Mulher esfaqueada pelo ex-companheiro segue internada no HPS
Crime violento aconteceu três dias depois de manifestações contra feminicídios
A mulher de 24 anos esfaqueada pelo ex-companheiro, 23, continua internada nesta terça-feira (26) no HPS de Juiz de Fora. Segundo a assessoria da Secretaria de Saúde, a paciente encontra-se em observação, lúcida e orientada. A tentativa de homicídio aconteceu no fim da tarde de segunda na Vila Esperança II, na Zona Norte. Segundo informações da Polícia Militar, por volta das 17h, uma vizinha, 39, escutou os gritos da vítima na Rua Coronel José Domingos dos Reis. Ao seguir até a casa da jovem, a moradora avistou o criminoso armado com faca. Mesmo diante da mulher ferida e ensanguentada, ele teria tentado desferir outros golpes contra ela.
O homem só teria parado de esfaquear a ex-companheira porque teria se assustado com os gritos da vizinha. Antes da fuga, no entanto, ele ainda pegou um celular e algum dinheiro deixados em cima de uma cama. O agressor correu pela linha férrea em direção à Avenida JK. Ele chegou a ser perseguido pela vizinha e por outros populares, mas conseguiu escapar.
A jovem foi socorrida até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Norte, onde deu entrada com um corte contuso na região do pescoço. Ela estava em estado grave e foi transferida para o HPS no mesmo dia.
Várias viaturas foram mobilizadas no rastreamento em busca do criminoso, mas ele não foi encontrado. Por meio do 190, vizinhos da vítima informaram à PM terem encontrado uma faca ensanguentada nas imediações do local do crime. Militares seguiram para o endereço e apreenderam a arma branca, que estava quebrada. O caso seguiu para investigação na Polícia Civil.
Manifestações
A tentativa de assassinato aconteceu três dias depois de os constantes casos de violência contra a mulher motivarem duas manifestações no Centro da cidade. A trágica morte da psicóloga Marina Gonçalves Cunha, 35, foi lembrada nos dois atos promovidos por coletivos de Juiz de Fora na última sexta-feira (22). A intenção é cobrar que o empresário, 38, marido dela e assassino confesso, seja preso, além de chamar a atenção para a luta contra os casos de feminicídios.
O Maria Maria – Mulheres em Movimento e o Mulheres Medicina – UFJF estiveram reunidos em frente ao Banco do Brasil, no Calçadão da Rua Halfeld. Já o Fórum 8M, composto por mais de 15 entidades, protestou na Praça da Estação para marcar também os cem dias da morte da vereadora Marielle Franco. Velas foram acesas representando as vítimas de feminicídios e de outros assassinatos, como de ativistas, militantes políticos e pessoas LGBT.
O empresário que confessou a morte de Marina por esganadura, durante uma briga do casal, no dia 21 de maio no apartamento em que moravam, no Bairro São Mateus, Zona Sul, chegou a ser preso preventivamente no último dia 7. No entanto, ele foi libertado oito dias depois, por meio de habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). A situação revoltou familiares da vítima, cujo corpo foi desovado em um matagal próximo ao Parque da Lajinha e só foi encontrado dez dias depois. A psicóloga deixou três filhos, com idades entre 2 e 6 anos.