Escolas têm dia tranquilo, mas com menos alunos

Além das ações culturais desenvolvidas nas escolas, dia marcado por ameaças em redes sociais teve reforço na segurança com maior policiamento


Por Tribuna

20/04/2023 às 19h45

ESCOLAS Dilermando Martins Credito Jane Braga
Na Escola Municipal Doutor Dilermando Martins, alunos deram um abraço simbólico pela paz nas escolas e na sociedade (Foto: Jane Braga)

A quinta-feira (20) foi marcada pelo reforço de ações de segurança nas escolas de Juiz de Fora. Seja por parte da polícia ou das próprias instituições, a intenção era combater ameaças de supostos ataques que circularam nas redes sociais os últimos dias. Com a vigilância redobrada, o dia seguiu sem nenhum incidente. Até o fechamento desta edição a Polícia Militar (PM) não havia registrado nenhuma ocorrência em escolas da cidade. Como forma de resistência, alguns colégios resolveram usar a data para promover eventos culturais que reforçassem a educação, a arte e a empatia.

Apesar dos esforços, uma ausência maior do que a habitual foi notada por algumas instituições. A Tribuna entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação (SE), que afirmou, em nota, que a participação dos alunos foi maciça, mas que não teria como informar os números do comparecimento. No entanto, a reportagem conversou com professores da rede municipal que apontaram participação média de 50% na sala de aula, sendo a ausência maior nas turmas dos ensinos infantil e fundamental.

A Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) informou que as aulas ocorreram normalmente nesta quinta-feira em toda rede e que esse foi um dia especial de acolhimento e ações pela paz em todas as instituições de Minas Gerais. O Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinepe) não soube informar uma porcentagem acerca da participação dos alunos nas aulas desta quinta, mas afirmou que a recomendação era para que as atividades acontecessem normalmente e que nenhuma escola foi fechada.

À Tribuna, a Polícia Militar informou que o patrulhamento no dia D da Proteção Escolar aconteceria até 22h desta quinta, para acompanhar todos os turnos das aulas, inclusive o noturno. Ao longo do dia, viaturas circularam pelas áreas escolares, tendo também policiais militares na porta de algumas instituições. Até o fechamento desta reportagem, nenhuma ocorrência havia sido registrada dentro das escolas.

Vigilância reforçada

Na porta do Conservatório Estadual de Música Haidée França Americano, a sargento Viviane Esteves ficou responsável pela averiguação do local. Ela explicou que os serviços administrativos da Polícia Militar foram remanejados para que o policiamento fosse intensificado, e que as viaturas circulariam próximo às escolas de Juiz de Fora ao longo de todo o dia. “É possível ver mais policiais na rua, a pé ou em viaturas, estando presente nas entradas e saídas das escolas, e durante todo o dia letivo”, afirma. Além disso, ela acrescentou que, para dar conta da demanda, os cursos de treinamento foram pausados para que fosse possível incrementar todo o efetivo nas ruas da cidade.

A recomendação da PM é “não estimular a desinformação”, principalmente através da divulgação de mensagens, vídeos e fotos que possam causar pânico desnecessário. A sargento acrescentou, ainda, que muitos pais a procuraram na entrada da escola, e que se sentiram mais protegidos com a medida.

Mesmo com a recomendação da Secretaria de Educação para os alunos comparecerem às escolas e as atividades escolares funcionarem normalmente, alguns colégios de Juiz de Fora tiveram as aulas interrompidas. Foi o caso do João XXIII e Delfim Moreira, por exemplo, que de acordo com a PM estavam fechados durante o policiamento.

‘Dia do acolhimento pela paz’ na rede estadual

A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) organizou, durante a data, o “Dia do acolhimento pela paz”, que funcionou juntamente às aulas nas escolas da rede pública em Juiz de Fora. O objetivo foi sensibilizar e envolver toda a comunidade escolar para o fortalecimento da cultura da paz e prevenção à violência em escolas. Nessa perspectiva, a Secretaria comunicou que enviou cartilha com orientações para mobilizar os estudantes e sugerir atividades para trabalhar as habilidades socioemocionais dos estudantes, trazendo temas relacionados à empatia, responsabilidade, diálogo e cooperação.

Foram realizadas dinâmicas pautadas na “escuta ativa” para a reflexão e o suporte à comunidade sobre os recentes episódios de violência em escolas brasileiras, mantendo o foco na aprendizagem e reforçando o acolhimento. Na Escola Municipal Emílio Esteves dos Reis, no distrito de Humaitá, segundo a professora Maria Angélica Rodrigues Defilipo, os docentes trabalharam a temática da cultura da paz. Os alunos dos anos finais da instituição foram estimulados a produzir cartões com mensagens relacionadas ao tema.

Escolas particulares realizam ações lúdicas

No Colégio Cave, o 20 de abril foi celebrado como “Dia de gente feliz”. Os alunos foram recebidos um a um com abraços de professores e funcionários na porta do colégio. Uma banda formada por estudantes da instituição providenciou a música para a recepção. Na rede de ensino Conexão, a data foi chamada de “O dia do amor” e contou com palestras ao longo de toda a semana sobre o tema. De acordo com Ana Paula Santiago, coordenadora socioemocional da rede, o objetivo era ir na direção contrária dos ataques e das ameaças e “trabalhar virtudes e valores como o amor”.

A coordenadora afirmou, ainda, que ao longo do dia os alunos foram recepcionados com segurança, cumprindo as inspeções de rotina, com o uso de catracas. “Entendemos que sentir medo é normal, mas o pânico, não. Nenhuma tensão foi sentida pelos alunos”, diz. Ana Paula também revela que, na data, o número de ausentes entre os estudantes girou em torno de 70% a 80%, o que indica, em sua visão, a confiança das famílias e dos alunos na segurança da instituição.

Na escola Sarah Dawsey a campanha ocorreu ao longo de toda semana. Intitulada como “Projeto laços”, a agenda foi voltada para saberes e práticas de um “mundo pacífico e fraterno”, como informou em nota enviada à Tribuna. A abordagem contou com temas como comportamento, ações não-violentas, respeito às diferenças, a relação com outro, medidas anti-bullying e, “acima de tudo, o pensamento e atitudes positivas, as relações afetivas, sentimentos como empatia, solidariedade e amor.”

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