Seis em cada dez UBS precisam de reformas e só 9% têm eletrocardiograma, aponta censo

Levantamento inédito do Ministério da Saúde aponta carências estruturais e de equipamentos em unidades básicas de saúde em todo o Brasil


Por Agência Estado

30/07/2025 às 17h03

Mais da metade das Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Brasil necessita de reformas estruturais, e apenas 9,1% contam com eletrocardiógrafos para avaliação cardíaca dos pacientes. Os dados fazem parte do primeiro Censo Nacional das UBS, divulgado pelo Ministério da Saúde, com base em informações prestadas por cerca de 45 mil estabelecimentos de atenção primária à saúde.

Segundo o levantamento, 60,1% das unidades relataram necessidade de obras. Entre os problemas mais frequentes estão danos em paredes (3.473 unidades), forros (2.271), instalações hidráulicas (1.974) e elétricas (2.495). A falta de estrutura adequada é apontada em todas as regiões do país, com destaque para os efeitos de desastres ambientais: 18,2% das UBS afirmaram ter sido impactadas por enchentes e alagamentos. No Rio Grande do Sul, estado mais afetado, 30,3% dos centros de saúde relataram danos. Em Canoas, por exemplo, 19 das 28 unidades foram danificadas pelas inundações de 2024.

Falta de equipamentos compromete UBSs

Além da estrutura física, a escassez de equipamentos compromete a qualidade do atendimento. Somente 9,1% das UBS possuem eletrocardiógrafos, fundamentais para monitoramento de pacientes cardiopatas, hipertensos e diabéticos, segundo a pesquisadora da Fiocruz Lígia Giovanella, coordenadora da Rede de Pesquisa em Atenção Primária à Saúde da Abrasco. Ainda conforme o Censo, apenas 13,5% das unidades têm carrinho de parada cardíaca, e 17,8% contam com desfibrilador externo automático (DEA).

“Ainda que a demanda por emergências seja menor na atenção primária, esses três equipamentos deveriam estar disponíveis em todas as unidades”, afirma Lígia, que também aponta a carência de painéis de acuidade visual: só 18% das UBS dispõem da Tabela de Snellen, utilizada em exames oftalmológicos básicos.

A pesquisadora ressalta a necessidade de equipar melhor as unidades e capacitar profissionais para o uso adequado dos dispositivos. Ela também defende a ampliação do uso de telediagnóstico como estratégia para reduzir filas e encaminhamentos. No entanto, 29,4% das unidades avaliam a qualidade da internet como “ruim”, o que limita o acesso a ferramentas de telessaúde, embora 94,6% tenham algum tipo de conexão.

Na área de imunização, o Censo mostra que 84,7% das UBS oferecem vacinas, mas apenas 79,7% contam com sala exclusiva para vacinação. Em 35,5% das unidades, o horário de funcionamento das salas de vacina é inferior ao recomendado pelo Ministério da Saúde, que orienta o funcionamento mínimo de 40 horas semanais.

Outro desafio é a conservação adequada dos imunizantes: somente 55,3% das UBS têm geladeira exclusiva para vacinas e apenas 38,4% contam com câmara fria específica, padrão considerado ideal para o armazenamento.

De acordo com o Ministério da Saúde, o fato de não haver uma sala de vacinação exclusiva não significa ausência do serviço. Algumas unidades utilizam espaços adaptados ou estratégias externas, como pontos móveis.

Apesar de a gestão das UBS ser responsabilidade dos municípios, o governo federal define diretrizes e financia ações da atenção primária. Segundo o ministério, estão previstos R$ 7,4 bilhões em investimentos até o fim de 2026. Parte desses recursos será destinada à distribuição de 180 mil equipamentos para mais de 5 mil municípios, incluindo eletrocardiógrafos com capacidade para telediagnóstico, câmaras frias para vacinas, DEAs, ultrassons portáteis, retinógrafos e espirômetros digitais.

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Saúde também prevê a compra de 7 mil kits de equipamentos para teleconsulta e a construção de 2,6 mil novas UBS no país.

“O Censo é uma ferramenta essencial para planejar as próximas ações. Os dados serão considerados na elaboração do orçamento de 2025 e nas iniciativas que busquem viabilizar reformas e melhorias estruturais”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em coletiva recente.

*Texto reescrito com o auxílio do Chat GPT e revisado por nossa equipe

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