A Zona da Mata e o Campo das Vertentes sempre foram regiões de grande importância para a agricultura do Estado de Minas Gerais e, para algumas culturas, como o café, para o Brasil como um todo. Entretanto, há uma série de entraves que este importante setor vem enfrentando nos últimos anos, indo desde o acirramento da concorrência internacional, a dificuldade de incorporação de tecnologia no processo produtivo, problemas de escala na produção, até o deslocamento de parte da estrutura de processamento, como a do café e do leite, para outras regiões do estado e do país. O setor agrícola da Zona da Mata e Campo das Vertentes tem reagido. No caso do café, como discutido nesta coluna meses atrás, por meio da certificação e construção de um selo para o café da Zona da Mata – cujo objetivo é não apenas aumentar o valor agregado do produto, mas também facilitar sua inserção no mercado estrangeiro – o que demonstra o comprometimento da região com essa atividade econômica, responsável por 9,1% do PIB da Zona da Mata em 2011, segundo dados da Fundação João Pinheiro.
Tomando por base três subsetores, comércio de produtos agrícolas, produção e processamento, é possível ter uma análise da cadeia produtiva do setor agrícola nas duas regiões. A primeira pergunta que surge dessa abordagem é: “houve um crescimento em todos os subsetores do setor agrícola na Zona da Mata e Campo das Vertentes para o período analisado?”. Pelo critério de participação dos subsetores no total de empregos do setor primário em cada região, tem-se que o setor de processamento cresceu no Campo das Vertentes (9,8%, em valores relativos, segundo dados combinados do IBGE e da Rais/MTE) e declinou na Zona da Mata (5,4%); o setor de produção, por sua vez, cresceu na Mata (em torno de 5,8%) e declinou no Campo das Vertentes (9,4%); enquanto o setor de comércio de produtos agrícolas perdeu em participação em ambas as regiões (0,4%).
É possível também observar que em 2002 o valor adicionado bruto do setor agrícola da Zona da Mata foi de R$ 940 milhões (segundo o IBGE), ou 8,42% do Piba mineiro; em 2012 essa soma saltou para R$ 2,4 bilhões, 7,96% do total estadual. Para o Campo das Vertentes, o valor total produzido em 2002 foi de R$ 368 milhões, 3,3% do Piba mineiro daquele ano; contra os R$ 796 milhões, ou 2,63% do Piba mineiro, produzidos em 2012. Apesar desses resultados, a participação de Minas no Piba nacional elevou-se, mas infelizmente com menor contribuição das regiões em análise. Tem ocorrido um aumento de importância das regiões Sul e Sudeste, Noroeste e Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba no setor primário mineiro. Assim sendo, há que fortalecer o setor agrícola da Zona da Mata e Campo das Vertentes, quer seja por meio de valorização, certificação e incentivos fornecidos para toda a cadeia produtiva ou o setor irá perder ainda mais a sua força e importância.
Fernando S. Perobelli, Vinícius A. Vale, Inácio F. Araújo Junior, Túlio Belgo e Felipe Lanziotti
Faculdade de Economia/UFJF
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