Prefeita decreta estado de emergĂȘncia em JF por conta das chuvas
Com cheia do Rio Paraibuna e problemas em vĂĄrios pontos, MunicĂpio vai pleitear recursos federais e estaduais para mitigar estragos
A prefeita Margarida SalomĂŁo anunciou, nesta terça-feira (11), que irĂĄ decretar estado de emergĂȘncia em Juiz de Fora por conta dos problemas trazidos pelas constantes chuvas que atingiram a cidade nos Ășltimos dias. “Estamos nos preparando para pleitear recursos estaduais e federais para fazer frente Ă s consequĂȘncias desse desastre natural”, afirmou Margarida, em vĂdeo postado nas redes sociais da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF).
Ainda de acordo com a prefeita, a decisĂŁo foi tomada apĂłs a chefe do Executivo e sua equipe realizarem uma vistoria aos locais mais afetados pela cheia do Rio Paraibuna e pelas chuvas intensas, que resultaram em vĂĄrios estragos, como alagamentos, deslizamento de terras e queda de ĂĄrvores, principalmente nesta segunda-feira (10). “Do ponto de vista da calha do Rio Paraibuna, o nĂvel estĂĄ muito alto. Ainda houve essa chuva agora de manhĂŁ, entĂŁo, em alguns lugares a ĂĄgua estĂĄ realmente tocando o chĂŁo das pontes”, considerou Margarida, na manhĂŁ de terça.
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Conforme noticiado pela Tribuna, Juiz de Fora registrou uma forte chuva na tarde desta segunda-feira. A precipitação trouxe como consequĂȘncia novos alagamentos em vĂĄrios pontos da cidade. O Rio do Paraibuna chegou a subir 63 centĂmetros em quatro horas. Por volta das 17h, o nĂvel era de 3,98 metros, apenas 37 centĂmetros abaixo do limite suportado pelas pontes do municĂpio, que Ă© de 4,35 metros. De acordo com a Defesa Civil, esta jĂĄ Ă© a segunda maior cheia do Paraibuna nos Ășltimos 20 anos, cujo nĂvel normal Ă© de 1,40m.
“NĂŁo sĂł Ă© a segunda maior cheia do Rio Paraibuna em 20 anos, como tambĂ©m uma intensidade inĂ©dita de chuvas”, pontuou a prefeita. Ante ao cenĂĄrio, Margarida ressaltou que “Juiz de Fora estĂĄ em emergĂȘncia e ela precisa de socorro do estado e da UniĂŁo (…) Fiz uma visita ao longo da Avenida Brasil e tambĂ©m do Acesso Norte, que estĂĄ interditado, e, de fato, o panorama Ă© que a cidade estĂĄ debaixo d’ĂĄgua”, detalhou a prefeita.
Margarida destacou, por exemplo, a situação do Bairro Industrial. “Onde hĂĄ confluĂȘncia das ĂĄguas do CĂłrrego HumaitĂĄ com o Rio Paraibuna, aquilo virou um lago. Ă uma situação realmente muito triste. Eu me solidarizo com as pessoas que moram naquele lugar, que estĂŁo, hĂĄ tantos anos, vĂtimas deste problema.”
A prefeita destacou ainda que os problemas sĂŁo diversos em vĂĄrios pontos da cidade. “Para vocĂȘs terem uma ideia, ontem (segunda), durante o dia, houve 103 ocorrĂȘncias da Defesa Civil. Das 20h atĂ© as 8h de hoje (terça), a Defesa Civil foi chamada 52 vezes. Estou voltando tambĂ©m do Bairro Linhares, onde houve um deslizamento e um grande comprometimento da Rua Stelina (Rua Stelina Jesus de Oliveira Ponciano). Tem outro desabamento forte tambĂ©m nos TrĂȘs Moinhos”, exemplificou.
Gastos emergenciais sem licitação
Segundo informaçÔes da AgĂȘncia Brasil, Empresa Brasil de Comunicação (EBC), empresa estatal vinculada ao MinistĂ©rio das ComunicaçÔes, estados e municĂpios afetados por desastres naturais devem decretar situação de emergĂȘncia ou estado de calamidade pĂșblica antes de solicitar recursos federais para açÔes de defesa civil. Ainda de acordo com a EBC, o reconhecimento federal deve ser solicitado no Sistema Integrado de InformaçÔes sobre Desastres (S2iD).
“A diferença entre estados de calamidade e emergĂȘncia estĂĄ na capacidade de resposta do Poder PĂșblico Ă crise”, diz material veiculado pela EBC em dezembro de 2021, com informaçÔes do MinistĂ©rio do Desenvolvimento Regional. De acordo com o Decreto nÂș 7.257, de 4 de agosto de 2010, os dois casos preveem uma situação anormal, provocada por desastres, causando danos e prejuĂzos.
No caso da situação de emergĂȘncia, como a colocada pela Prefeitura de Juiz de Fora por conta dos problemas trazidos pelas chuvas, o comprometimento da capacidade de resposta do Poder PĂșblico do ente atingido Ă© “parcial”. O reconhecimento deve ser solicitado pelo governador ou prefeito e reconhecido pelo Governo federal.
Segundo a EBC, apĂłs anĂĄlise das informaçÔes, a equipe tĂ©cnica da Defesa Civil Nacional avalia as metas e os valores solicitados. Com a aprovação, Ă© publicada portaria no DiĂĄrio Oficial da UniĂŁo com a especificação do valor a ser liberado. Com a decisĂŁo, os municĂpios podem ter acesso a recursos federais de forma facilitada, fazer compras emergenciais sem licitação e ultrapassar as metas fiscais previstas para custear açÔes de combate Ă crise.
Os decretos deverĂŁo estar fundamentados em parecer tĂ©cnico do ĂłrgĂŁo de proteção e defesa civil do municĂpio, do estado ou do Distrito Federal, e estabelecerĂĄ prazo mĂĄximo de 180 dias, a contar de sua publicação. No caso de “flagrante a intensidade do desastre e seu impacto social, econĂŽmico e ambiental na regiĂŁo afetada”, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil poderĂĄ reconhecer sumariamente a situação de emergĂȘncia ou o estado de calamidade pĂșblica.
Apoio estadual
No caso do Estado, em dezembro, o Governo de Minas auxiliou cidades em situaçÔes de emergĂȘncia por conta das chuvas com a antecipação do pagamento de parcelas de acordo firmado com a Associação Mineira de MunicĂpios (AMM), referente ao ICMS e ao IPVA, e tambĂ©m do Piso Mineiro de AssistĂȘncia Social. O apoio foi garantido aos municĂpios que decretaram situação de emergĂȘncia, com reconhecimento estadual.
Os valores foram destinados para intensificar o atendimento Ă s famĂlias atingidas e tambĂ©m fortalecer a reconstrução dos estragos causados pelos temporais. Nestes casos, outra frente de atuação foi comandada pelo Departamento de EdificaçÔes e Estradas de Rodagem (DER-MG), com a disponibilização de mĂĄquinas e pessoal para restabelecer os acessos nas localidades que ficaram isoladas em decorrĂȘncia da ação das enchentes.
Chuva contĂnua e Rio Paraibuna preocupam
Em conversa com a reportagem na manhĂŁ desta segunda, a prefeita Margarida SalomĂŁo expressou preocupação com as chuvas contĂnuas jĂĄ que, ao longo dos Ășltimos cinco dias, foram registradas 25% das chuvas esperadas para todo o mĂȘs de janeiro. O principal reflexo disso Ă© o aumento do nĂvel do Rio Paraibuna, situação que mais preocupa a Prefeitura. âNeste momento, estou fazendo o monitoramento para evitar desastres maiores, que pessoas trafeguem em lugares de risco. A corrente do rio estĂĄ muito forte, e vamos manter o acompanhamentoâ, afirma a chefe do Executivo.
A prefeita, na manhĂŁ desta terça, passou por pontos do municĂpio prĂłximos ao Rio Paraibuna para acompanhar o nĂvel do rio. Entre os pontos vistoriados, estĂŁo bairros da Zona Norte, regiĂŁo que mais convive com alagamentos. âO Rio Paraibuna constitui um risco histĂłricoâ, pontua Margarida. âCom essa situação de crise climĂĄtica que estĂĄ vitimando o estado de Minas Gerais e antes atingiu a Bahia, nĂłs vamos ter que tomar providĂȘnciasâ, diz.
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A situação preocupante fez com que a Prefeitura criasse uma âsala de situaçãoâ composta por representantes de diversas secretarias com o objetivo de mitigar os danos. A prefeita destacou que decretou estado de emergĂȘncia no MunicĂpio para agilizar trĂąmites de maior urgĂȘncia para conter os estragos causados pelos temporais. âNĂłs temos uma grande quantidade de pessoas em ĂĄrea de risco. Eu diria que 25% da população mora em ĂĄrea de risco. Em ĂĄreas que podem ser sujeitas a alagamentos ou em regiĂ”es que sĂŁo muito Ăngremesâ, calculou Margarida, em entrevista Ă RĂĄdio TransamĂ©rica Juiz de Fora.
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