O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê uma retração de 5,3% da economia brasileira neste ano em decorrência do choque provocado pela pandemia do novo coronavírus. A estimativa está em consonância com a projeção realizada pelo Banco Mundial, que estipula uma queda de 5% do PIB brasileiro em 2020. O Boletim Focus, do Banco Central (BC), por sua vez, vai na mesma linha e projeta uma queda do PIB brasileiro em 2020 no patamar de 5,12%, de acordo com os dados do último relatório publicado no dia 18 de maio.
Segundo o FMI, todos os países enfrentam uma grave crise de saúde, um profundo choque de demanda externa, um preocupante aperto das condições financeiras globais e uma queda dos preços das commodities. A queda do PIB brasileiro de pouco mais de 5% é bem próxima à prevista pelo FMI para outros países, como Rússia (-5,5%) e África do Sul (-5,8%), sendo menor do que o recuo esperado para o México (-6,6%). A China, que registrou um crescimento de 6,1% em 2019, deve ter uma profunda desaceleração, mas que não impedirá o país asiático de fechar 2020 com uma variação positiva de 1,2%.
Numa prévia informal do PIB, o IBC-Br, que é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central, recuou 5,90% em março quando comparado com os dados para o mês de fevereiro. A queda para o primeiro trimestre foi de 1,95% em relação aos três meses anteriores. Foi o maior declínio trimestral desde o segundo trimestre de 2015, quando o IBC-Br registrou uma queda de 2,34%. A retração do mês de março foi o pior resultado da série histórica do índice iniciada em 2003 e ainda sem contabilizar abril, efetivamente o primeiro mês inteiro com efeitos completos do distanciamento social.
Um alento que surge no meio da pandemia e num sentido contrário, contudo, se encontra no saldo positivo da balança comercial provocado pela alta das exportações em volume no mês de abril. O resultado verificado foi bastante influenciado pelo setor agropecuário, através do comércio de commodities. Esses produtos representaram uma participação de 67% no valor exportado somente no mês de abril, sendo este o maior percentual da série histórica desde 1995. A China continua sendo o principal parceiro comercial para a pauta das exportações do Brasil e tem nos ajudado a atenuar os efeitos da crise do coronavírus. Apesar desses resultados no setor externo ainda satisfatórios, espera-se nos próximos meses uma profunda desaceleração do comércio internacional da ordem de 12%.
Esse é um momento bastante crítico para a economia brasileira. Os dados demonstram o desafio que as autoridades econômicas terão pela frente nos próximos meses. O mais provável é que passemos pelo pior cenário econômico da história do Brasil, com uma queda do PIB no patamar próximo a 6%. Esperamos que seja o fundo do poço e que não haja um alçapão nele, pois dificilmente as medidas governamentais adotadas no sentido de estimular a economia e proteger o emprego e a renda conseguirão mudar esse quadro. Será preciso muito empenho para se pensar numa retomada econômica no longo prazo e que envolva não apenas o Governo, mas também a economia real (famílias e empresas).
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