Designer gráfica Ligia Maria Lacerda morre aos 57 anos
Conhecida por sua atuação em trabalhos da Funalfa, a profissional atuou na criação dos calendários anuais da fundação, dos selos “Funalfa Edições” e dos catálogos do JF Foto
Podemos afirmar que boa parte da população de Juiz de Fora, sobretudo os que acompanham os eventos oferecidos pelas instituições culturais da Prefeitura, já tiveram nas mãos um trabalho desenvolvido por Ligia Maria Lacerda. A designer gráfica nasceu em 24 de agosto de 1960 e se despediu da cidade e amigos neste 8 de março de 2018, vítima de câncer, deixando lastros de sua criatividade e competência que foram decisivos para a criação dos calendários anuais da Funalfa, dos selos “Funalfa Edições”, além dos catálogos do JF Foto. O velório acontece nesta quinta-feira (8), das 9h às 16h no Cemitério Parque da Saudade, e o corpo será cremado no distrito de Matias Barbosa.
Em 1997, José Alberto Pinho Neves assumia o cargo de superintendente da Funalfa quando convidou Ligia para integrar sua equipe. Ao longo de todo seu mandato, de 8 anos, ela trabalhou na elaboração de identidades visuais e, devido à qualidade de seus serviços, permaneceu atuando por alguns anos durante o período em que Toninho Dutra assumiu a superintendência.
“Ela desenvolveu um trabalho primoroso que ajudou a consolidar o selo Funalfa Edições, além disso, convém ressaltar a grande figura humana que Ligia era, e o cordial relacionamento que tinha com todos os funcionários, bem como com a direção”, relembra José Alberto, atual diretor do MAMM. Ultimamente, Ligia continuava sua parceria de trabalho, sendo a responsável pelos encartes do Museu. José a considerava uma designer gráfica atualizada, principalmente pelo seu cuidado com a pesquisa e memória, principalmente por sua dissertação de mestrado em história: “A linguagem comercial dos rótulos da Litografia Pietro Biancovilli. Juiz de Fora, 1888 -1916”, realizada sob orientação de Maraliz Vieira Christo, do Departamento de História da UFJF.
Ligia trabalhou na Funalfa, como servidora direta, no período de 2004 a 2010. No entanto, segundo a assessoria, bem antes deste período ela já prestava serviços para a fundação, fazendo trabalhos de editoração, criação e design. Posteriormente, continuou colaborando, realizando trabalhos como freelancer e assinando uma série de projetos gráficos. Toninho Dutra afirma que, ao todo, são mais de 20 anos de sua contribuição.
“Ligia fazia um trabalho em conjunto, a plasticidade da obra era dela, porém sempre esteve muito aberta a conversar e agregar opiniões. Isso era uma característica primordial de seu trabalho, porque ela não se agarrava a ideias, tudo era possível de mudança, transformação e de caminhar para um outro lugar”, conta Toninho, destacando, principalmente, quando conceberam, junto a uma grande equipe, os livros “De todos os cheiros e sabores que fizeram Juiz de Fora” (2010) e “Memórias Possíveis” (2012), com toda linguagem visual coordenada por ela, sempre estabelecendo diálogo entre o setor de artes gráficas e memória.
Além disso, Ligia Maria Lacerda deixou pronto um livro com imagens dos rótulos impressos por Pietro Biancovilli que ela tinha a intenção de ser editado e publicado. Um desdobramento de sua dissertação acerca da casa litográfica Biancovilli estampando um recorte da história cultural da cidade, todo construído por meio de narrativas imagéticas. A designer também foi quem elaborou algumas capas de discos e DVDs do músico juiz-forano Dudu Lima, inclusive seu último trabalho “Som de Minas”, lançado em 2017.