Fundação Ricardo Moysés Júnior celebra 25 anos
Casa de apoio acolhe, atualmente, 98 jovens em tratamento contra o câncer infantil
Há 25 anos, ao fim de cada mês, a fundadora e diretora-executiva da Fundação Ricardo Moysés Júnior, Jane Berlose Moysés, reúne, na Rua Francisco Vaz de Magalhães 12, Bairro Cascatinha, jovens em tratamento contra o câncer, além de seus pais. Neste sábado (26), contudo, por ocasião da celebração dos 25 anos da casa de apoio, o encontro acontecerá no Cascatinha Country Club, das 14h30 às 17h, uma vez que será necessário um salão para receber aqueles que outrora passaram pela entidade. Em um quarto de século, cerca de mil jovens, com idade entre zero e 21 anos, foram acolhidos pela Fundação Ricardo Moysés Júnior. Atualmente, há 98 em tratamento.
“Será uma festa muito bonita. Vamos comemorar com os pais e as crianças, porque eles são o fruto da fundação. Achamos, por bem, comemorar com eles. E, também, um dos objetivos é rever os outros que já passaram pela casa e, hoje, já estão casados, constituíram família etc. O encontro é muito importante para aqueles que estão começando o tratamento ou estão no meio dele. Isso dá uma motivação para o paciente para ver que o tratamento é difícil, mas vale a pena”, conta Jane. Dentre os assistidos, a Fundação Ricardo Moysés Júnior chegou a jovens de 148 municípios mineiros, bem como 15 fluminenses. Conforme Jane, a entidade conseguiu contato com a maioria. “Será igual encontro de formandos. É um reencontro para ver como estão. Aqueles que fizeram o tratamento, principalmente. Alguns, sabemos que formaram. Outros já têm família constituída. Como está a qualidade de vida deles hoje?”
Em razão dos 25 anos de apoio prestado, a Fundação Ricardo Moysés Júnior já é indicada por médicos locais e regionais às famílias em situação de vulnerabilidade social. A entidade oferece hospedagem, recreação, medicamentos, exames clínicos, tratamento odontológico e atendimento psicológico. “Há crianças que permanecem aqui por seis, sete, oito meses. Agora, por exemplo, tenho uma menina que chegou do Vale do Jequitinhonha. Veio para a festa. Ela chegou a ficar aqui durante um ano e dois meses direto. Foi em casa apenas duas vezes durante o tratamento. Atualmente, há uma natural de Nanuque (Vale do Mucuri), divisa com o Estado da Bahia, que já está aqui há oito meses. Não foi em casa nenhuma vez”, relata Jane. Entretanto, a entidade abriga apenas crianças acompanhadas por responsáveis. “Quando as mães chegam aqui e veem que há uma casa, dizem: ‘Não posso ficar aqui, não. Não posso pagar.’ Não, aqui não se cobra nada. Há o motorista, que leva e busca; a comida; a alimentação; a hospedagem; os medicamentos; os exames; as roupas; o lazer; as festas, tudo, tudo.”
Parceria com HU
A entidade auxilia, também, em parceria com o Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), pacientes recém-transplantados de medula óssea. “A parceria dura há 15 anos. Todos os transplantados e pré-transplantados vem para cá para apoiarmos. De todo o Brasil vem gente. Vem no pré-transplante, em que o paciente está se preparando para o transplante, e depois que ele passa pelo transplante, para se recuperar. Os pacientes ficam nos apartamentos, que são as suítes, porque eles não podem ficar com os outros para não pegar infecção. Nesta parceria com o HU, só não arcamos com os medicamentos, porque são maiores de 21 anos, mas damos todo o apoio com hospedagem, alimentação, traslado, etc.”
‘Construir é mais fácil. Manter é muito difícil’
As crianças em tratamento na Fundação Ricardo Moysés Júnior são apadrinhadas por colaboradores da entidade. Em datas como a Páscoa, o Dia das Crianças e o Natal, os jovens são presenteados. Entretanto, apenas os padrinhos e madrinhas conhecem as crianças; o contrário não é permitido. “Cada criança tem um padrinho para presenteá-lo nestas datas, mas a criança não o conhece. (…) O objetivo é realmente o padrinho lhes ajudar nessas três datas festivas. Como já tivemos muita experiência ao longo desses 25 anos, às vezes, a família interpreta de maneira errada: ‘Ah, vou pedir ao padrinho um sapato, um dinheiro para comprar gás.’ Não é para isso. É só para os presentes nessas datas”, afirma Jane.
Aos interessados em apadrinhar as crianças com câncer, conforme a fundadora, basta ligar no número 3229-0002 e informar o nome, bem como o telefone. “A cada criança cadastrada, ligamos (para os padrinhos): ‘Ó, chegou uma criança de dois anos.’ Tem gente que prefere menina, outros, menino. Então, ligamos e falamos como é o afilhado. Por exemplo, estamos próximos do Natal. A nossa festa será em 10 de dezembro. Mais ou menos 20 dias antes, mandamos uma cartinha para o padrinho ou madrinha falando a idade, o sexo, o número do sapato etc. Damos todo o perfil da criança para que o padrinho ou madrinha avalie o que quer dar.” Há, ainda, a possibilidade de doação de alimentos, além de frutas, legumes e verduras, já que a Fundação Ricardo Moysés Júnior repassa cestas para as famílias assistidas.
Questionada sobre as principais dificuldades ao longo da história, Jane apontou a manutenção da casa de apoio. “Manter o trabalho. Construir é mais fácil. Agora, manter é muito difícil. Temos os custos com a manutenção, por exemplo. Tem sempre alguma coisa na casa. (…) Graças a Deus, nunca estivemos próximos de fechar as portas. Assim, de cinco anos para cá, temos passado muito aperto por conta da crise, mas fechar, não.” Para auxiliar a manutenção, foi criado, em 2005, o Centro Educacional Ricardo Moysés Júnior, colégio particular, localizado em terreno anexo da fundação. “Gostaria de fazer um apelo para que as pessoas nos ajudem. Manter as crianças com tudo o que a gente dá e fornece, como exames de alto custo, medicamentos etc., é muito dispendioso. Sobrevivemos da escola, das doações da sociedade e também dos nossos eventos”, explica, ao pedir apoio à instituição.