Carnaval de Juiz de Fora perde José Carlos Campos, fundador da Real Grandeza

Fundador marcou décadas da folia juiz-forana com dedicação e rigor.


Por Mariana Souza*

14/08/2025 às 17h34

Morreu, nesta quinta-feira (14), aos 76 anos, José Carlos Campos, fundador da tradicional escola de samba Real Grandeza.

Ao lado dos irmãos Gílson e Paulo de Araújo Campos, já falecidos, José Carlos participou da criação do Bloco Carnavalesco Real Grandeza, em 31 de março de 1966. O grupo surgiu a partir de foliões dissidentes do Bloco das Margaridas, que optaram por formar uma nova agremiação sem caráter competitivo, promovendo desfiles e até um futebol à fantasia pelas ruas da cidade.

Em 1967, durante a administração de Itamar Franco, que não organizou o carnaval oficial, cerca de 25 integrantes do bloco desfilaram informalmente pela Rua Halfeld, no Centro, nas cores azul, branco e vermelho. O desfile consolidou a presença da Real Grandeza na folia local.

Após um período de inatividade, em 1974, moradores da Avenida Sete de Setembro reativaram a agremiação, agora como escola de samba. A nova diretoria tinha o então vereador Lincoln Brandi como presidente e José Carlos como 1º tesoureiro. Na estreia como escola, desfilou com o samba-enredo “O circo”.

A residência da família Campos, na Avenida Sete de Setembro, tornou-se ponto de encontro da comunidade carnavalesca. José Carlos permaneceu na direção até o fim da década de 1990, quando passou o comando para novas gerações, mas continuou atuando nos bastidores, apoiando as gestões do sobrinho Robson Santos Campos e do amigo Fernando Luiz “Baleia” Baldiotti.

Fora do carnaval, trabalhou no extinto Banco Mercantil de São Paulo, onde se aposentou.

Amigos relembram dedicação ao carnaval

Amigo e integrante da escola, na década de 1970, Luiz Eduardo da Silva Schmitz, o Schmitinho, lembra da postura firme do fundador. “Era muito rígido em tudo. Como tesoureiro, ajudou demais, mas para arrancar dinheiro dele não era fácil. Nos desfiles, atuava como cronometrista junto à Funalfa”, relembra.

Segundo Schmitinho, José Carlos evitava a ala da diretoria para se dedicar à cronometragem do desfile. “Era um excelente amigo, parceiro para todos os momentos e muito festeiro. Gostava mais de ajudar a escola do que aparecer.”

“O Real Grandeza está sentindo a perda do dirigente que prestou grande serviços à escola e ao carnaval de Juiz de Fora,” disse o presidente do Conselho Deliberativo, Fernando Luiz “Baleia” Baldioti.

* Estagiária sob supervisão da editora Gracielle Nocelli

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