Residência de Raphael Arcuri deverá ser tombada


Por MAURO MORAIS

10/09/2013 às 07h00

Ao que tudo indica, mais um projeto de Raphael Arcuri será preservado na cidade. O processo de tombamento de sua residência, localizada no nº 310 da Rua Antônio Dias Tostes, no Centro, está próximo do fim, dependendo, apenas de decreto do prefeito. Como procedimento comum, a Prefeitura publicou no último sábado um edital de notificação para que proprietários, herdeiros e ou sucessores ou quaisquer outras pessoas com vínculo familiar ou não possam propor a impugnação do processo. A publicação confere 15 dias para refutações e, logo em seguida, deverá retornar ao prefeito, que acatará ou não o tombamento. Procurado pela Tribuna, Haroldo Pagy Thees, terceiro proprietário da antiga residência de Raphael Arcuri, diz já ter sido notificado e não contestou. Não me oponho e não deixarei tudo apodrecer, afirma Thees, dizendo que há a necessidade de pequenas obras para que o imóvel se mantenha conservado, mas nenhuma delas configura-se como intervenção.

Segundo o presidente do núcleo juiz-forano do Instituto de Arquitetos do Brasil, Marcos Olender, o casarão foi o segundo projeto de residência própria executado pelo arquiteto Raphael Arcuri. O primeiro, ao lado, foi o casarão conhecido hoje como Castelinho dos Bracher, o qual repassou ao irmão Romeu após construir o imóvel. Essa construção é muito interessante já que foi feita com muito cuidado, para abrigar a própria família dele. Apesar de pertencer ao estilo eclético, a casa guarda referências do art nouveau e de outros elementos que eram contemporâneos ao período, analisa Olender, professor do departamento de história da UFJF e um dos integrantes do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural, o Comppac, que aprovou no ano passado o tombamento do imóvel.

Nascido em 1891, na Itália, Raphael é filho de Pantaleone Arcuri, que deu nome à empresa Pantaleone Arcuri & Spinelli, reconhecida por edificações como a Casa d’Itália, na Avenida Rio Branco, e o Cine-Theatro Central. Esse tombamento é imprescindível para referendar a importância e a produção da família na paisagem urbana de Juiz de Fora, defende Olender, cujo doutorado, pela Universidade Federal da Bahia, deu origem ao livro Ornamento, ponto e nó – Da urdidura pantaleônica às tramas arquitetônicas de Raphael Arcuri. De acordo com Olender, a casa foi vendida de Raphael para um médico da cidade, que se dispôs a preservar o imóvel, e o fez, já que a estrutura, em sua maioria, não foi descaracterizada.

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