Receita para a Semana Santa: bacalhau tropical
Patrícia Nery, chef do Le Portuga, ensina prato “serra e mar”
Claro que nem só de bacalhau vive os portugueses, mas, com certeza, é difícil pensar no peixe sem fazer essa associação ao país. É por isso que, com a chegada da Semana Santa, época em que muitos optam por consumir peixes ao invés das carnes vermelhas, o Receita de Família não poderia deixar de ensinar mais uma receita de bacalhau aos leitores. E, para isso, fomos ao lugar onde ele é, praticamente, especialidade da casa, o Le Portuga, chefiado por Patrícia Nery.
Patrícia rodou o Brasil e a Europa. Mergulhou na alta gastronomia. Chefiou alguns restaurantes. De volta a Juiz de Fora, sua cidade natal, foi recebida por um cardápio, todo de comida portuguesa, feito pelo seu pai, Marcelo Rezende. Ele, que sempre amou cozinhar, e foi uma grande influência na escola de Patrícia, planejou por cerca de cinco anos um restaurante no quintal de sua casa. Patrícia conta que achou, de primeira, que aquele espaço fosse coisa mais simples e íntima, para os amigos de seu pai, mas não.
- LEIA TAMBÉM: Tem pai (e filha) na cozinha!
Com aquele cardápio em mãos, se pôs, oficialmente, a estudar a comida portuguesa. Até porque, até aquele momento, há quase oito anos, seu maior contato com a comida típica do país era através das coisas que seu pai fazia e ela experimentava. “Ele me entregou o cardápio e eu comecei a estudar. Ele me trouxe a gastronomia portuguesa para eu aprender. E, em cima daquelas propostas, eu comecei a criar os pratos do Le Portuga”. Virou coisa séria, e a cozinha na qual ela destina boa parte das suas produções, divididas entre a Cruderia e seu buffet.
Esse caminho fez com que Patrícia criasse ainda mais intimidade com os frutos do mar e os pescados. Mas lembra: “Comida portuguesa não é só bacalhau. Tem cordeiro, os defumados, várias outras coisas”. Um pouco de tudo isso ela apresenta e prepara no Le Portuga. “Aqui é o típico português. Tem uma variação, claro. Mas é para atender todo mundo”. E segue: “Isso me dá mais amplitude para criar e estar mais em movimento”.
Ainda assim, ela tenta criar em cima desses clássicos da comida portuguesa. E é o que justifica o “le”, um artigo francês, seguido pelo “portuga”. “Porque os pratos têm um toque a mais. A gente dá um ‘up’, porque entende que as pessoas comem com os olhos. Então, dá um jeito de embelezar os pratos. O ‘le’ é para eu ter essa liberdade de trazer os pratos com mais beleza, trazer minhas referências da alta gastronomia. Um pouco de mim e um pouco do meu pai”, resume.
Exemplo disso é o bacalhau tropical que ela sugere para as refeições da Semana Santa. Ele foi criado no verão e dá ares tropicais, claro, ao prato. Tem cebola, laranja, limão siciliano, ovo, azeitona e linguiça portuguesa. “Aquela coisa serra e mar”, explica Patrícia. Além disso, vem acompanhado de batatas ao murro. Apesar de não ser costume português, no Le Portuga, é acompanhado ainda de arroz – mas, aí, fica a gosto de quem vai fazer em casa. A receita serve três pessoas.
Bacalhau tropical
Por Patrícia Nery
Ingredientes
350gr cebola branca fatiada fina
500gr lascas de bacalhau Gadus morhua dessalgado
100gr linguiça portuguesa picada em cubos
2 rodelas de laranja
2 rodelas de limão siciliano
2 ovos cozidos inteiros
80gr azeitona preta sem caroço
350gr batatas inteiras cozida
40gr alho picado
Azeite
Cebolinha ou salsinha picada
Brotos e flores para decorar
Modo de preparo
Em um recipiente que possa ir ao forno, faça uma cama da cebola branca. Por cima, coloque as lascas do bacalhau. Corte em cubos a linguiça portuguesa e adicione. Pegue as rodelas de limão e laranja e disponha em cima. Regue bastante azeite e leve ao forno por 30 minutos a 180º. Quando estiver pronto, adicione os ovos cozidos cortados ao meio, as azeitonas sem caroço e mais uma camada generosa de azeite. Finalize com cebolinha, brotos e flores comestíveis. Cozinhe as batatas inteira com casca. Quanto estiverem bem cozidas, dê um “murro” nelas para que o tempero (azeite e sal) entre nela. Leve ao forno até ficarem bem douradas.