Furtos de cabos elétricos e arrombamentos crescem 24% na região central de Juiz de Fora
Polícia aponta aumento da população em situação de rua e reincidência como fatores para alta nos registros
As ocorrências de furtos de cabos elétricos e arrombamentos na região central de Juiz de Fora aumentaram 24% entre maio e julho de 2025, em comparação ao mesmo período do ano passado. Segundo a Polícia Militar, 63 pessoas foram presas por furtos no trimestre, o que representa alta de 46% nos meses analisados. Apenas na última semana, foram registrados cinco furtos de cabeamento, com nove presos.
De acordo com a corporação, o crescimento está ligado, principalmente, ao aumento do número de pessoas em situação de rua e usuários de drogas que permanecem na região central, além da baixa manutenção das prisões de autores reincidentes.
O cenário coincide com a intensificação de debates e ações voltadas à segurança e à assistência social. Em maio, representantes da Prefeitura, comerciantes e entidades discutiram o crescimento da população em situação de rua e a vulnerabilidade associada ao consumo de entorpecentes, em encontro promovido pela PM. No mês seguinte, foi anunciada a instalação de totens com câmeras de inteligência artificial, integradas ao Sistema de Videomonitoramento (SIV), para reforçar a vigilância no Centro Histórico.
Apesar dessas iniciativas, a PM aponta que os registros continuam em alta, impulsionados por ocorrências recorrentes na região central. Entre os casos mais recentes estão furtos de cabos que afetaram o funcionamento de semáforos e tentativas de violação de caixas de energia, alguns praticados por suspeitos já conhecidos das forças de segurança.
Casos recentes no Centro
Durante uma patrulha, realizada na madrugada da quinta-feira (7), a Polícia Militar de Juiz de Fora flagrou um homem cortando o cabo de um poste de energia. O autor da tentativa de furto foi encontrado em posse de um pedaço do cabo, um pedaço de cobre e uma serrinha. Na noite seguinte, dois homens foram surpreendidos tentando furtar cabos de uma caixa subterrânea, utilizando uma faca. Um deles já havia sido preso por roubos na região, segundo a PM.
No último domingo (10), dois suspeitos tentaram violar a caixa de energia de um prédio para retirar cabos. Um deles é conhecido por crimes semelhantes. Na segunda-feira (11), dois homens cortaram cabos que alimentavam um semáforo, deixando-o inoperante. Um dos envolvidos já tinha histórico de furtos.
Um caso semelhante foi flagrado pelos policiais que patrulhavam as ruas do Centro no domingo (10). Na ocasião, dois homens tentaram violar a caixa de energia de um prédio para furtar os cabos utilizando serras. Um dos autores é conhecido entre os agentes por praticar roubos. Outra tentativa de furto de cabos ocorreu na manhã da última segunda-feira. Dois homens cortaram cabos que alimentavam um semáforo, deixando-o inoperante. Um dos envolvidos já tinha histórico de furtos.
Na quarta-feira (13), a corporação localizou o autor de um furto a um estabelecimento comercial no Centro. Segundo o boletim de ocorrência, o homem teria usado uma pedra para quebrar a porta de vidro e entrar no local. Os policiais conseguiram encontrar o suspeito, que anteriormente havia cometido outros delitos na região, e recuperaram o aparelho roubado. O homem, então, foi preso e encaminhado à delegacia de plantão.
Ações e diagnósticos da Polícia Militar
O terceiro-sargento Vitor Albuquerque, gestor das Redes de Proteção Preventiva da 30ª Companhia da PM, informou que o aumento de 24% foi identificado por levantamento estatístico e por relatos recebidos via grupos de comunicação com a comunidade. Ele aponta que a estimativa é que cerca de 1.200 pessoas vivam hoje nas ruas de Juiz de Fora, e que a maioria é dependente química.
Segundo o sargento, parte dessas pessoas se organiza, principalmente na madrugada, para furtar e revender objetos, financiando o consumo de drogas.
Para conter os delitos, a PM informou que tem reforçado patrulhamentos no período noturno, realocado efetivos e ampliado a atuação da Rede de Proteção Preventiva. Há ainda encaminhamentos para tratamento de dependência química e retorno a cidades de origem, com apoio de órgãos como Prefeitura, Poder Judiciário e Câmara Municipal.
O sargento afirma que agentes de outros serviços são realocados para trabalhar no combate durante o período da madrugada, quando há maior incidência. Também são ampliadas, segundo ele, as atividades da Rede de Proteção Preventiva do município. “Quanto maior o contato com a comunidade que vive na região, mais informações são trazidas, fazendo com que nosso trabalho tenha maior eficácia”.
Outra ação envolve o contato e o acompanhamento das pessoas em situação de rua e dos usuários de drogas. Segundo o sargento, aqueles que desejam fazer tratamentos para se recuperar da dependência química ou que queiram voltar para casa, recebem encaminhamento. “É uma iniciativa da Polícia Militar, mas nós estamos inserindo a Prefeitura, o Poder Judiciário e a Câmara dos Vereadores, órgãos importantes para que essas ações tenham eficácia”, afirma.
PJF afirma trabalhar para garantir acesso à cidadania
Em nota, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), por meio da Secretaria de Assistência Social (SAS), afirmou que o desafio da gestão pública é garantir que essas pessoas tenham acesso à cidadania da forma que precisarem. Segundo o órgão, a equipe de abordagem social vem atuando nas ruas, praças e outros espaços públicos no horário entre 7h e meia-noite. Nessas abordagens são realizados encaminhamentos para casas de passagem, o Centro Pop e unidades de acolhimento.
Além disso, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, são oferecidos cursos profissionalizantes e oficinas em parceria com a InteCoop/UFJF, todos abertos para pessoas em situação de rua, com o objetivo de criar oportunidades de retorno ao mercado de trabalho.
Ainda de acordo com a Administração municipal, a Secretaria conta com 11 unidades do Cras, porta de entrada do sistema de proteção social; três unidades do Creas, voltadas à proteção de famílias e indivíduos com direitos violados; um Centro Pop e um Nupop, centros de referência para a população em situação de rua.
“Serviços como casas de passagem, acolhimentos 24h e hospedagem em hotel funcionam como estratégias de acolhimento institucional e abrigo para esse público. Destacamos o Programa Auxílio Moradia como uma referência na construção de novas alternativas de moradia. Com relação à alimentação, são distribuídas cerca de 4 mil refeições diariamente para pessoas em situação de vulnerabilidade. No segundo semestre de 2025, iniciamos um novo projeto no Restaurante Popular”, destaca o texto.
