Policial penal é indiciado por homicídio após morte de menina baleada em briga de trânsito
Criança de 10 anos não resistiu a ferimentos após um mês de internação
A Polícia Civil concluiu o inquérito que apura a morte de Lavínia Freitas de Oliveira e Souza, de 10 anos, baleada na cabeça durante uma suposta briga de trânsito, ocorrida no dia 15 de junho, na zona rural de Porto Firme, cidade da Zona da Mata próxima à Viçosa. O responsável pelo disparo é um policial penal, que está preso desde o dia 17 de junho. Com o óbito da menina, ocorrido na madrugada desta quarta-feira (16), o atirador será julgado por homicídio qualificado consumado, além de tentativa de homicídio qualificado contra o pai da criança, o qual também estava no carro no momento do crime.
O inquérito, conduzido pela Delegacia de Polícia Civil de Piranga, indica que o agente de segurança realizou oito disparos de arma de fogo contra o veículo em que estavam Lavínia e o pai, após um desentendimento no trânsito. De acordo com a investigação, não houve ameaça por parte das vítimas, e a legítima defesa foi descartada. A arma usada, uma pistola Taurus calibre .38, registrada no nome do autor dos disparos, e laudos periciais confirmaram a compatibilidade dos disparos com os ferimentos da vítima.
Na ocasião, Lavínia foi atingida na região temporal da cabeça, resultando em uma perfuração do lado temporal direito, saindo pelo lado esquerdo. Ela foi levada pelo próprio pai ao Hospital São João Batista, em Viçosa. Depois, foi transferida pelo Samu ao Hospital Arnaldo Gavazza, em Ponte Nova, e, três dias depois, à Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, onde permaneceu internada em estado grave no CTI infantil.
Relembre o caso
O pai da criança, Marcelo Oliveira, contou à Polícia Militar que dirigia pela estrada próximo à comunidade de Vinte Alqueires quando um veículo cinza passou a fazer manobras arriscadas após ter sido ultrapassado. Quando parou para acessar a MGC-482, o condutor do outro veículo disparou diversas vezes contra o carro de Marcelo e fugiu.

Segundo a Polícia Civil, o policial penal foi indiciado por duplo homicídio qualificado, com base no motivo fútil e uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas, configurando concurso material. Inicialmente, ele foi autuado por tentativa de homicídio, mas a Justiça foi comunicada da morte da menina, o que alterará a tipificação para homicídio consumado qualificado.
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) confirmou que o agente segue preso na Casa de Custódia do Policial Penal e do Agente Socioeducativo, em Matozinhos, e responde a procedimento interno na Corregedoria, ainda em andamento. De acordo com a apuração realizada pela Tribuna na manhã desta quarta-feira, ele continua a receber salário enquanto o caso ainda estiver em investigação da Corregedoria.
Em nota, a Sejusp ressaltou que não compactua com desvios de conduta e que todas as suspeitas são investigadas com o devido rigor legal, garantindo o contraditório e a ampla defesa. Até o fechamento desta edição, a defesa do suspeito não havia se manifestado.
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