na prática nos últimos dias. Entre o início de maio e os primeiros dias de junho, todos os combustíveis apresentaram uma tendência de queda em Juiz de Fora. Contudo, desde o último dia 1º, mudanças tributárias, em especial relacionadas ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), já pressionam os preços, que podem voltar a subir nos próximos dias e semanas.
Entre as mudanças tributárias que podem pressionar os preços, destaca-se o novo formato de cobrança do ICMS, em vigor desde a última quinta-feira, com a adoção de alíquota única em reais por litro em todos os estados. A mudança ocorre a partir de uma decisão do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que padroniza a cobrança do imposto estadual em todos os estados do Brasil. Até o mês passado, cada unidade federativa mantinha alíquota própria, calculada em uma porcentagem do preço que varia de 17% a 23%. Agora, em todas elas, será cobrado R$ 1,22 de ICMS por litro de gasolina.
Outro fator é a provável antecipação de parte da reoneração do diesel, provavelmente a partir de setembro, no âmbito do programa de incentivo à compra de carros, caminhões e automóveis. A desoneração do óleo diesel foi aprovada em março de 2022 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e prorrogada pelo Governo atual, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), até janeiro de 2024. Os detalhes da reoneração ainda devem ser divulgados.
Gás de cozinha
A redução sinalizada pela Petrobras com a mudança na política de preços de combustíveis da estatal não chegou na mesma proporção nas bombas e demais estabelecimentos que comercializam os produtos derivados de petróleo. O caso do gás de cozinha, por exemplo, é o mais emblemático. Quando do anúncio da nova política de preços, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, anunciou que a redução dos preços do GLP para as distribuidoras seria de 21,3%.
Na prática, porém, entre o início de maio e o começo de junho, a redução no preço médio do botijão de 13 quilos em Juiz de Fora foi de 9,2%, passando de R$ 95,25, entre os dias 30 de abril e 6 de maio, para R$ 86,49, entre 28 de maio e 3 de junho. Os dados são das pesquisas semanais da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Segundo o último levantamento, o preço mínimo do botijão encontrado na cidade foi de R$ 79,99 e o máximo, de R$ 94,99. Ao todo, fizeram parte do estudo 18 estabelecimentos.
Esse é o menor preço médio do botijão de gás nos últimos dois anos. A última vez que a média esteve abaixo do valor foi observada no levantamento feito pela ANP entre os dias 20 e 26 de junho de 2021. Neste hiato, o maior preço médio do botijão de 13 quilos na cidade foi de R$ 114,17, observado a pouco mais de um ano, em pesquisa semanal feita entre os dias 8 e 14 de maio. Também neste período de quase dois anos, a ANP realizou 87 levantamentos. Em 34, o preço médio superou a casa dos R$ 100; e em 76 rompeu a barreira dos R$ 90.
Demais combustíveis
Da mesma forma que o gás de cozinha, todos os combustíveis apresentaram queda em Juiz de Fora no último mês. As maiores variações negativas foram observadas no litro do óleo diesel e do óleo diesel S10, cujo preço médio caiu 13,2% e 12,2% entre a primeira semana de maio e a primeira de junho. Neste caso, a variação negativa acompanhou a queda nos preços praticados pela Petrobras às distribuidoras anunciada no dia 16 de maio e estimada na ocasião em 12,8%. A saber como o preço será impactado pela reoneração do combustível prevista para acontecer a partir de setembro.
Já o preço médio do litro do etanol apresentou queda de 9,6% no mesmo período. O valor médio da gasolina também expressa curva de queda. Tanto o preço médio da gasolina comum como o da aditivada caíram 6,33% nos postos da cidade, entre a primeira semana de maio e a primeira semana de junho. A variação negativa, no entanto, ficou abaixo da queda para a distribuidora anunciada pela Petrobras em meados de maio.
O preço da gasolina ainda pode ser impactado nos próximos dias pelas novas regras de cobrança do ICMS sobre o combustível. As expectativas são de que a alteração resulte em um aumento de R$ 0,24 por litro de gasolina. As variações trazidas pela mudança só devem ser percebidas, de fato, na próxima pesquisa da ANP, no levantamento feito esta semana, a primeira “semana cheia” após a implementação das mudanças.
GNV
A menor variação foi do GNV, que teve uma queda de 4,9% no preço médio do metro cúbico entre a primeira semana de maio e a primeira semana de junho. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, que apontaram queda de R$ 4,51 para R$ 4,29 no custo médio do metro cúbico. A última pesquisa de preços da agência foi feita entre os dias 28 de maio e o último sábado, 3 de junho.
Minaspetro aposta em alta no curto e médio prazo
Em nota compartilhada em seu site oficial, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) repercutiu entrevista do economista Joelson Sampaio, professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo à CNN Brasil. Segundo o sindicato, o especialista defendeu entendimento de que os preços dos combustíveis vão aumentar nos próximos dias, impactados pelas mudanças nas regras do ICMS.
“A mesma coisa deve acontecer com a reoneração total dos impostos. O impacto disso no final é bastante expressivo na vida das pessoas, tanto para quem tem veículo quanto para quem não utiliza, pois o principal modal de transporte no Brasil de mercadoria, por exemplo, é o rodoviário”, avaliou o economista. O especialista ainda pontuou que o possível aumento nos preços afeta a todos, mesmo àqueles que não têm carro, uma vez que o combustível tem os impactos indiretos, incidindo sobre os preços de serviços como frete e logística.