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Onça-pintada é transferida, mas Jardim Botânico só deve reabrir em duas semanas

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Foto: Marcos Perobelli / UFJF
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Apesar de a onça-pintada ter sido capturada na noite deste domingo (12), o Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) deve permanecer fechado pelas próximas duas semanas. Isto porque o conselho técnico do espaço inicia, nesta segunda-feira (13), as discussões para sua reabertura, envolvendo questões administrativas e estruturais. A informação foi dada em coletiva de imprensa realizada pela UFJF. O animal já foi transferido para uma área de proteção ambiental, cuja localização não foi divulgada pela UFJF, e deve continuar sendo monitorado por um ano. Ele teria sido levado para uma área florestal ampla, em Minas Gerais, juntamente com outros quatro bichos da mesma espécie.

Segundo a UFJF, a onça foi pega às 20h27 de domingo, por meio de uma armadilha de caixa, posicionada em uma trilha próxima a um lago do Jardim Botânico. Ainda conforme a instituição, o estado de saúde do animal é considerado bom. A onça foi levada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), acompanhada pela equipe técnica do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap/ICMBio) e dos pesquisadores da UFJF, para uma área florestal ampla, distante de área urbana. Entretanto, o local será mantido em sigilo, a fim de evitar interesse de caçadores ou outros agentes que possam oferecer riscos ao animal.

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De acordo com a pró-reitora de extensão da UFJF, Ana Lívia Coimbra, foi confirmado que a onça é macho. Além disso, segundo exames realizados na noite de domingo, o felino é robusto, estava com todos os dentes e não apresentava machucados, o que significa que ele não enfrentou outro indivíduo da mesma espécie, confirmando a hipótese de que estava na área do Jardim Botânico de passagem e sozinho.

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A onça-pintada aparenta ter cerca de 4 anos de idade, estando, então, no início do período reprodutivo. Ela pesa 51,6 quilos e possui 1,81 metros de comprimento. Ainda conforme Ana Lívia, foram coletadas amostras de sangue, urina e pelo, as quais estão sendo analisadas pela UFJF e pelo Cenap. “Ele foi para área de proteção ambiental, onde existem outros exemplares de felinos como ele, para que haja possibilidade de cruzamento da espécie, portanto, manutenção da vida dela. Seguindo protocolos da política de proteção e conservação de onças-pintadas no Brasil, esse local não será divulgado, mas o que podemos indicar é que é uma área de Mata Atlântica, onde ele vai ter todo o acompanhamento de pesquisadores”, destacou a pró-reitora.

Integração entre órgãos para criar estratégias

Pesquisadores avaliaram saúde do felino, que é macho, pesa 51,6 quilos e tem 1,81 metros de comprimento (Foto: Marcos Perobelli/Divulgação UFJF)

Desde o aparecimento da onça-pintada no Jardim Botânico da UFJF, no dia 25 de abril, dentre as diversas ações da instituição, foi organizada uma comissão interinstitucional, a fim de coordenar as atividades em relação ao aparecimento do felino. O reitor Marcus David destacou esse trabalho de integração entre agentes ambientais e de segurança como fundamental para o êxito na proteção do animal e da população. Além disso, o princípio de transparência também norteou as ações da instituição, tranquilizando a população juiz-forana e despertando a consciência de educação ambiental.

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Atuaram na comissão representantes de diversos órgãos: da UFJF, por meio da Pró-reitoria de Extensão, do Jardim Botânico, do Departamento de Zoologia, do Colégio de Aplicação João XXIII e da Diretoria de Imagem Institucional; da Prefeitura de Juiz de Fora, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano e da Secretaria de Comunicação Social; do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); do Instituto Estadual de Florestas (IEF); da Polícia Militar de Meio Ambiente; do Corpo de Bombeiros; e do Campo de Instrução do Exército em Juiz de Fora. Além disso, desde a última quarta-feira (8), um pesquisador da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e outros dois veterinários reforçaram a equipe. Cerca de 60 pessoas participaram dos trabalhos de monitoramento, captura e segurança da onça em Juiz de Fora.

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“Uma equipe de pesquisadores de instituições públicas foi responsável por definir todas as estratégias na condução desse trabalho. Como reitor de universidade pública, eu não poderia deixar de registrar que, mais uma vez, as universidades públicas estão cumprindo seu papel junto à sociedade. O papel de oferecer conhecimento para que a sociedade possa enfrentar os seus desafios, de oferecer educação ambiental no sentido de desenvolvimento da nossa sociedade, de oferecer as melhores tecnologias para enfrentar um desafio como esse, onde nós conseguimos fazer a captura do animal com toda a segurança e transportá-lo para um lugar mais apropriado para o seu desenvolvimento”, ressaltou o reitor Marcus David.

Jardim Botânico deve reabrir em duas semanas

O aparecimento da onça-pintada levou ao fechamento temporário do Jardim Botânico. Mesmo capturada, o processo para reabertura do espaço deve levar até duas semanas, de acordo com o diretor do Jardim Botânico, Gustavo Soldati. Os trabalhos para retomada das atividades se iniciam a partir desta segunda-feira. O conselho técnico do espaço irá se reunir e, também, conversar com a comunidade no entorno.

Ainda conforme Soldati, a presença da onça ressaltou a importância do Jardim Botânico para Juiz de Fora, relacionada à educação ambiental como pilar central do espaço.

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“O Jardim Botânico, hoje, é fundamental para a cidade de Juiz de Fora, quanto a um processo educativo. Esse caso da onça prova, de forma clara, que o Jardim Botânico conseguiu estabelecer um diálogo claro e franco com a sociedade, com a educação ambiental como plano de fundo.”

A onça-pintada deve ser, ainda, incluída no projeto pedagógico do Jardim Botânico. “Nós temos hoje, no Jardim Botânico, cinco roteiros de visitação ambiental, e a onça vai ser incorporada nesse roteiro – não na forma de tornar essa onça um ‘pet’, que não é o objetivo – mas com elementos para que todos nós, enquanto sociedade, trabalhemos a questão da coexistência entre nós seres humanos e os animais silvestres. Esse vai ser um norte que nós vamos levar também para o Jardim Botânico”, afirma a pró-reitora de extensão da UFJF, Ana Lívia Coimbra.

Patrulhas foram criadas para garantir segurança

Desde sua primeira aparição no Jardim Botânico, a onça-pintada já foi flagrada em diferentes pontos da cidade, como em um hotel localizado ao lado da Mata do Krambeck, no Bairro Industrial, em uma ponte às margens da Mata e, supostamente, em um galinheiro na Zona Norte. Por conta disso, a UFJF reforçou orientações de segurança, além de atuar juntamente com outros órgãos, como a Polícia Militar de Meio Ambiente.

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De acordo com o Capitão Flávio Campos, a Polícia Militar de Meio Ambiente lançou patrulhas no entorno do Jardim Botânico, especialmente entre 18h e 6h, período de maior atividade do felino, a fim de reforçar a segurança da população, bem como garantir a integridade física do animal. “Além do trabalho de preservação da flora e da fauna, nós também não deixamos de trabalhar na questão de segurança pública. Dentro dessa missão, desenvolvemos estratégias justamente buscando a segurança da equipe de técnicos e biólogos que estavam fazendo o trabalho para capturar a onça, dando tranquilidade e apoio necessário.”

Dentro do Jardim Botânico, durante os trabalhos de monitoramento do animal e de sua captura, os pesquisadores contaram também com o apoio do Campo de Instrução do Exército – Centro de Educação Ambiental e Cultura, segundo o Coronel Tigre Maia. “O Exército fez um apoio logístico para que os pesquisadores pudessem ficar alojados durante esse período – já que não tinha muita estrutura na parte administrativa do Jardim Botânico – além de, em parte, no apoio técnico.”

O processo para reabertura do espaço deve levar até duas semanas, de acordo com o diretor do Jardim Botânico, Gustavo Soldati. Os trabalhos para retomada das atividades se iniciam a partir desta segunda-feira. O conselho técnico do espaço irá se reunir e conversar com a comunidade no entorno. Além disso, serão analisadas questões estruturais do espaço, modificado no período em que os especialistas monitoraram o comportamento do felino.

“A casa administrativa, por exemplo, foi convertida em um centro da discussão dos técnicos, então a gente precisa voltar ao que era normal. Estamos planejando para que o Jardim Botânico seja reaberto com todas as atividades a serem desenvolvidas”, exemplificou. Além desta regularização, as instalações de armadilhas fotográficas e para a captura do animal também serão retiradas.

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