Mais da metade dos juiz-foranos vivem em trechos de ruas sem árvores; 3% das vias são sinalizadas para bicicletas

Censo 2022 também apura que 81% vivem em ruas sem rampas para cadeirantes nas calçadas e em 65% delas há obstáculos; mais da metade não têm ponto de ônibus no entorno


Por Hugo Netto

17/04/2025 às 14h04

Dos 530.114 juiz-foranos que moram em domicílios particulares em Juiz de Fora, 274.207 (51,73%) não vêem uma árvore sequer no entorno de suas residências. O número negativo fica bem acima do padrão nacional, divulgado nesta quinta-feira (17), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios do Censo 2022. Enquanto um a cada dois juiz-foranos vive em trechos de vias desarborizados, é um em cada três brasileiros com este padrão de vida.

Mais da metade dos juiz-foranos vivem em trechos de ruas sem árvores; 3% das vias são sinalizadas para bicicletas
Trecho da Barão de São João Nepomuceno, no Centro da cidade, sem a presença de árvores (Foto: Felipe Couri)

O tamanho da cidade, pelo aspecto populacional, não interfere em nada na viabilidade da arborização. Para efeito de comparação, a paulista São José do Rio Preto, com 501.597 habitantes, e a paranaense Londrina, com 555.965 habitantes, são, respectivamente, a terceira (97,3%) e sexta (96,8%) concentrações urbanas com maior proporção de moradores em áreas arborizadas do Brasil. Ambas são consideradas cidades grandes, assim como Juiz de Fora.

Detalhando as vias que possuem árvores, há o máximo de duas para 20% (108.556) dos moradores, quatro para 8% (46.241), e 19% (101.059)  tem cinco árvores ou mais no seu entorno. Destes, apenas o percentual para o máximo de duas árvores é o mesmo do nacional. Vias com até quatro árvores são 5% a mais no país, e com mais de cinco árvores são 13% a mais do que em Juiz de Fora.

Quarteirões em áreas públicas

O IBGE considerou apenas arborização em áreas públicas, ou seja, excluiu da contagem árvores em quintal de casas, por exemplo. A definição de entorno é o que o IBGE chama de face de quadra (ou quarteirão). Cada face pode ser entendida como um pedaço do quarteirão onde fica o domicílio, por exemplo, de uma esquina a outra. Isso significa que todos os aspectos relatados na pesquisa precisavam estar no trecho da rua em que os moradores residiam para serem considerados.

Já as vias sinalizadas para bicicletas – outro aspecto importante para um ambiente mais limpo e sustentável nas cidades – são apenas 3%, em Juiz de Fora. Neste caso, o número é baixo no geral. De todo o Brasil, 1,9% da população pesquisada tem sinalização para bicicletas em suas vias, sejam ciclovias, ciclofaixas, placas ou pinturas no chão.

LEIA TAMBÉM: Juiz de Fora recebe título da ONU de ‘Cidade Árvore do Mundo’

Obstáculos nas calçadas e falta de rampas

Não há rampa para cadeirantes no trecho da rua em que 81% (430.620) dos juiz-foranos moram. Já obstáculos, como vegetação e equipamento urbano que não deixam espaço para a passagem das pessoas, são enfrentamentos diários de 349.127 (65%) moradores, próximo a suas casas. Também são consideradas calçadas quebradas, com buracos ou desníveis e com entradas de estacionamento irregulares.

Mas o passeio nem sequer existe para 7% dos entrevistados, quase 37 mil. Bueiros também faltam no trecho em que moram 162 mil, ou 30%. Completando o que falta em alguns pontos, a maioria (272.544) é quem precisa se deslocar a outro trecho ou via para pegar ônibus, pois os pontos estão localizados no entorno de 48% das moradias.

Os últimos dados da pesquisa trazem ainda que a pavimentação e a iluminação pública estão presentes em quase todas as vias. A primeira, ainda não está na proximidade de 10 mil (1,91%) moradores , enquanto a segunda não chegou para 5.890 (1,11%) juiz-foranos.

Por fim, também existem informações sobre a capacidade máxima de circulação das vias. Caminhões e ônibus podem trafegar em quase 94% das localidades, carros e vans em 4%, e apenas motocicletas, bicicletas ou pedestres, em 2%.

A Tribuna entrou em contato com a Prefeitura de Juiz de Fora, se colocando à disposição para acrescentar um posicionamento. Até o momento, não houve retorno.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.