Grupo juiz-forano é premiado no Festival de Teatro de Mariana com a peça ‘A copa’
Montagem inspirada no teatro do absurdo do grupo Em Cômodos venceu cinco prêmios, dentre eles o de Melhor Espetáculo do festival

O grupo teatral juiz-forano Em Cômodos foi um dos destaques da 9ª edição do Festival de Teatro Comunitário de Mariana (Festeco), realizado na cidade mineira localizada a cerca de 230 quilômetros de Juiz de Fora. Em sua estreia no circuito nacional de festivais, o coletivo conquistou cinco prêmios com o espetáculo autoral “A copa”. A montagem levou troféus nas categorias Melhor Espetáculo, Melhor Direção, Melhor Texto Original, Melhor Trilha Sonora e Melhor Ator Coadjuvante. Também recebeu indicações aos prêmios de Melhor Ator e Melhor Cenário.
Com influências do teatro do absurdo, “A copa” aborda temas como alienação, rotina e a busca por sentido na vida. Ambientada em uma simples copa, como sugere o título do espetáculo, a peça se desenvolve a partir do diálogo entre dois personagens que expõem, em meio a silêncios e repetições, o desencanto e o vazio da existência contemporânea. A encenação aposta em uma estética minimalista, com forte presença corporal e sonoridades mecânicas, propondo uma experiência sensorial sobre o limite entre ação e inércia. “A copa” é o primeiro trabalho autoral do grupo.
Processo criativo
Sob direção e dramaturgia de Pedro Moysés Lagoa, a montagem reúne um elenco formado por Igor Santos e Phill de Orixalá, este último premiado como Melhor Ator Coadjuvante. O espetáculo é resultado de um trabalho coletivo, no qual os integrantes dividem as funções de criação e técnica, como explica a equipe. A ambientação e os figurinos foram concebidos por Valentine Fontanella, a sonoplastia é de Bruno Ferreira, o desenho de luz é de Gabriel Iung e a trilha original, também premiada, foi composta por Igor Silveira em parceria com o diretor.
O texto, originalmente concebido como um curta-metragem, foi expandido por meio de um processo de criação colaborativo, com base em referências teóricas e práticas de autores como Camus, Sartre, Beckett, Kafka e Ionesco. O prêmio de Phill de Orixalá ganhou destaque pelo contexto da apresentação: o ator substituiu Lucas Barbosa, intérprete original do personagem “artista”, que estava em outro festival, na Bahia. Phill teve apenas quatro ensaios antes da estreia no Festeco e foi reconhecido por sua atuação.
O espetáculo estreou em junho e também integrou a 22ª Campanha de Popularização Teatro e Dança de Juiz de Fora e foi selecionado em edital para apresentação no Palco Central, prevista para abril de 2026.