Policial federal de JF está entre 34 denunciados por tentativa de golpe de Estado
Marcelo Bormevet atuou na equipe de segurança e na Abin durante campanha e governo de Bolsonaro, também acusado da trama pela PGR
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O policial federal de Juiz de Fora Marcelo Araújo Bormevet é um dos 34 acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) – ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – na denúncia do inquérito que apurou a tentativa de golpe de Estado, enviada nessa terça-feira (18) ao Supremo Tribunal Federal (STF). O grupo também responde pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
Segundo a Agência Brasil, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirma que o bando agiu com violência e grave ameaça para impedir o funcionamento dos Poderes da República e para tentar depor o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com a acusação, Bolsonaro contou com aliados, assessores e generais para “deflagrar o plano criminoso”, por meio da divulgação de desinformação contra urnas eletrônicas, afronta às decisões do Supremo e incentivo ao plano golpista, entre outras acusações. Um desses auxiliares seria o policial federal Bormevet, preso em julho do ano passado em uma das fases da investigação que apurou o uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Bolsonaro. De acordo com as investigações, a Abin foi utilizada para favorecer filhos do ex-presidente e fazer ações de vigilância contra ministros do Supremo e políticos opositores.
Bormevet, que faz parte da PF desde 2005, atuou na equipe de segurança do ex-presidente durante a campanha de 2018. Durante esse período, ele teria ganhado a confiança do ex-chefe do Executivo e do delegado da PF Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, sobretudo após sua atuação durante o evento em Juiz de Fora que culminou com a facada desferida contra Bolsonaro, por Adélio Bispo, no Calçadão da Rua Halfeld. Ramagem, durante sua gestão, nomeou Bormevet como chefe do Centro de Inteligência Nacional (CIN) da Abin. As investigações indicam que a estrutura foi usada para monitorar ilegalmente adversários de Bolsonaro.
Confira os denunciados pela PGR por tentativa de golpe de Estado:
1. Ailton Gonçalves Moraes Barros
2. Alexandre Rodrigues Ramagem
3. Almir Garnier Santos
4. Anderson Gustavo Torres
5. Angelo Martins Denicoli
6. Augusto Heleno Ribeiro Pereira
7. Bernardo Romão Correa Netto
8. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
9. Cleverson Ney Magalhães
10. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
11. Fabrício Moreira de Bastos
12. Filipe Garcia Martins Pereira
13. Fernando de Sousa Oliveira
14. Giancarlo Gomes Rodrigues
15. Guilherme Marques de Almeida
16. Hélio Ferreira Lima
17. Jair Messias Bolsonaro
18. Marcelo Araújo Bormevet
19. Marcelo Costa Câmara
20. Márcio Nunes de Resende Júnior
21. Mário Fernandes
22. Marília Ferreira de Alencar
23. Mauro César Barbosa Cid
24. Nilton Diniz Rodrigues
25. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
26. Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira
27. Rafael Martins de Oliveira
28. Reginaldo Vieira de Abreu
29. Rodrigo Bezerra de Azevedo
30. Ronald Ferreira de Araújo Júnior
31. Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros
32. Silvinei Vasques
33. Walter Souza Braga Netto
34. Wladimir Matos Soares
Julgamento no Supremo da tentativa de golpe de Estado
Conforme a Agência Brasil, a denúncia da PGR sobre a tentativa de golpe de Estado será julgada pela Primeira Turma do Supremo, composta pelo relator, Alexandre de Moraes, e os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Se a maioria dos ministros aceitar a denúncia, Bolsonaro e os outros acusados viram réus e passam a responder a uma ação penal no STF. A data do julgamento ainda não foi definida, mas pode acontecer ainda neste primeiro semestre.
De acordo com a Agência, dez pessoas que haviam sido indiciadas pela PF em novembro, na investigação que apurou tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, não foram denunciadas pela PGR. Entre eles, estão o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-assessor da Presidência Tércio Arnaud.
Já outros cinco nomes que não apareceram no documento da PF foram denunciados pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, por tentativa de golpe de Estado. Entre eles está o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques. A acusação também envolve outros militares, entre eles, o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa Braga Netto e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Tópicos: bolsonaro / golpe de estado / PGR / STF