A emoção de receber um prêmio das mãos do entrevistado
”O prêmio concedido pelo Sindicomércio, além de ser o reconhecimento da matéria em que Oddone foi um dos personagens, para mim, também serviu de estímulo para seguir na caminhada de jornalista, trajetória que já dura 17 anos”
“Era uma tarde de quarta-feira. Sentado no caixa da loja, Oddone Villar Turolla, 82 anos bem vividos, como ele mesmo diz, conversava com um dos muitos amigos que, todos os dias, fazem questão de passar na Casa Orion para bater papo. (…) Oddone recebeu a Tribuna com a simpatia característica, tão cara aos que estão ao seu redor. ‘Nasci numa caixa de sapatos’, iniciou a conversa, com a mesma seriedade com que lembrou que perdeu a visão de um olho aos 7, ao tentar abrir uma caixa com um estilete.” Foi desta forma que comecei a contar a história do Sr. Oddone na matéria “Comércio movimenta R$ 40 milhões em salários por mês”, escrita a quatro mãos (com a querida Gracielle Nocelli), vencedora do 1º Prêmio Oddone Turolla de Jornalismo em duas categorias (impresso e primeiro lugar geral).
Receber das mãos do próprio Sr. Oddone o prêmio, que leva o seu nome, foi tão emocionante quanto ouvir a história de vida dele, sentada na cadeira azul da loja, entre caixas de sapato e fotos em preto e branco que ele fez questão de mostrar. Durante a apuração da matéria, assim como na entrega do prêmio, não consegui conter a emoção. Chorei. Pela generosidade de o Sr. Oddone revirar o baú da memória e abrir o coração para mim naquela tarde de quarta-feira e, também, por ele ter entregue a estatueta. O prêmio concedido pelo Sindicomércio, além de ser o reconhecimento da matéria em que Oddone foi um dos personagens, para mim, também serviu de estímulo para seguir na caminhada de jornalista, trajetória que já dura 17 anos.
Durante a apuração da matéria, assim como na entrega do prêmio, não consegui conter a emoção. Chorei. Pela generosidade de o Sr. Oddone revirar o baú da memória e abrir o coração para mim naquela tarde de quarta-feira e, também, por ele ter entregue a estatueta
O que o Sr. Oddone não sabe, porém, é que meu olhar para ele, além de respeitoso, é muito afetuoso. Lembro que, recém-chegada no jornal, fui escalada para fazer uma reportagem sobre compras de última hora no Natal. Na época, ele era presidente do Sindicomércio e ouvir a entidade era imprescindível para a minha matéria. Antes de ir para a rua, liguei para o sindicato, mas ele não estava. Deixei o número do meu celular com a secretária e pedi a ela, encarecidamente, que transmitisse o meu recado a ele. Desliguei descrente e preocupada. Sabia que não conseguiria ligar no meio da rua, naquela confusão, nem voltar à redação a tempo para tentar mais uma vez.
No meio do atropelo típico do Calçadão em véspera de Natal, quase 18h, o telefone toca. Era ele. Sentei no vão da escada rolante de um shopping, bloquinho e caneta em punho. Quase não conseguia ouvi-lo. Com a serenidade, a gentileza e a simpatia características, Sr. Oddone não só disse tudo que eu precisava para fazer a matéria, como também me acalmou e não esqueceu de desejar um Feliz Natal para mim e para a minha família. A minha gratidão, nascida naquele simples gesto, é alimentada todas as vezes que tenho a oportunidade – e o prazer – de entrevistá-lo. É tanto carinho no coração que às vezes transborda pelos olhos, embaça a lente e traz a certeza de que trabalhar é ainda mais prazeroso quando se tem a oportunidade de conviver com fontes como ele.
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