Oito são indiciados por crimes diversos e incêndio em ônibus na Vila Esperança II

Além de suspeitos, adolescente de 17 anos foi identificado por ajudar a colocar fogo no coletivo após abordagem policial no bairro


Por Leticya Bernadete

13/02/2023 às 16h18- Atualizada 13/02/2023 às 17h18

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Delegado Rodolfo Rolli (à esquerda) detalhou investigação da Polícia Civil (Foto: Leticya Bernadete)

A Polícia Civil concluiu o inquérito que investiga uma abordagem policial ocorrida em agosto do ano passado no Bairro Vila Esperança II, na Zona Norte de Juiz de Fora. No total, oito pessoas foram indiciadas, sendo sete delas por desacato, desobediência, resistência e ameaça, e uma pelo incêndio ocorrido em um coletivo. Além disso, um adolescente de 17 anos também foi identificado por ajudar a colocar fogo no ônibus. A apuração foi detalhada pelo titular da 3ª Delegacia da Polícia Civil em Juiz de Fora, Rodolfo Rolli, durante entrevista coletiva à imprensa realizada na tarde desta segunda-feira (13).

O caso em questão ocorreu no dia 14 de agosto, durante uma abordagem policial no bairro. Na ocasião, imagens de uma câmera de segurança registraram o momento em que policiais militares (PM) armados abordaram seis homens parados na calçada e ordenaram que encostassem na parede.

Conforme Rolli, as investigações apontam que dois policiais da PM realizavam patrulhamento na região quando teriam sido ameaçados e recebidos “de maneira áspera” pelos suspeitos. Diante da situação, os militares solicitaram reforço para realizarem a abordagem. “Nesse primeiro momento, a ação dos policiais militares foi legítima e correta, de acordo com as diretrizes operacionais tanto da Polícia Civil como da Polícia Militar”, disse o delegado.

Na data da ocorrência, as imagens da câmera de segurança ainda mostraram que, diante das reações hostis dos suspeitos, um policial disparou uma bala de borracha, que atingiu o rosto de um deles. A situação causou revolta entre os moradores e, no meio da confusão, um militar teria tentado evitar uma possível agressão jogando um pneu contra outro abordado, que caiu inerte no chão após ter sido atingido na cabeça.

Mais tarde, naquele mesmo dia, os bombeiros registraram um incêndio em um coletivo na Rua Custódio Lopes de Mattos. Os passageiros foram obrigados a desembarcar e, em seguida, um grupo ateou fogo. A ação teria contado com barricadas e ruas interditadas e teria sido uma resposta à ação militar.

Conforme Rolli, os suspeitos de causarem o incêndio, um homem e um adolescente, teriam seguido ordens do crime organizado. A identificação foi possível a partir da apreensão do celular de um dos envolvidos. “Eles atearam fogo no coletivo a mando de alguns traficantes da região e demais delinquentes que ali agem”, detalhou o delegado.

Investigação

Ainda segundo Rolli, no momento, a Polícia Civil aguarda apenas um laudo do Instituto de Criminalística em Belo Horizonte, que irá apontar se as imagens de uma câmera de segurança, que circularam na época, foram adulteradas.

Ainda segundo o delegado, todos os suspeitos indiciados possuem passagem anterior pela polícia por tráfico de drogas, associação ao tráfico de drogas, homicídio, tentativa de homicídio e roubo a mão armada.

MP denunciou sete PMs por ação

Em novembro do ano passado, o Ministério Público denunciou sete policiais militares lotados no 27º Batalhão à 2ª Auditoria de Justiça Militar por suspeita de crimes de abuso de autoridade, lesão corporal, exposição da vida de criança a risco e falsidade ideológica na confecção do Registro de Evento de Defesa Social (Reds), como é denominado atualmente o antigo Boletim de Ocorrência.

Conforme a denúncia do MP, os cidadãos abordados, inicialmente, “em momento algum oferecem resistência às ordens dadas pelo militares, inclusive, quando da abordagem, estavam apenas consumindo cerveja na calçada, tratando-se de um domingo de comemoração do Dia dos Pais”. Na ocasião, o promotor Hélvio Simões Vidal, da 5ª Promotoria de Justiça do Controle Externo da Atividade Policial, classificou a manobra de “nefasta intervenção” e “ação arbitrária”. Sobre o arremesso de objetos contra os militares, ele pontuou que os populares “agiram licitamente, posto que a ninguém é exigido submeter-se a ações ilegais de agentes públicos no exercício de poder arbitrário”.

Sobre a conduta dos policiais militares durante a ação, o delegado informou que a investigação está a cargo da Justiça Militar. A Tribuna entrou em contato com a Justiça Militar para verificar a situação atual da investigação e aguarda retorno.

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