Novo golpe de cobrança no cartão de crédito é motivo de alerta
Cobrança de baixo valor na fatura é sinal de fraude que tem se espalhado pelo país. Em JF, há relatos da ação criminosa
A cobrança de um valor irrisório na fatura do cartão de crédito indica um novo tipo de golpe aplicado por fraudadores. O que, para muitos, pode passar despercebido é, na verdade, o sinal de violação dos dados bancários do consumidor, que pode estar prestes a sofrer um prejuízo maior. Em Juiz de Fora há relatos da ação criminosa que, segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), vem se espalhando pelo país desde o ano passado.
Uma leitora da Tribuna, que preferiu não se identificar, conta que recebeu a notificação de uma cobrança de R$ 0,53 por uma compra que não havia feito. Em seguida, a transação foi cancelada. “Bloqueei o cartão na hora”, diz. ”Li que isso é uma prática para verificar se o cartão está ativo e fazer uma compra maior depois.”
A assistente administrativa Paula Ferreira, 34 anos, passou por uma situação semelhante, mas não imaginou que poderia ser um golpe. “A compra era de R$ 0,83 em uma loja que eu não conhecia, mas não me preocupei na hora porque o valor era pequeno.”
Dois dias depois, ela se lembrou de pesquisar sobre o estabelecimento na internet. “Foi quando vi outras reclamações do mesmo tipo e soube do golpe. Foi sorte ter dado tempo para bloquear, porque, com algumas pessoas, o uso do cartão pela segunda vez acontece rapidamente.”
E é assim que o golpe se concretiza: após testar a validade e o limite do cartão de crédito em sites pouco seguros, o fraudador o reutiliza para operações de valores altos. A ação criminosa acontece pela internet com o uso dos dados do dono do cartão.
“Queixas devem ser formalizadas”, orienta Idec
Em entrevista à Tribuna, a economista e coordenadora do Programa de Serviços Financeiros do Idec, Ione Amorim, orienta os consumidores a acionarem a instituição financeira de forma imediata e formalizarem as queixas na plataforma Consumidor.gov (www.consumidor.gov.br). “O registro é necessário para o aprimoramento dos processos de segurança dos dados, pois o sistema não pode ser vulnerável.”
Relatando que também quase foi vítima desse tipo de golpe por duas vezes, ela reforça a importância da resposta imediata. “Quando identifiquei as cobranças, mesmo sendo valores pequenos, entrei em contato com as instituições e fiz o cancelamento dos cartões”, relembra. “Se o consumidor perceber um lançamento desse tipo de débito, é preciso agir imediatamente, pois os dados já foram vazados.”
Ione destaca que o contato com o banco deve ser feito pelo Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC). “Assim é gerado o protocolo de atendimento. Por meio de outro canal, o problema pode não ser resolvido.”
Ela alerta que o sistema de notificações do aplicativo de celular é uma estratégia para manter o consumidor atento às operações. “É importante acompanhar com regularidade, pois esperar a fatura chegar para analisar essas movimentações pode acabar dando o tempo necessário para a ação fraudulenta se concretizar.”
Fraudes aumentam na pandemia
Com o maior uso dos meios eletrônicos para a realização de compras e pagamentos por conta da necessidade de isolamento social em decorrência da pandemia da Covid-19, houve aumento das fraudes bancárias, conforme dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
No primeiro bimestre de 2021, o número de golpes que se iniciam por meio de e-mails com links que direcionam o usuário a sites falsos dobrou em comparação com o total verificado em 2020.
Ainda de acordo com a Febraban, no intervalo de junho de 2020 a junho de 2021, 29% dos brasileiros receberam cobranças fraudulentas ou compras indevidas no cartão de débito ou crédito. Outros 15% relataram ter sofrido tentativa de abertura de linha de crédito ou solicitação de empréstimo em seu nome. Já 14% afirmaram ter sofrido com ataque cibernético e acesso a dados bancários.