Dólar a R$ 4, 21 bate novo recorde de alta do Real

Além da pressão por saída da moeda, conjuntura interna e riscos na América Latina contribuem para alta

Por Por Flaviane Santiago e Leandro Venâncio

O dólar fechou em nova máxima história, a R$ 4,2145, o maior valor do Plano Real. A moeda subiu 0,52% nesta segunda-feira (25) e já acumula valorização de 5,12% em novembro. O dia foi de alta da moeda americana ante divisas emergentes. Mas o movimento aqui foi potencializado por fluxo de saída de recursos e pela divulgação de uma déficit da conta corrente pior que o esperado. Como reflexo, o real acabou sendo a moeda com pior desempenho ante o dólar, em uma cesta de 34 moedas mundiais.

Apesar da nova alta do dólar, operadores no mercado de câmbio não observaram problemas de liquidez. Os indicadores técnicos do mercado mostram que tem havido aumento da demanda pela moeda americana, mas que é considerada comum nesta época do ano, sazonalmente marcada por maior procura pela divisa americana por conta de remessas de lucros e dividendos. No mercado futuro, o dólar foi a R$ 4,2330 e, no à vista, a máxima foi de R$ 4,2203.

O chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, avalia que não há porque o BC fazer intervenção extraordinária neste momento, marcado por pressão compradora para remessas. “O fluxo é de saída. O BC só vai queimar reservas”, disse ele. Historicamente, o final do ano é marcado por fortes saídas de capital do Brasil. Em novembro e dezembro do ano passado, saíram US$ 27,6 bilhões pelo canal financeiro, de acordo com o BC. Este mês, até o dia 21, houve fluxo negativo de US$ 2,3 bilhões, segundo dados divulgados hoje pelo BC.

O executivo da Frente Corretora ressalta que, além da pressão de saída, um conjunto de fatores está contribuindo para valorizar o dólar aqui: o baixo diferencial de juros do Brasil com o resto do mundo; aumento de riscos na América do Sul; mudança de partido do presidente Jair Bolsonaro e hoje os números mostrando piora do déficit da conta corrente. No caso de Bolsonaro, a dúvida é como ficará a base de apoio para as próximas reformas. Nos juros, Velloni observa que as taxas aqui “não condizem com os riscos”.

A segunda-feira foi marcada por piora de várias moedas emergentes, em meio ao aumento do otimismo com algum progresso nas negociações comerciais entre a China e os Estados Unidos, ressalta o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagen. “Os dados da conta externa piores que o previsto também pesaram no câmbio”, completa. O déficit nas transações correntes chegou a US$ 7,8 bilhões em outubro, segundo o Banco Central. Foi o pior resultado para outubro desde de 2014 (-US$ 9,305 bilhões).

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