JF teve mais de 1.500 furtos e roubos de celulares este ano

Nesta semana, cidade teve 11 registros em apenas 24 horas, chamando atenção para a modalidade criminosa. Em todo o estado, do total de furtos e assaltos, quase 60% têm como alvo os smartphones


Por Vívia Lima

09/08/2018 às 07h25- Atualizada 09/08/2018 às 07h26

Uma onda de furtos e roubos de celulares esta semana em Juiz de Fora chama atenção para este crime, que é preocupante em todo o estado. Só para se ter uma ideia, 56,6% dos registros de todos os furtos e roubos ocorridos em Minas são referentes a smartphones, o que totaliza 16.651 nos quatro primeiros meses do ano. Na cidade, entre janeiro e o último dia 13, 1.510 aparelhos estiveram na mira dos bandidos, o que significa uma média de seis casos por dia. Os números expõem o medo da população de que a violência se torne mais grave, alimentando o clima de insegurança. Os assaltos acontecem sem hora e lugar determinados. E, conforme o medo cresce, a população se aprisiona.

No início desta semana, a cidade contabilizou 11 aparelhos celulares levados em assaltos, em um período de 24 horas entre segunda-feira e terça-feira. Houve crimes à noite, mas também em plena luz do dia como aconteceu com um menino de 11 anos. Às 7h, ele seguia de bicicleta pela Avenida Gabriel Sobreira, no Bairro Ponte Preta, Zona Norte, quando foi rendido por dois criminosos. A dupla roubou a bicicleta e o celular da criança. Um suspeito de 19 anos foi preso. Mas nem sempre os assaltantes são capturados e continuam investindo na modalidade criminosa, aumentando o número de vítimas. Só para se ter uma ideia, levantamento da Tribuna aponta que 8.319 celulares foram furtados ou roubados no município desde o ano de 2016.

Delegada regional Patrícia Ribeiro
Delegada Patrícia Ribeiro lembra que, após a comunicação de furto ou roubo no site, o celular será bloqueado em até 24 horas (Foto: Fernando Priamo/Arquivo TM)

A distração e a vulnerabilidade dos usuários de smartphones são a brecha que os criminosos utilizam para cometer, principalmente furtos, que vêm aumentando na cidade. No ano de 2016, foram furtados 2.079 aparelhos, contra 2.097 no ano passado. Já os roubos – casos em que o bem é retirado com emprego de violência – têm apresentado queda. Foram 1.426 roubos em 2016, o que representa 219 a mais que 2017. Em 2018, estes crimes somaram 394 de janeiro até julho. Uma das formas de impedir o aumento deste tipo criminal é o cerco aos receptadores, alvos frequentes de operações das polícias Civil e Militar e que mantêm este mercado.

Para frear os crescentes casos em Minas Gerais, os usuários terão mais uma opção na hora de bloquear os eletrônicos. Com apenas três cliques e usando o número da linha telefônica é possível inutilizar os aparelhos. O serviço de interrupção do funcionamento deve ser feito por meio do novo sistema on-line Central de Bloqueio de Celulares (Cbloc), hospedado na página da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), que poderá ser acionada por qualquer pessoa, desde que forneça o número do celular e dados pessoais. Para a efetivação, o usuário deverá ter feito o registro da ocorrência em até 48 horas após o crime. O que, conforme a secretaria, aumenta a chance de inutilização do objeto, o que irá inibir o roubo e concomitantemente o valor de mercado de um dos principais objetos utilizados como moeda de troca. Passado o período de 48 horas, qualquer cidadão poderá requerer o bloqueio em unidades das polícias Civil e Militar.

Em três cliques

Antes, para realizar o bloqueio, o usuário precisaria ter em mãos a numeração do Imei (International Mobile Equipment Identity). Entretanto, o número nem sempre é anotado já que, em muitos casos, não se preservam as caixas dos aparelhos. O procedimento teria que seguir para a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), por meio da operadora telefônica. Com o novo serviço, vítimas de furto ou roubo conseguirão garantir o bloqueio do seu aparelho de forma mais ágil, on-line e utilizando apenas o número da linha no processo de apenas três cliques no site da Sesp. Para a conclusão do procedimento, é necessário ter em mãos o número do Registro de Eventos de Defesa Social (Reds), conhecido popularmente como boletim de ocorrências, registrado junto à PM.

Ao bloquear, o cidadão não apenas tem a garantia de que quem cometeu o crime não vai utilizar o celular, acessando informações pessoais como mensagens de texto, fotos dados pessoais de segurança, como caminhos diários salvos em aplicativos com GPS, mas também irá contribuir com a segurança pública. Inutilizados, os aparelhos perdem valor de mercado e ficam menos atrativos para criminosos. O usuário não perderá o número da linha ou benefícios junto à operadora. O bloqueio da linha, inclusive, por não se tratar de procedimento de segurança pública, deve seguir o trâmite normal hoje utilizado pelo dono do celular que foi roubado ou furtado, que é fazer contato junto a cada operadora. Mesmo que o criminoso se desfaça do chip, por meio do cruzamento dos dados entre a Sesp e a Anatel, o celular será totalmente bloqueado.

“O programa não serve para celulares extraviados, apenas para aqueles objetos de crime -furto ou roubo-. Por isso, será solicitado o número do Reds, que deve ter sido registrado em apenas 48 horas. A partir da solicitação, o aparelho será bloqueado em até 24 horas”, ressaltou a delegada regional da Polícia Civil, Patrícia Ribeiro, acrescentando que a instituição realiza operações de combate a esta modalidade criminosa com prisão de autores e de receptadores. Conforme o artigo 180 do Código Penal, a receptação se configura quando comprovada a culpa do agente que adquiriu de terceiros o bem ilícito, com pena prevista de um a quatro anos de reclusão.

Celular Seguro

Outra ferramenta que auxilia na prevenção e consequente diminuição dos crimes em que o alvo principal são os smartphones é o Celular Seguro, desenvolvido pela Polícia Militar de Minas Gerais. Em Juiz de Fora o lançamento do projeto ocorreu em fevereiro deste ano, mas a PM não soube quantificar os cadastros já realizados até agora. A estratégia está apoiada na tecnologia de rastreamento disponível nos celulares. Com o cadastramento por meio do número de registro de Imei – uma espécie de chassi -, será possível fazer uma futura consulta, identificação e devolução desses aparelhos objetos de delitos. O cadastro é feito no site da PM. As informações ficam guardadas em um banco de dados seguro e, quando celulares forem recuperados, será possível encontrar o proprietário, caso este seja cadastrado. Os dados contidos no banco são mantidos em sigilo.

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Major Jovanio Campos afirma que Polícia Militar realiza operações de combate a roubos e receptações em áreas estratégicas (Foto: Leonardo Costa/Arquivo TM)

Aliando inovação e tecnologia, a iniciativa visa ainda facilitar o acesso de todos e inibir as ações delituosas. Os celulares lideram o ranking de objetos furtados na cidade, pela facilidade de ocultação e rápida negociação de venda. Na visão do assessor de comunicação da 4ª Região da Polícia Militar (4ª RPM), major Jovanio Campos, a ferramenta é importante na reversão do quadro criminoso.

“A grande vantagem do cadastro é a própria pessoa sinalizar o crime e a possibilidade de a PM ter acesso àquele determinado aparelho em todo o estado. A Polícia Militar conta ainda com outras ações no que tange aos roubos de celulares, como a importante participação da população. Não que iremos transferir a ela a responsabilidade. Entretanto, as pessoas precisam se envolver a fim de que tenhamos ações seguras que revertam a segurança para a comunidade”, afirmou o assessor, fazendo referência ao artigo 144 da Constituição Federal em que cita a segurança pública como dever do Estado, mas também direito e responsabilidade de todos. “As pessoas precisam evitar usar o celular em locais de grande aglomeração quando as pessoas estão mais distraídas, além de não ficar com o aparelho à mostra, são medidas eficazes que evitam crimes. Nossa preocupação também é com relação aos roubos, pois, neste casos, há o emprego de violência contra a vítima, daí a importância das medidas de autoproteção.”

Na tentativa de coibir os crimes violentos, no qual se enquadra o roubo, a corporação desenvolve operações de repressão qualificada, nas chamadas zonas quentes de criminalidade. Tais regiões são mapeadas por meio de estudos científicos e estatísticas da corporação, que tem como base a incidência criminal os registros dos casos de violência.

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