Considerada o “termômetro da economia”, quando a construção civil está bem, o Brasil está bem. O inverso também se mostrou verdadeiro, sendo este um dos setores que mais sofreu durante a recessão dos últimos anos, em decorrência do menor número de obras públicas causado pelos ajustes orçamentários do Governo. De acordo com o IBGE, a atividade encolheu 21% desde o segundo semestre de 2014, regredindo ao patamar de 2009. Em relação ao emprego, o setor foi líder no fechamento de postos com carteira assinada em 2017: 103.968 segundo o Caged.
Além disso, a Caixa, tradicional financiadora do setor, enfrenta o desafio de precisar cumprir as novas exigências internacionais de solidez financeira expressas no documento Basileia III, que entrará em vigor em 2019. A busca por adequação à norma causou certa letargia na instituição, atingindo indiretamente o setor imobiliário, que tem 78% dos financiamentos feitos via seus cofres. Toda a cadeia – construtoras, incorporadoras, fabricantes, lojas de materiais de construção, mercado de trabalho e vendas de imóveis – foi contaminada. A adequação da Caixa deve ocorrer ao longo de 2018, seja por meio do uso de recursos do FGTS, da venda de ativos ou de operação com o Tesouro Nacional.
Na ponta positiva, a proposta de regulamentação dos distratos imobiliários (desistências de compra ou venda de imóveis ainda na planta), que atingiu 51% entre agosto de 2016 e agosto de 2017, é considerada um empurrão relevante. As desistências geram revendas com descontos muito altos que prejudicam a obra, causando atrasos ou até mesmo cancelamento das mesmas. Sem a aprovação da proposta, que deve acontecer já em fevereiro, o setor poderia sofrer uma crise ainda maior nos próximos anos, devido ao alto prejuízo causado pelas quebras de acordo.
Também colaboram para a retomada, a queda das taxas de juros, a melhora do crédito e a perspectiva de volta dos investimentos em infraestrutura. Em decorrência deste cenário, o Índice de Confiança da Construção (ICST), da Fundação Getúlio Vargas, obteve o oitavo mês seguido de alta, avançando 1,5 ponto em janeiro de 2018 e alcançando 82,6 pontos, o maior nível desde janeiro de 2015. Agora é esperar pelo futuro e pelo novo ciclo econômico, que certamente virá.
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