Cassianno lança novo EP e reforça a força do pagode em Juiz de Fora
Cantor juiz-forano fala sobre trajetória, influências e o projeto que marca fase mais autoral
“O samba sempre foi a música da casa!” É assim que Cassianno resume a relação com o gênero desde a infância. Filho de uma família de cantores e compositores, ele cresceu cercado por reuniões embaladas por rodas de samba, onde começou a soltar a voz.
Anos depois, o cantor juiz-forano se vê como um dos nomes que buscam fortalecer a cena local. “Acredito 100% no nosso pagode juiz-forano”, afirma, com a mesma naturalidade de quem carrega o ritmo como herança.
Em carreira solo desde 2021, Cassianno se prepara para uma nova fase. Nesta sexta-feira (8), lança a faixa “Toda vez é isso” em todas as plataformas digitais. Daqui um mês, apresenta oficialmente o álbum “Cassianno – DO ZERO”.
‘Meu som é moderno’

Com voz marcante e referências diversas, Cassianno construiu uma identidade sonora que dialoga com o pagode contemporâneo. Influenciado por nomes como Exaltasamba, Sorriso Maroto, Pixote e Jeito Moleque, ele revisita o estilo que embalou os anos 2000 e imprime sua própria assinatura.
“Tenho várias referências, é impossível listar todas aqui. Na minha adolescência, fui muito influenciado pelo pop rock nacional e gospel”, conta o cantor, que não se prende a um único gênero musical.
Mesmo com tantas influências, ele garante que encontrou um caminho próprio. “Meu som é moderno”, resume.
Entre os sonhos que ainda quer realizar, destaca uma parceria especial. “Minha parceria do sonho é com o Thiago Soares, eu me inspiro na voz e no jeito de cantar desde muito novo”, revela.
Com alguns trabalhos autorais já lançados, Cassianno afirma que busca autenticidade em cada composição. “Sempre me preocupei em imprimir a minha verdade na minha música e sempre busquei fazer o som que gosto e acredito.”
Novo projeto – Nome do EP
O novo projeto nasceu de uma parceria com o amigo Brunno Bys e tem como ponto de partida a canção “Toda vez é isso (Reconstruir)”, composta em 2021. “Essa música estava guardada todo esse tempo, até o surgimento dessa ideia de produzir um EP que desse um restart a essa trajetória autoral”, explica.
O trabalho reúne faixas escritas há anos e outras mais recentes, fruto de colaborações com parceiros. A decisão de lançar um single antes do EP também foi estratégica. “É só uma forma de trazer novos ouvintes pro nosso som.”
Embora preserve sua essência, Cassianno destaca que o projeto traz arranjos e roupagem alinhados ao mercado fonográfico. “São escolhas feitas em cima do meu gosto musical, em primeiro lugar, mas através da roupagem e dos arranjos conseguimos trazer um aspecto voltado para o mercado fonográfico e também de acordo com nosso público-alvo.”
Quando fala sobre as músicas do novo trabalho, ele não hesita em afirmar que todas carregam sua identidade. “Musicalmente, todas! Em cada uma delas tem um pouco do Cassianno”, diz, em tom seguro. Mas deixa escapar que uma faixa em especial pode tocar o público de forma diferente. Ele se refere a “Som da saudade”. “Vai trazer um tema delicado e que eu sei que vai emocionar muita gente”, afirma.
O EP também ultrapassa as fronteiras de Minas Gerais e traz uma colaboração que reforça essa conexão. Na faixa “No fundo você gosta”, Cassianno divide os vocais com o DJ LD da Favelinha, artista capixaba e a única participação especial do projeto.
Pagode juiz-forano está bem servido
Em Juiz de Fora, o pagode parece ganhar um novo fôlego. Subgênero do samba surgido no Rio de Janeiro, entre o fim da década de 1970 e o início dos anos 1980, hoje ecoa nas ruas da cidade e encontra espaço para se reinventar. Para o cantor, esse é um dos momentos mais promissores do gênero. “É o melhor momento em anos, para todos os níveis de artista! A inovação traz uma grande responsabilidade de ser bom, na minha opinião, é o que torna ainda melhor essa jornada.”
Ele acompanha de perto o fortalecimento da cena local e reconhece a qualidade dos artistas que vêm se destacando. “É uma cena que vem cada vez mais se fortalecendo. Temos vários artistas de muita qualidade e nível profissional altíssimo”, observa.
Ainda assim, Cassianno não ignora os desafios de manter-se relevante em uma cena em transformação. “É seguir conquistando o respeito e o carinho das pessoas com a minha música. O maior desafio é se manter atual e constante.”
Apesar de tudo, uma certeza permanece intacta: para ele, o pagode em Juiz de Fora já fincou raízes — pulsa nas rodas de amigos, ressoa nos bares e ocupa, com força, os palcos da cidade. “O pagode juiz-forano e regional é a música das ruas de Juiz de Fora!”
*Estagiária sob supervisão da editora Gracielle Nocelli