Flip começa em Paraty com homenagem a Paulo Leminski e debates sobre temas urgentes
Festival literário reúne autores nacionais e estrangeiros e destaca diversidade, meio ambiente e acessibilidade

A 23ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) começa nesta quarta-feira (30) e segue até domingo (3). Ao longo de cinco dias, 36 autores brasileiros e estrangeiros participam de 21 mesas no Auditório da Matriz. O homenageado desta edição é o poeta, músico e judoca curitibano Paulo Leminski (1944-1989).
A abertura será às 21h, com a mesa “Essa noite vai ter sol”, na qual o cantor e compositor Arnaldo Antunes falará sobre o legado de Leminski. Depois, um cortejo artístico seguirá da Praça da Matriz até o Palco do Areal, encerrando com uma ciranda aberta ao público.
A curadoria, da editora Ana Lima Cecilio, volta a trazer para a programação temas atuais e debates que se tornaram parte da identidade da festa. Sexta-feira (1º), ao meio-dia, o jornalista Tiago Rogero e a historiadora Ynaê Lopes dos Santos debatem as relações raciais no Brasil; às 17h, o historiador Ilan Pappe explica as origens do conflito na Palestina; e às 19h será a vez da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A juiz-forana que participa pela quinta vez este ano, Maria do Carmo Nascimento, conta que os debates são um dos motivos que a fazem voltar ao evento. “Cada ano, a Flip me surpreende. Não é só sobre literatura, é sobre o mundo em que vivemos. Este ano, quero muito ouvir a mesa sobre racismo e também a da Marina Silva. Saio sempre com novas ideias.’
Autores nacionais e internacionais marcam presença na Flip 2025
A edição da Flip 2025 destaca a presença de cinco escritoras latino-americanas: a chilena Alia Trabucco Zerán, as argentinas Dolores Reyes e María Negroni e as mexicanas Dahlia de la Cerda e Cristina Rivera Garza, vencedora do Prêmio Pulitzer. A literatura francófona também está presente com Neige Sinno, Gaël Faye e GauZ’, em um intercâmbio cultural apoiado pela Temporada França-Brasil.
Outros autores estrangeiros conhecidos do público brasileiro também estarão na Flip, como o italiano Sandro Veronesi, a espanhola Rosa Montero e o português Valter Hugo Mãe. Entre os nacionais, participam Giovana Madalosso, Lilia Guerra, Nei Lopes, Caetano Galindo, Fabrício Corsaletti, Veranilde Pereira e Sergio Vaz.
As mesas serão transmitidas ao vivo no Auditório da Praça, pelo site e YouTube da Flip e pelo canal Arte1. Duas novidades ampliam a programação: o palco Caprichos & Relaxos, dedicado à poesia, e o Palco da Praia, voltado para apresentações culturais de Paraty e da Costa Verde.Novos palcos
Além da programação já conhecida pelo público, a edição deste ano traz como novidade a criação de dois novos palcos, com o objetivo de diversificar as atividades e aproximar ainda mais os visitantes.
O primeiro é o “Caprichos & Relaxos”, instalado ao lado do Auditório da Matriz e inspirado em um dos títulos de Paulo Leminski. O espaço será dedicado exclusivamente à poesia e receberá 15 poetas brasileiros, cada um com 20 minutos para suas apresentações.
Já o Palco da Praia, montado na Praça Aberta, às margens do rio Perequê-açu, será voltado para manifestações culturais de Paraty e da Costa Verde. Músicos, artistas e grupos da região terão uma programação própria aberta a todos os visitantes.
Para Maria do Carmo, esses novos espaços funcionam como um convite a quem deseja conhecer outras expressões artísticas. Ela destaca a importância de a Flip abrir espaço tanto para novos talentos, quanto para a cultura local: “Não é só ler, é ver a cidade viver cultura em várias formas”, afirma.
Programação diversa
A cidade contará ainda com 35 casas parceiras, sinalizadas pelo evento, que oferecem atividades independentes. Com o tema “Planeta Vivo”, a Flip educativa destaca questões ambientais, diversidade e futuros possíveis.
A Flipinha terá nomes como Denilson Baniwa, Chico dos Bonecos, Roseana Murray e Gregorio Duvivier. A FlipZona, construída com a participação de jovens da rede pública, recebe autores como Ondjaki, Raphael Montes e Gaël Faye.
“Para mim, um dos maiores encantos é ver as crianças participando da Flipinha. É ali que muitos começam a gostar de ler. Eu mesma sempre incentivo meus sobrinhos à lerem. Gosto de presenteá-los sempre com livros”, relata Maria.
Acessibilidade e sustentabilidade
Todas as mesas terão recursos de acessibilidade, como Libras, audiodescrição e tradução simultânea. A organização também garantirá transporte gratuito para moradores de 19 comunidades, coleta seletiva, bebedouros públicos e substituição de plásticos por embalagens ecológicas. “Isso mostra que a Flip está preocupada com todos. É um festival que pensa nas pessoas, no planeta e na cultura ao mesmo tempo”, afirmou Maria. “Por isso, sempre volto. A Flip é um encontro que não dá para perder.”
*Estagiária sob supervisão da editora Gracielle Nocelli