Abundante em recursos hídricos e fortes quedas d’água, o Brasil conta com as hidrelétricas para gerar 64,7% da capacidade instalada de toda sua matriz elétrica. Ainda que seja uma fonte limpa, a energia hídrica mostra-se frágil diante de cenários climáticos adversos e do aquecimento global. Em anos de baixa precipitação, como ocorreu em 2015, a geração de energia por meios alternativos torna-se indispensável à economia brasileira. Mais cara e poluente, a energia advinda das termoelétricas atingiu 29,2% da capacidade instalada por aqui, tornando-se a principal forma, senão única, de solucionar os graves problemas ocasionados pela escassez da oferta de energia elétrica no país nos anos de seca. Entretanto, de olho no meio ambiente e na segurança do abastecimento, novas fontes limpas de energia ganham destaque, por proporcionarem zero emissão de CO2 e fornecimento regular de energia.
Os ventos dessa energia verde têm assoprado fortemente em direção à energia eólica, potencializando-a como forte candidata a complementar com segurança o sistema elétrico brasileiro. O país possui uma incidência de ventos duas vezes superior à média mundial, com maior circulação em períodos de estiagem (funcionando justamente como proteção natural à escassez da energia hídrica) e baixa oscilação durante todo ano. Tendo quadruplicado sua capacidade nos últimos cinco anos, a energia eólica já atinge 6,6% da capacidade instalada por aqui, disponibilizando 9,77 gigawatts de energia por meio de 390 usinas, localizadas principalmente nas regiões Nordeste e Sul do país.
Em décimo lugar no ranking mundial de capacidade eólica instalada, a economia brasileira tem tudo para continuar subindo, com mais de 8,62 gigawatts de capacidade em construção e expectativa de alcançar 18,5 gigawatts instalados até o final da década. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Energia Eólica (Abeeólica), 15 novos empregos são criados para cada megawatt gerado. Fazendo as contas, até o final de 2019, essa matriz estaria gerando até 280 mil novos empregos na economia.
Por outro lado, apesar da alta incidência de raios solares durante todo o ano, o mercado da energia solar no Brasil ainda representa apenas 0,02% da produção total de eletricidade do país (0,027 gigawatts em 34 usinas). Para fins de comparação, a energia nuclear gerada por Angra 1 e 2 chega a ser 70 vezes maior que isso. Ainda assim, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), há grandes oportunidades de crescimento no segmento. Até 2024, espera-se que as instalações de novas usinas cheguem a quatro gigawatts de potência instalada, o que poderia resultar em 20 mil a 60 mil oportunidades de trabalho.
O que poucos ainda sabem é que, atualmente, 75% da população brasileira já conta com isenção de ICMS para gerar a própria energia por fontes renováveis (solar e eólica) e conectá-la à rede da concessionária local. Esse sistema, chamado de geração distribuída (GD), gera um crédito equivalente à produção de energia local que pode ser abatido da conta de luz. Em oito anos, espera-se que cerca de 1,2 milhão de residências estejam na GD.
Além da vantagem para o consumidor gerar energia mais próxima da fonte de consumo, diminui drasticamente as perdas de energia que ocorrem no transporte de distantes e grandes usinas até as casas dos usuários. Só nos últimos meses, a perdas de energia elétrica somaram aproximadamente 20% de toda a energia produzida no Brasil. Com uso consciente, sustentável e econômico da energia, o Brasil só tem a ganhar. A natureza já ajudou, agora falta fazermos nossa parte.
Por Matheus L. Serrão Dilon, Apolo R. Bezerra, Kamilla M. Avelar e Admir Betarelli. Email para [email protected]