Paciente acusa ginecologista de importunação sexual; vítima foi detida após agredi-lo
Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher de Juiz de Fora vai investigar o caso

Uma paciente de 46 anos relatou ter sido vítima de importunação sexual durante uma consulta como um médico ginecologista e obstetra na Policlínica de Benfica, na Zona Norte de Juiz de Fora, na manhã de terça-feira (29). Após sair do consultório, a paciente teria encontrado o médico, 74, no corredor da unidade e, diante da revolta, o agrediu com um soco no rosto – o homem negou qualquer conduta de cunho sexual.
A Polícia Militar foi acionada e conduziu ambos à delegacia para prestar esclarecimentos, em seguida, eles foram liberados. A Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher de Juiz de Fora informou que investigará o caso.
Em nota, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que repudia qualquer forma de violência nas unidades de atendimento e que um procedimento interno será instaurado para apurar o caso. A pasta de saúde municipal disse, ainda, que a mulher permaneceu sob cuidados clínicos e acompanhamento profissional até o momento que se deslocou para a delegacia.
O médico também foi atendido pela equipe, segundo a PJF, recebendo os cuidados necessários após a agressão. “Ele também registrou a ocorrência, se apresentou às autoridades competentes e permanece à disposição para os devidos esclarecimentos”, finalizou a nota.
O caso
Conforme consta no Registro de Eventos de Defesa Social (Reds), a paciente teria procurado a policlínica ainda na manhã de terça-feira, a fim de realizar uma consulta dermatológica. Já no local, ela verificou a viabilidade também de uma consulta ginecológica e foi atendida. Durante o exame com o médico ginecologista e obstetra, que conforme verificou a reportagem, possui CRM regular, a paciente teria percebido comportamentos inadequados e inconvenientes. De acordo com o relato da vítima à PM, o homem teria apalpado seus seios e dito “seus seios estão durinhos, bonitos, quantos parceiros você já teve?”. Em outro momento da consulta, ela teria falado também teria insinuado que a mulher “parecia virgem”.
Depois, o médico teria passado a acariciar a sua barriga e dizer ”você tem certeza que não quer?”. Momento em que a paciente teria percebido que o médico estava lhe importunando sexualmente. Após sair da consulta, a paciente teria pedido ajuda a uma enfermeira e contado a situação, além de ter ligado para o filho. A mulher contou à polícia que foi ao encontro do filho quando ele chegou à policlínica e, nesse momento, se deparou com o médico no corredor da unidade de saúde e desferiu-lhe um soco no rosto. Em seguida, ela foi contida por funcionários.
Na versão do médico, todos os procedimentos adotados na consulta foram de praxe. Ele contou aos militares que realizou exame clínico nos seios da paciente, inspeção e coleta de material para exame laboratorial. Durante o percurso, ele teria observado que havia uma espécie de nódulo na barriga da mulher, o que motivou a apalpação pela extensão do abdômen da paciente.
De acordo com ele, de fato houve a pergunta se a paciente tinha parceiro, mas que este seria um questionamento comum entre profissionais da ginecologia. Ele ressaltou que em momento algum realizou perguntas evasivas ou adotou qualquer comportamento antiprofissional.
Procurado pela Tribuna, o delegado do Conselho Regional de Medicina (CRM) em Juiz de Fora, José Nalon, informou que denúncias sobre condutas inadequadas de médicos podem ser feitas tanto por pacientes quanto pelo Ministério Público. Com a denúncia em mãos, o caso passa a ser apurado em uma sindicância sigilosa, que segue em investigação até a conclusão dos fatos. A apuração, conforme ele ressalta, é ética e legal.
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