Itamar Franco se prepara para transporte de cargas
A atividade cargueira regular no Aeroporto Presidente Itamar Franco está prevista para começar no início do primeiro semestre de 2016. A meta é começar com cargas de porão, operação que deve ser realizada pela Azul Linhas Aéreas. Segundo a concessionária do aeroporto – formada pelas empresas Socicam Administração, Projetos e Representações Ltda. e Universal Armazéns Gerais Alfandegados Ltda. -, o contrato com a companhia está sendo finalizado. Além disso, teriam sido abertas negociações com a Gol Linhas Aéreas, que estaria analisando a viabilidade de transferência de cargas para o terminal.
As informações são do superintendente do aeroporto, Flávio de Oliveira dos Santos. A Azul, por meio de sua assessoria, confirmou a operação. “A companhia usará o aeroporto para o transporte de mercadorias da Azul Cargo.” A carga de porão é a doméstica, transportada na parte inferior da aeronave (no caso do Embraer) ou na parte frontal (em ATRs). O perfil de produto transportado assim como o potencial de negócios não foram divulgados. A Gol também foi procurada, mas não confirmou as informações.
Sobre o processo de internacionalização, o posicionamento é de que, após estudos sobre a demanda de importação e exportação na região, foi verificado potencial de utilização com esta finalidade a médio e longo prazos. Hoje o Itamar Franco conta com terminal de cargas (Teca) provisório, com 2.350 metros quadrados. “Para iniciarmos as atividades com aeronaves cargueiras, o primeiro passo é a construção do Teca definitivo, conforme projeto previsto no Plano Diretor do Aeroporto”, explica Flávio.
O aeroporto já chegou a operar carga de 1,3 tonelada para Manaus em junho de 2013. O material era proveniente de Juiz de Fora e chegou ao terminal via terrestre. Na época, não foi divulgado conteúdo e valores da operação.
Passageiros
Mediante a reivindicação dos passageiros por voos diretos para a capital federal, o consórcio afirma que tem conhecimento da demanda, “mas depende de estudos de viabilidade das companhias aéreas para consolidação da rota”. Hoje, o passageiro que embarca no Itamar Franco conta com conexões diretas para Campinas (Viracopos), Belo Horizonte (Confins) e São Paulo (Guarulhos).
Sobre o especulado interesse da Flyways Linhas Aéreas pela região – a companhia aérea está em processo de autorização pela Anac -, a informação é que a empresa deve iniciar suas operações no Aeroporto de Ipatinga, administrado pela Socicam. “Ainda não temos nada formalizado em relação ao Aeroporto Presidente Itamar Franco.”
Aeroporto é o sétimo em Minas
Com 93.490 passageiros transportados no acumulado do ano até setembro, alta de 27,7% em relação ao mesmo período do ano passado, o Itamar Franco ocupa o sétimo lugar em movimentação dentre os aeroportos mineiros. O ranking foi elaborado pela Infraero. “Consideramos positiva a colocação. Estes dados refletem a maior confiabilidade dos clientes neste terminal, bem como significativo crescimento da demanda.” O Regional perde espaço para os aeroportos de Confins, Uberlândia, Pampulha, Montes Claros, Uberaba e Ipatinga, na ordem.
Nestes primeiros dez meses de concessão, informa a concessionária, foram adotadas ações para reestruturar o aeroporto e adequar a infraestrutura, visando a garantir maior segurança nas operações, além de facilidades aos usuários. “A partir de agora, direcionaremos nossos esforços principalmente para promover ações que garantam maior conforto para o usuário e atratividade de novas operações aéreas e empreendimentos para se instalarem no aeroporto.”
Entre os projetos para 2016, conforme contrato de concessão junto ao Governo mineiro, está o início de estudos e projetos executivos para ampliação do terminal de cargas, pista, pátio de aeronaves, taxiway e pavimentação em concreto do pátio de aeronaves.
Proposta para criar um aerotrópole ganha apoio
Considerado vetor de desenvolvimento sustentável, o sonho de o Itamar Franco se tornar uma aerotrópole ainda não tem forma, mas começa a ganhar apoio. O conceito consiste em ter um aeroporto como regente da dinâmica econômica regional. O projeto é que, a partir dele, exista construção de corredores rodoviários e atração de empresas (a maioria em segmentos relacionados a transporte, logística e serviços), além da disponibilização de centros comerciais e áreas industriais. Entre os benefícios econômicos estão conectividade mais eficiente, aumento da produtividade e maior alcance de mercado, contribuindo para aumentar o investimento, o comércio e os empregos.
O tema foi abordado pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Geração de Emprego e Renda, André Zuchi, no VI Fórum de Desenvolvimento de Juiz de Fora, Zona da Mata e Vertentes realizado em setembro. “É uma ideia, não existe um projeto para o aeroporto.” Zuchi afirma que há dois movimentos fortes com este perfil, em Confins e Viracopos. “O que tentamos fazer, como Prefeitura, é levar a uma discussão ampla dos setores econômicos, para que abracem a ideia.” Para o secretário, caso o conceito seja inserido nos planejamentos urbanos da cidade e dos municípios da região, é possível, no futuro, verificar a aplicação local – em suas devidas proporções.
A concessionária afirma que, assim com o Governo mineiro, também identifica a potencialidade. “Não enxergamos o aeroporto apenas como terminal de passageiros, mas sim como fator de desenvolvimento econômico para toda a Zona da Mata, devido a localização estratégica, grande potencial logístico e infraestrutura.” Entretanto, para se tornar uma aerotrópole, pondera o superintendente, depende de fatores externos, como novas demandas de operações aéreas nacionais e internacionais, operações aéreas cargueiras e esforços políticos e empresariais, além de facilidade de acesso viário.
Nova estrada
As obras para construção do acesso ao Aeroporto Presidente Itamar Franco, entre a rodovia BR-040, altura da Barreira do Triunfo, e a MG-353, no distrito de João Ferreira, em Coronel Pacheco, retomadas em setembro, estão em andamento, informou o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG). No momento, são realizados os serviços de terraplenagem e drenagem. A previsão de conclusão é 2016, informou o órgão, por meio de sua assessoria. Quase 50% das obras da estrada, com 13,8 quilômetros, foram executadas.
A estimativa é que a construção do acesso custe cerca de R$ 66,4 milhões aos cofres públicos. Antes da paralisação das obras, o Governo estadual havia disponibilizado R$ 32,3 milhões. Para o término, estão previstos mais R$ 34,1 milhões. Este ano, o DER/MG pretende disponibilizar R$ 14 milhões. O restante deve ser incluído no orçamento mineiro para os próximos anos. A expectativa é que a nova estrada facilite o transporte de veículos pesados entre a rodovia federal e o Aeroporto Itamar Franco, com potencial para otimizar o escoamento de cargas da Zona da Mata.