Setor da Construção Civil no Brasil: crescimento e perspectivas

Por Angélica Raminelly, Maria Souza, Jamaika Prado e Weslem Faria

Em 2022, o setor da construção civil criou mais de 194 mil postos de trabalho formais, impulsionando um aumento de 8,42% na formalização. O vigor desse setor persiste em 2023, à medida que a crescente demanda continua a alimentar seu crescimento, gerando mais oportunidades de emprego. No decorrer deste ano, o índice de Utilização da Capacidade Operacional alcançou uma marca notável, atingindo aproximadamente 70%, o patamar mais elevado dos últimos sete anos.

De acordo com os dados divulgados pelo IBGE, o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) registrou uma leve variação de 0,23% em julho deste ano. Embora inferior ao índice de junho, este número ainda evidencia a estabilidade relativa no setor. No acumulado dos últimos 12 meses, a variação totalizou 3,52%. A perspectiva otimista e de crescimento delineada para o setor é refletida no Índice de Confiança da Construção (ICST) do FGV IBRE. Após dois meses de declínio, o ICST registrou um aumento de 1,3% em julho.

Os dados do IBGE também revelam uma tendência de estabilidade nos preços dos materiais de construção, ao passo que o custo nacional da construção por metro quadrado, abrangendo tanto materiais quanto mão de obra, aumentou modestamente. A parcela referente à mão de obra apresentou um crescimento de 0,53%, mesmo em um contexto de menor número de acordos coletivos em comparação ao mês anterior.

Esse cenário de relativa estabilidade pode ser fruto dos investimentos públicos em expansão na infraestrutura do país. Para os meses vindouros, as perspectivas continuam promissoras. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) indica que o orçamento destinado ao financiamento habitacional pelo programa Minha Casa, Minha Vida teve um incremento de 42%, resultando em um aumento de R$ 28,8 bilhões nos recursos disponíveis para o setor da construção civil. Adicionalmente, o Governo federal mantém o compromisso com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com a previsão de alocar R$ 240 bilhões nos próximos quatro anos.

Apesar dos investimentos e otimismo, a segunda revisão das expectativas de crescimento da CBIC para 2023 apresenta uma redução de 0,5%. Em abril, a projeção era de 2,0%, mas esse valor foi ajustado para 1,5% em julho. Essa mudança de cenário é influenciada pela persistente taxa de juros no Brasil, que se mantém em um patamar relativamente elevado por um período prolongado. Como resultado, o desempenho de crescimento do setor deverá ficar aquém do crescimento do próprio Produto Interno Bruto (PIB) do país. O último relatório Focus divulgado pelo Banco Central estima um crescimento de 2,29% para o PIB. Portanto, apesar das projeções levemente ajustadas, o setor da construção civil continua a desempenhar um papel crucial na economia brasileira, moldando o panorama econômico do país.

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