Escolas têm dia tranquilo, mas com menos alunos
Além das ações culturais desenvolvidas nas escolas, dia marcado por ameaças em redes sociais teve reforço na segurança com maior policiamento

A quinta-feira (20) foi marcada pelo reforço de ações de segurança nas escolas de Juiz de Fora. Seja por parte da polícia ou das próprias instituições, a intenção era combater ameaças de supostos ataques que circularam nas redes sociais os últimos dias. Com a vigilância redobrada, o dia seguiu sem nenhum incidente. Até o fechamento desta edição a Polícia Militar (PM) não havia registrado nenhuma ocorrência em escolas da cidade. Como forma de resistência, alguns colégios resolveram usar a data para promover eventos culturais que reforçassem a educação, a arte e a empatia.
Apesar dos esforços, uma ausência maior do que a habitual foi notada por algumas instituições. A Tribuna entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação (SE), que afirmou, em nota, que a participação dos alunos foi maciça, mas que não teria como informar os números do comparecimento. No entanto, a reportagem conversou com professores da rede municipal que apontaram participação média de 50% na sala de aula, sendo a ausência maior nas turmas dos ensinos infantil e fundamental.
A Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) informou que as aulas ocorreram normalmente nesta quinta-feira em toda rede e que esse foi um dia especial de acolhimento e ações pela paz em todas as instituições de Minas Gerais. O Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinepe) não soube informar uma porcentagem acerca da participação dos alunos nas aulas desta quinta, mas afirmou que a recomendação era para que as atividades acontecessem normalmente e que nenhuma escola foi fechada.
À Tribuna, a Polícia Militar informou que o patrulhamento no dia D da Proteção Escolar aconteceria até 22h desta quinta, para acompanhar todos os turnos das aulas, inclusive o noturno. Ao longo do dia, viaturas circularam pelas áreas escolares, tendo também policiais militares na porta de algumas instituições. Até o fechamento desta reportagem, nenhuma ocorrência havia sido registrada dentro das escolas.
Vigilância reforçada
Na porta do Conservatório Estadual de Música Haidée França Americano, a sargento Viviane Esteves ficou responsável pela averiguação do local. Ela explicou que os serviços administrativos da Polícia Militar foram remanejados para que o policiamento fosse intensificado, e que as viaturas circulariam próximo às escolas de Juiz de Fora ao longo de todo o dia. “É possível ver mais policiais na rua, a pé ou em viaturas, estando presente nas entradas e saídas das escolas, e durante todo o dia letivo”, afirma. Além disso, ela acrescentou que, para dar conta da demanda, os cursos de treinamento foram pausados para que fosse possível incrementar todo o efetivo nas ruas da cidade.
A recomendação da PM é “não estimular a desinformação”, principalmente através da divulgação de mensagens, vídeos e fotos que possam causar pânico desnecessário. A sargento acrescentou, ainda, que muitos pais a procuraram na entrada da escola, e que se sentiram mais protegidos com a medida.
Mesmo com a recomendação da Secretaria de Educação para os alunos comparecerem às escolas e as atividades escolares funcionarem normalmente, alguns colégios de Juiz de Fora tiveram as aulas interrompidas. Foi o caso do João XXIII e Delfim Moreira, por exemplo, que de acordo com a PM estavam fechados durante o policiamento.
‘Dia do acolhimento pela paz’ na rede estadual
A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) organizou, durante a data, o “Dia do acolhimento pela paz”, que funcionou juntamente às aulas nas escolas da rede pública em Juiz de Fora. O objetivo foi sensibilizar e envolver toda a comunidade escolar para o fortalecimento da cultura da paz e prevenção à violência em escolas. Nessa perspectiva, a Secretaria comunicou que enviou cartilha com orientações para mobilizar os estudantes e sugerir atividades para trabalhar as habilidades socioemocionais dos estudantes, trazendo temas relacionados à empatia, responsabilidade, diálogo e cooperação.
Foram realizadas dinâmicas pautadas na “escuta ativa” para a reflexão e o suporte à comunidade sobre os recentes episódios de violência em escolas brasileiras, mantendo o foco na aprendizagem e reforçando o acolhimento. Na Escola Municipal Emílio Esteves dos Reis, no distrito de Humaitá, segundo a professora Maria Angélica Rodrigues Defilipo, os docentes trabalharam a temática da cultura da paz. Os alunos dos anos finais da instituição foram estimulados a produzir cartões com mensagens relacionadas ao tema.
Escolas particulares realizam ações lúdicas
No Colégio Cave, o 20 de abril foi celebrado como “Dia de gente feliz”. Os alunos foram recebidos um a um com abraços de professores e funcionários na porta do colégio. Uma banda formada por estudantes da instituição providenciou a música para a recepção. Na rede de ensino Conexão, a data foi chamada de “O dia do amor” e contou com palestras ao longo de toda a semana sobre o tema. De acordo com Ana Paula Santiago, coordenadora socioemocional da rede, o objetivo era ir na direção contrária dos ataques e das ameaças e “trabalhar virtudes e valores como o amor”.
A coordenadora afirmou, ainda, que ao longo do dia os alunos foram recepcionados com segurança, cumprindo as inspeções de rotina, com o uso de catracas. “Entendemos que sentir medo é normal, mas o pânico, não. Nenhuma tensão foi sentida pelos alunos”, diz. Ana Paula também revela que, na data, o número de ausentes entre os estudantes girou em torno de 70% a 80%, o que indica, em sua visão, a confiança das famílias e dos alunos na segurança da instituição.
Na escola Sarah Dawsey a campanha ocorreu ao longo de toda semana. Intitulada como “Projeto laços”, a agenda foi voltada para saberes e práticas de um “mundo pacífico e fraterno”, como informou em nota enviada à Tribuna. A abordagem contou com temas como comportamento, ações não-violentas, respeito às diferenças, a relação com outro, medidas anti-bullying e, “acima de tudo, o pensamento e atitudes positivas, as relações afetivas, sentimentos como empatia, solidariedade e amor.”