Grupo de venezuelanos deixa Juiz de Fora depois de quase quatro dias na cidade
Apesar de várias tratativas para ficarem no município, indígenas decidiram, por conta própria, viajar para BH na tarde desta segunda
Os imigrantes venezuelanos indígenas que estavam em Juiz de Fora, há quase quatro dias, decidiram seguir viagem rumo a Belo Horizonte, nesta segunda-feira (12), na tentativa de conseguir melhores condições para um futuro alojamento. Composto por nove adultos e 15 crianças, os imigrantes, que são indígenas da etnia Warao, chegaram em um ônibus rodoviário com origem da cidade de Vitória, no Espírito Santo, e permaneceram alojados, desde então, no Terminal Rodoviário de Juiz de Fora, no Bairro São Dimas, na Zona Norte, que dedicou a capela do local para que os refugiados ficassem em segurança até que conseguissem definir quais seriam seus próximos passos.
Em entrevista à Tribuna, um dos integrantes do grupo que pediu para não ser identificado relatou que a jornada dos imigrantes no Brasil teve início há dois anos, quando atravessaram a fronteira na cidade de Pacaraima, no estado de Roraima. “Nós estávamos antes em Vitória, onde ficamos alguns meses, mas já passamos por algumas cidades da Bahia antes de ir para o Espírito Santo. Lá (em Vitória), a prefeitura disponibilizou um abrigo em boas condições, mas ele era muito pequeno, com dois quartos para todos nós”, explica o indígena, indicando que o movimento de mudança para Juiz de Fora estaria relacionado à procura de melhores condições de vida para o grupo e à intenção de alugar um imóvel maior e mais adequado, a fim de permanecerem juntos.
A questão, entretanto, é que a grande maioria dos 24 imigrantes dos Warao tem como seu único idioma o próprio dialeto da etnia, denominado de maneira homônima ao nome do grupo. Por meio de nota à imprensa, a AMD, administradora da rodoviária, afirmou que “diante do cenário emergencial, a AMD providenciou um espaço para acomodar os refugiados, e, nesse período, entrou em contato com o setor social da Prefeitura para averiguar o que poderia ser feito com os imigrantes”.
No local, a reportagem observou que, além dos diversos itens pessoais dos indígenas que estavam espalhados dentro da capela da rodoviária, o grupo também contava com alguns eletrodomésticos, como um ventilador e uma máquina de lavar. Algumas crianças também brincavam com seus brinquedos no chão do terminal.

De acordo com PJF, grupo decidiu seguir viagem rumo a BH
Após a estadia de quase quatro dias no município, os imigrantes venezuelanos indígenas decidiram seguir viagem rumo à capital mineira, na tentativa de conseguir melhores condições para um futuro alojamento. À Tribuna, um dos integrantes afirmou que, em Belo Horizonte, ele acredita encontrar maior suporte em suas demandas, tendo em vista que o município já abriga outros imigrantes da mesma etnia. Entretanto, quando indagado pela reportagem se o seu grupo iria se juntar com os outros imigrantes que já estão em BH, o indígena negou a possibilidade.
A ida até o próximo destino ficou acertada em uma roda de conversa entre os indígenas e representantes da assistência social da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), que iria custear o valor da passagem aos imigrantes por meio do projeto de atendimento ao migrante venezuelano desenvolvido pelo Executivo Municipal. Antes mesmo da partida dos venezuelanos, em um ônibus fretado pela PJF, que saiu da rodoviária por volta das 18h, desta segunda, a Tribuna flagrou alguns integrantes do grupo que entraram em um táxi e deixaram o terminal rodoviário. Por meio de nota, a PJF alegou que a Secretaria de Assistência Social (SAS) ofereceu alimentação e suporte para os imigrantes venezuelanos, além de também ter auxiliado os mesmos na procura de um imóvel a ser alugado pelos indígenas, conforme desejo deles.