O volume exportado pelo agronegócio brasileiro iniciou o ano de 2020 atingindo níveis inferiores aos observados em 2019, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). No entanto, a partir do mês de março, as quantidades embarcadas apresentaram um nível considerável de recuperação e um comportamento quase inesperado em meio à conjuntura atual.
No atual cenário causado pela pandemia do novo coronavírus, houve uma retração no fluxo de comércio entre os países. Porém, o agronegócio, por ser fornecedor de alimentos, fibras e energia, teve seu desempenho afetado de forma mais amena. Uma série de fatores, como a forte demanda chinesa e a necessidade de garantia de segurança alimentar de sua numerosa população, a desvalorização do real, além de disputas comerciais, entre outros fatores, tornaram os produtos brasileiros mais atrativos ao mercado externo. Diante de tal contexto, as exportações do agronegócio brasileiro alcançaram um patamar recorde para o período, atingindo US$ 52 bilhões só no primeiro semestre de 2020.
Contribuíram para o bom desempenho do agronegócio, os aumentos nas exportações de algodão, açúcar, carnes (suína, bovina e de aves) e, com destaque, os produtos do complexo de soja (grão, óleo e farelo). De acordo com o Boletim de Comércio Exterior
(ICOMEX), produzido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a venda de um único produto, a soja em grão, aumentou 36% no acumulado dos seis primeiros meses de 2020, em relação ao mesmo período de 2019. Outro ponto fundamental apresentado pelo boletim é a importância da China na exportação brasileira de soja: só em julho, a China importou 10,09 milhões de toneladas do grão.
Com isso, as projeções para o agronegócio brasileiro seguem positivas. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), os produtores de soja devem começar o plantio da safra 2020/21 em setembro, com mais da metade da produção
comercializada antecipadamente, fato inédito para o setor.