Transporte coletivo é normalizado após paralisação e espera de passageiros em Juiz de Fora

Passageiros enfrentam dificuldades para retornar para casa após paralisação iniciada por trabalhadores do transporte coletivo; serviço começou a regularizar por volta das 19h


Por Pedro Moysés

24/07/2025 às 18h35- Atualizada 24/07/2025 às 19h58

O serviço de transporte coletivo em Juiz de Fora foi regularizado por volta das 19h desta quinta-feira (24), após quase quatro horas de paralisação dos rodoviários. Até o início da noite, por volta das 18h, moradores ainda aguardavam por condução em pontos lotados, especialmente na Região Central da cidade, como nos trechos da Avenida Rio Branco próximos à Avenida Getúlio Vargas, onde os trabalhadores se concentravam em protesto.

A paralisação começou durante a tarde, após impasse em reunião sobre reajuste salarial entre os representantes dos trabalhadores e o Consórcio Via JF, responsável pelo transporte público. A categoria reivindica aumento nos salários e outros benefícios, mas a proposta apresentada foi de 2,5%, considerada insatisfatória pelos rodoviários.

Segundo o Sindicato dos Rodoviários de Juiz de Fora (Sinttro/JF), Vagner Evangelista, foi levada para a reunião uma oferta de reajuste salarial de 2,5% que já havia sido negada anteriormente e, diante da negativa por parte do sindicato, a outra parte se retirou da reunião. “Isso foi uma falta de respeito com os trabalhadores. Por isso, fizemos esse protesto, como forma de reivindicarmos o ajuste.”

Durante todo o fim de tarde, passageiros se aglomeraram em diversos pontos da cidade à espera de ônibus, que não chegaram até o fim do dia. O movimento de trabalhadores e estudantes tentando voltar para casa foi intenso, especialmente nas principais vias do Centro. Muitos precisaram buscar alternativas, como o uso de transporte por aplicativo, que registrou aumento na demanda.

A passageira Ruth Moreira, de 66 anos, afirmou à Tribuna que ficou no ponto de ônibus, à espera da normalização do serviço, durante todo o período de paralisação, para retornar para a casa. Cardiopata, recém-operada, Ruth mora no Bairro Nova Califórnia, na Cidade Alta, e havia ido ao dentista. Ao sair, ela foi pega de surpresa pela paralisação e reclamou sobre a falta de aviso. “Eles deviam ter avisado a gente primeiro. Eu sou cardiopata, estou com o peito aberto e não posso ficar aqui em pé, tenho que tomar remédio. Isso é uma falta de respeito com a gente, morador, não com eles.”

Outros dois passageiros que também aguardavam no ponto e preferiram não sr identificados também reclamaram da suspensão repentina do serviço, mas deram razão aos trabalhadores. “Eles têm que receber. Manda voltar o trocador para o ônibus, porque eles ficam trabalhando sozinhos. Aqui já tem pouco ônibus. As pessoas saem cansadas do serviço e têm que pegar ônibus lotado. Não pode acontecer isso”, analisou um. “Eles tinham pedido 12,5% de aumento, receberam 2,5%. Isso é justo? É ruim para a gente que tem que ficar esperando, mas também é ruim para eles que são desvalorizados”, opinou o outro. 

Negociações

Em nota, o Consórcio Via JF reiterou que considera a paralisação ilegal, destacando que ela ocorreu em meio à negociação coletiva e sem o cumprimento das exigências previstas em lei, como aviso prévio e manutenção de parte da frota em circulação. A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), por sua vez, informou ter notificado as empresas responsáveis, cobrando a retomada imediata da operação.

Após a retomada da operação dos ônibus na cidade, na noite desta quinta, o presidente do Sinttro/JF, Vagner Evangelista, afimou que sindicato já tem uma reunião marcada para a próima quarta-feira (30), às 10h, no Ministério do Trabalho. “A gente vai à reunião e vamos convocar o Poder público para acompanhar. É dever deles dar uma satisfação para nós, trabalhadores, que movemos a cidade. Também vamos convocar os empresários para conversar. Na quinta-feira (31), teremos também uma assembleia com a categoria para levarmos o resultado dessa reunião.”

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