Procedimento da esperança
Econômica com as palavras, mas não com os sorrisos, a juiz-forana contou que poderia voltar a ajudar a família, sonho que mantinha desde que a cirrose autoimune a obrigou a parar de trabalhar. Mas o momento de maior emoção foi quando ela comentou: “Fui pedida em casamento no dia da cirurgia”
O dia 9 de agosto de 2017 poderia ter sido uma quarta-feira normal, mas me desloquei até a redação da Tribuna fora do meu horário habitual de trabalho, ao encontro do fotógrafo Felipe Couri, para acompanhar uma entrevista coletiva na Santa Casa de Misericórdia. A pauta? Uma notícia histórica: o primeiro transplante de fígado em Juiz de Fora. Para mim, juiz-forana de coração, além de representar a possibilidade de salvar vidas, a notícia mostrou como a cidade tem potencial para crescer e proporcionar qualidade de vida a quem realmente importa: a população.
Formada jornalista havia pouco mais de dois anos, seis meses como membro da equipe da Tribuna, falar sobre um setor público de saúde que realmente funciona foi mais que prestar um serviço. Foi uma honra.
Pouco mais de um mês antes, eu já havia adiantado, com exclusividade, o início do serviço de transplante de fígado na cidade. Mas o bônus naquela ocasião foi conhecer a paciente que recebeu o fígado, doado pela família de um homem que morreu apenas um dia antes do transplante, realizado em 4 de agosto.
Na Santa Casa de Misericórdia, ouvi os detalhes sobre a cirurgia de seis horas, considerada um sucesso. Após a entrevista, fomos convidados a conversar com a jovem de 28 anos que, naquele mesmo local, teve a chance de começar uma “vida nova”. Nos deslocamos, junto com outros colegas de profissão, por alguns dos vários andares do hospital para ouvir o relato de Desiree Aparecida Ferreira Mariano, moradora do Bandeirantes, que esperava o transplante desde 2014. Ela contou que já tinha tido a oportunidade de receber o órgão em Belo Horizonte, mas faltava dinheiro para que sua família se hospedasse na capital mineira, problema que ainda dificultava a realização de procedimentos mesmo quando havia órgãos disponíveis.
Econômica com as palavras, mas não com os sorrisos, a juiz-forana contou que poderia voltar a ajudar a família, sonho que mantinha desde que a cirrose autoimune a obrigou a parar de trabalhar. Mas o momento de maior emoção foi quando ela comentou: “Fui pedida em casamento no dia da cirurgia.”
A revelação foi o que mais me emocionou. Foi quando percebi que, mais que uma reportagem sobre saúde, eu escreveria sobre um procedimento que dá esperança.
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