Entrevista exclusiva: ‘Conectar com a natureza é manter minha liberdade’, afirma Armandinho

Em entrevista à Tribuna, cantor Armandinho fala sobre como a natureza inspira sua música, sua espiritualidade e o modo de encarar os desafios


Por Mariana Souza*

06/09/2025 às 11h00

Armandinho Divulgacao
Cantor se apresenta neste sábado (6) no Vibe Boa Festival (Foto: Divulgação)

Com uma trajetória marcada por versos que falam de amor, liberdade e espiritualidade, Armandinho se consolidou como um dos principais nomes do reggae brasileiro. Desde que embalou o país com sucessos como “Desenho de Deus”, “Analua” e “Ursinho de dormir”, suas canções ultrapassaram fronteiras e se tornaram trilha sonora de gerações que encontram, por meio delas, leveza e inspiração.

Ao longo de mais de duas décadas de carreira, o cantor gaúcho transformou o palco em espaço de encontro entre poesia e cotidiano. Sua obra, que mescla reggae, pop e MPB, não apenas celebra o mar, o sol e a natureza, mas também reflete sobre afetos e inquietações sociais. Nessa mistura, Armandinho construiu uma identidade única, capaz de emocionar multidões sem perder a simplicidade de quem canta a vida como ela é.

Neste sábado (6), Armandinho desembarca em Juiz de Fora para se apresentar no Vibe Boa Festival. No palco, promete revisitar sucessos e trazer novidades ao repertório.

Em entrevista exclusiva à Tribuna, o cantor falou sobre como transforma o invisível em melodia, a força do amor em suas composições e a presença da natureza como guia de liberdade. Também refletiu sobre o papel social do reggae no Brasil de hoje, seu estilo que mistura ritmos e mensagens, e o desafio recente de ser pai após os 50 anos.

Tribuna: Em músicas como “Desenho de Deus” e “Semente”, você traz uma espiritualidade leve, que toca fundo quem ouve. Como traduz esse sentimento em canção, transformando o invisível em melodia?

Armandinho: Eu acho que transformo o invisível em melodia. Prestando atenção na vida das outras pessoas, no que elas vivem, acabo sendo um cronista de emoções e de fatos que acontecem com quem está ao meu redor. Também me inspiro em acontecimentos da minha vida pessoal e, assim, transformo tudo isso em melodia, em música.

O Brasil passa por mudanças intensas, e o reggae sempre carregou contestação e consciência social. Em canções como “Analua” e “Outra vida”, percebemos amor, mas também reflexão. Como essas transformações chegam até você, e qual o papel da sua música no cenário atual?

Eu acredito que existem várias formas de se fazer reggae, tanto no mundo quanto no Brasil, com estilos bem diferentes. Acabei criando um estilo próprio, que mistura MPB, rock, reggae e também música regional. Tenho composições que abordam temas ligados à preservação ambiental, mas considero que o principal na minha música é o amor – o amor singelo, o amor puro, o amor que transcende, que acontece nesta vida e em outras também.

Muitos fãs se veem em suas letras, mas e você? Já se sentiu personagem de músicas como “Folha de bananeira” ou “Ursinho de dormir”? Em qual delas mais se reconhece hoje?

Eu me enxergo em todas as minhas canções, não apenas em uma ou duas. Cada música representa uma fase da minha vida, um momento que estou vivendo, conforme as coisas acontecem ao meu redor. Por isso, não há uma canção específica que eu possa destacar para você identificar mais.

O sucesso colocou você em palcos gigantes, mas também trouxe expectativas e cobranças. Ainda assim, você preserva a leveza que canta em “A ilha”. Como mantém essa liberdade no dia a dia, fora da música?

Eu mantenho a minha liberdade na conexão com a natureza. Não basta apenas estar na natureza, é preciso pensar nela, ter consciência ecológica, acreditar em um mundo sustentável e lutar para que isso aconteça. Precisamos abrir os olhos para as questões climáticas que estamos enfrentando. Acho que esse é o ponto mais importante, porque tudo isso expressa uma liberdade com consciência.

Olhando para frente, quais são os novos sonhos ou projetos? O que mais deseja plantar – seja em versos, seja na vida?

Bom, eu acabei de ter um bebê, e isso é um grande desafio. Ter filhos em uma idade mais avançada, depois dos 50 anos, não é algo comum. Ao mesmo tempo, é uma fase em que estamos mais experientes. O maior desafio agora é tentar ser um bom pai. Sinto que a minha vida gira em torno dessa paternidade que estou vivendo.

E neste sábado, no Vibe Boa Festival, em Juiz de Fora, o que o público pode esperar dessa conexão ao vivo entre sua história, suas músicas e as novas gerações  de fãs ?

Eu tenho um repertório enorme de músicas, muitas delas marcaram várias gerações. Não posso deixar de fora os sucessos, os hits que o público quer ouvir. Por isso, meu show é composto principalmente por canções conhecidas, mas também trago algumas novidades. Com o tempo, vamos experimentando: certas músicas novas conquistam seu espaço, enquanto outras acabam saindo para dar lugar a composições mais recentes. Dessa forma, vou me renovando, mantendo o repertório aquecido e o calor no coração de todas as pessoas que me acompanham.

 

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