Bancos brasileiros lucrativos: verdade ou furada?

Por Conjuntura e Mercados

A economia brasileira historicamente conviveu com vários períodos de instabilidades, principalmente em virtude dos altos níveis de inflação. Desde o relativo controle dos níveis de preços a partir de meados da década de 1990, o Brasil não conseguiu engatar um crescimento econômico consistente. Na década de 2000, parecia que isso iria acontecer, mas efeitos da crise financeira mundial de 2007-2008 acabou prejudicando, em parte, os planos econômicos do país nos anos subsequentes, além dos problemas políticos que enfrentou. Desde 2014, o Brasil tem convivido com crescimento econômico negativo ou próximo da estabilidade. Apesar desse cenário, os grandes bancos públicos e privados brasileiros encontraram o “caminho certo” para os negócios.

Um estudo realizado este ano pela empresa de análise de dados financeiros Economatica mostrou que, dos dez bancos mais rentáveis do mundo, quatro são brasileiros: Santander (Brasil), Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Bradesco. Os outros seis bancos da lista são dos Estados Unidos e do Canadá, países com economias mais desenvolvidas do que a Brasil. O levantamento da Economática considerou bancos que possuem ativos acima dos US$ 100 bilhões, que representam as maiores instituições financeiras do mundo. Do total de 39 bancos, quatro são brasileiros e figuram entre os dez mais rentáveis. O ranking foi formado com base na rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês), uma medida do quanto uma empresa consegue gerar de valor utilizando seus próprios recursos. Quanto maior o percentual do ROE, mais rentável é a companhia.

Para alguns especialistas, como o professor Mauro Rochlin, da Fundação Getúlio Vargas, a concentração bancária é um fator que explica por que no Brasil a rentabilidade é tão elevada. No Brasil, os bancos operam de forma oligopolista e por isso conseguem preservar seu poder no mercado. O oligopólio ocorre quando um número pequeno de empresas detém parcela significativa de algum mercado, ou seja, existe um pequeno comércio para um número grande de compradores. No Brasil, conforme dados do Banco Central para o ano de 2020, as cinco maiores instituições financeiras do país detinham 81,8% das operações de crédito no segmento bancário comercial. No caso do depósito total, o percentual chegava a 79,1%.

A rentabilidade mediana dos quatro bancos brasileiros, em 2021, foi de 16,5%, o que configurou uma queda de 6,6 pontos percentuais em relação a 2010. Os bancos brasileiros tiveram uma sequência de crescimento de 2016 a 2019, que foi interrompida pelo resultado de 2020, em função da pandemia de Covid-19. No entanto, em 2021, foi observado crescimento e início da recuperação. Apesar disso, os bancos brasileiros seguiram com retornos maiores do que os 19 bancos americanos da lista, cujo ROE mediano era de 11,8%. Se a temporada de balanços dos grandes bancos brasileiros fosse uma corrida, poderíamos dizer que os “atletas” chegaram no segundo trimestre de 2022 em condição muito parecida com o período anterior.

A expectativa é de que a inadimplência das pessoas físicas continue sua escalada, afetando o crescimento da carteira de crédito dos bancos. Por outro lado, os juros em alta favorecem os resultados das instituições. Em meio a esse cenário, os destaques positivos e negativos devem ser os mesmos do primeiro trimestre deste ano, com o Banco do Brasil (BBAS3) e o Itaú Unibanco (ITUB4) liderando a corrida. Enquanto isso, Bradesco (BBDC4) e Santander Brasil (SANB11) podem sofrer mais com o aumento da inadimplência do que os concorrentes.

Por Kariny Costa e Weslem Faria

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