Suspeitos de morte pela Covid-19 deverão ser velados com precaução

Familiares devem seguir protocolo estabelecido pela Anvisa para velório


Por Carolina Leonel

03/05/2020 às 07h00

Cuidados adicionais deverão ser tomados por familiares, funcionários de cemitérios e por profissionais do serviço funerário com relação a pacientes que vierem a óbito por suspeita ou em decorrência do coronavírus. Isso porque, mesmo após a morte, os fluídos corporais poderão conter o vírus e, dessa forma, pessoas que tiverem contato com o corpo poderão ser contaminadas.

Em Juiz de Fora, a Secretaria de Saúde informou que o Departamento de Vigilância Sanitária (Dvisa) segue, até o momento, a Nota Técnica 04/2020, emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com a pasta, o documento foi enviado para as unidades hospitalares, funerárias e cemitérios da cidade.

A normativa estabelece que em relação ao transporte do corpo para funerária, crematório ou local do funeral, o corpo deverá estar em saco impermeável, à prova de vazamento e selado. Orientações específicas à assistência funerária e ao funeral também são estabelecidas pelo documento (ver quadro).

De acordo com o Ministério da Saúde, se a morte ocorrer em ambiente domiciliar ou em instituições de longa permanência, os familiares ou responsáveis não deverão manipular os corpos e evitar o contato direto. Imediatamente após a informação do óbito, em se tratando de caso suspeito de Covid-19, o médico atestante deverá notificar a equipe de vigilância em saúde, que deverá proceder a investigação do caso.

Ainda conforme o órgão federal, em caso de suspeita da doença, é necessário que a equipe verifique a necessidade de coleta de amostras para diagnóstico da causa. A retirada do corpo deverá ser feita por equipe de saúde, observando as medidas de precaução individual. O corpo deverá ser envolto em lençóis e em bolsa plástica. As pessoas que morem com o falecido deverão receber orientações de desinfecção dos ambientes e objetos (uso de solução clorada 0,5% a 1%).

Municipal suspende cerimônia quando há investigação

Procurada pela Tribuna, a Secretaria de Obras (SO), responsável pela administração do Cemitério Municipal, informou que, a partir da semana passada, já não seriam permitidos velórios de pessoas com suspeita de Covid-19, no local. Em nota, a pasta informou que a orientação para demais velórios, independente da doença, é de que no máximo oito pessoas permaneçam nas capelas maiores do local, durante velórios. “Só podem permanecer no velório até seis pessoas nas capelas menores e oito pessoas nas capelas maiores, independente da suspeita da doença”, pontuou o texto.

Ainda conforme a pasta, a empresa terceirizada, responsável pelo sepultamento, está adquirindo, macacões especiais para os profissionais. A secretaria ainda afirmou que a higienização das capelas foi intensificada.

As medidas também foram adotadas pelo Cemitério Parque da Saudade, segundo a assessoria de comunicação da Santa Casa de Misericórdia, gestora da unidade. Conforme o hospital, desde 16 de março, o Parque da Saudade reforçou medidas para prevenção ao coronavírus. Nas capelas do cemitério, também só são permitidas oito pessoas por vez. A Santa Casa informou que há álcool em gel disponível nas capelas, além de água e sabão para higienização das mãos, e que todos os profissionais coveiros utilizam equipamentos de proteção individual.

Covid-19: providências necessárias em funerais

Quanto às orientações para assistência funerária

– A movimentação e manipulação do corpo deve ser a menor possível
– Evitar a manipulação de cadáveres que passaram por autópsia
– Caso a família deseje ver o corpo, deverão receber instruções claras para nunca tocá-lo e nem tocar o ambiente em volta do corpo, além disso, deverão higienizar as mãos antes de entrar e depois de sair do local, sendo recomendado ainda, sempre manter a distância mínima de um metro do corpo
– Orienta-se que o corpo não seja embalsamado, para evitar a manipulação excessiva
– Deve-se realizar a desinfecção externa do caixão com álcool líquido a 70% ou outro desinfetante, antes de levá-lo para o velório. Atenção: usar luvas limpas para realizar esse procedimento
– Os cadáveres poderão ser cremados ou enterrados, de acordo com as preferências e costumes da família

Quanto às recomendações gerais relacionadas ao funeral

– Devem ser evitados apertos de mão e outros tipos de contato físico entre os participantes do funeral
– Orienta-se que pessoas dos grupos mais vulneráveis (crianças, idosos, com doenças crônicas, imunodeprimidos ou gestantes) e pessoas que apresentam sintomas de infecção respiratória, não participem dos funerais
– Manter o caixão fechado durante todo o funeral, para evitar contato físico com o corpo
– Devem estar disponíveis condições para a higiene das mãos de todos que participam do funeral (água e sabonete líquido e álcool em gel a 70%)
– Os encarregados de colocar o corpo na sepultura, em pira funerária etc. devem usar luvas e higienizar as mãos com água e sabonete líquido, após retirada das luvas

Orientações para manejo de corpos e realização de funerais

– Deve-se desinfetar a superfície externa do saco (pode ser utilizado álcool líquido a 70º, solução clorada [0.5% a 1%], ou outro saneante desinfetante regularizado junto a Anvisa), tomando-se cuidado de não usar luvas contaminadas para a realização desse procedimento
– Nenhum equipamento ou veículo de transporte especial é necessário
– Quando for utilizado um veículo de transporte, este também deve ser submetido à limpeza e desinfecção.
– Todos os profissionais que atuam no transporte do corpo devem adotar as medidas de precaução padrão. Aqueles que tiverem contato com o cadáver ou com o saco do cadáver deverão adotar as precauções padrão (em especial a higiene de mãos) e usar avental ou capote e luvas
– Sempre realizar a higiene de mãos após a retirada dos EPIs

(Fonte: Secretaria de Saúde)

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