Ministério Público Federal denuncia quadrilha que tinha parte da base em JF
O Ministério Público Federal de Minas Gerais (MPF/MG) denunciou, por tráfico internacional de drogas e associação para o tráfico, 17 pessoas ligadas a uma organização criminosa, que montou parte de sua base em Juiz de Fora. A quadrilha foi desarticulada em novembro passado, pela Polícia Federal, durante a operação “Krull”. Liderada por José Severino da Silva, vulgo “Cabecinha”, o grupo movimentava aproximadamente uma tonelada de pasta base de cocaína por mês, o equivalente a cerca de R$ 14 milhões mensais. Segundo o MPF, entre os denunciados, está o empresário Maurício de Barros Ferreira, preso em Matias Barbosa, apontado pelas investigações como “o responsável financeiro pelos negócios ilícitos de José Severino, incluindo negociações de compra e venda de veículos e imóveis para ocultar a origem ilícita do dinheiro”. De acordo com a denúncia, Maurício era ajudado por sua filha, Paula Rocha Ferreira, também presa em Matias.
Ainda de acordo com o MPF, a organização criminosa trazia a droga da Bolívia, geralmente por meio de pequenas aeronaves, e as descarregava em pistas de pouso clandestinas situadas na Zona Rural de municípios do Triângulo Mineiro, ou por via terrestre, entrando no Brasil pelo município de Corumbá, no Mato Grosso do Sul. As pistas de pouso utilizadas pelos pilotos das aeronaves ficavam próximas ou dentro de propriedades rurais onde era armazenada a droga para posterior distribuição aos compradores finais, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Durante os 18 meses de investigação, foram apreendidos 721kg de cocaína, além de US$ 400 mil e R$ 400 mil, entre outros bens, como veículos e aeronaves. A denúncia destaca que os envolvidos compunham uma organização criminosa estruturada de forma ordenada, com diversas células, onde “cada qual possuía função devidamente delineada”.
José Severino – que possui condenações que, somadas, superam 25 anos de pena a ser cumprida – também responde a duas outras ações penais recentemente instauradas a partir de denúncias do Ministério Público Federal em Uberlândia e em Juiz de Fora. Ele integra uma rede criminosa voltada ao tráfico internacional de entorpecentes, tendo sido investigado pela agência americana antidrogas Drug Enforcement Administration (DEA), que o considerou de “alta periculosidade”.
Ele também é apontado pela Polícia Federal como um dos cabeças de outra quadrilha desmantelada em junho passado durante a operação “Athos”, que prendeu empresários e traficantes de Juiz de Fora. Conforme a PF, Cabecinha seria um dos presos que teria recebido benefícios do juiz Amaury de Lima e Souza, preso também na “Athos”. Na denúncia, recebida pela Justiça Federal de Ituiutaba (MG) no dia 19 de fevereiro deste ano, o MPF pediu a prisão preventiva de todos os acusados.
Pena em Juiz de Fora
Segundo o MPF, quando as investigações tiveram início, em 2013, José Severino estava cumprindo pena em Juiz de Fora, no regime semiaberto, em virtude de sentença proferida pela Justiça Federal de Ribeirão Preto. A progressão de regime decorrera de contrato de trabalho mantido com a empresa Terra Imóveis Ltda, da qual era sócio outro denunciado, Maurício de Barros Ferreira, e na qual José Severino nunca trabalhou e que era de fachada.
Porém, conforme a Polícia Federal (PF), José Severino teria morado por um curto período na cidade, ficando a maior parte do tempo em Iturama (MG), onde fazia as negociatas ilícitas. Enquanto esteve na cidade, segundo a PF, contou com o apoio logístico de Peterson Pereira Monteiro, um dos irmãos Metralha e um de seus maiores compradores. José Severino está preso desde abril de 2014, na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG)