O mês de dezembro se aproxima e os preparativos para as festas de Natal e Ano Novo já aparecem nas decorações das vitrines das lojas e dos corredores dos shoppings (fechados ou a céu aberto). É época de trocar presentes nos tradicionais ‘amigo-oculto’ da faculdade ou do trabalho e de presentear os entes queridos da família. Mas, quando o assunto é compras e gastos, fatores econômicos acabam interferindo mais do que gostaríamos. Diante do cenário econômico atual, o consumidor estará mais cauteloso na hora de gastar e grande parte do 13º salário que entrará nos bolsos neste final de ano terá outros destinos que não os tradicionais presentes.
Diversos dados negativos da economia vêm afetando o índice de confiança do consumidor, que apresenta hoje o pior resultado (84,6 em 100) desde 1994. Entre eles, destacam-se a taxa de desemprego, já próxima a 8%, e uma inflação que ultrapassa os 10% a.a.. O salário extra de dezembro deve ser utilizado em muitos casos para pagar as dívidas, principalmente as de maiores taxas de juros, como as do cheque especial e dos cartões de crédito, que podem chegar a até 368% ao ano.
Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostram que 62,1% das famílias brasileiras estão endividadas, ou seja, possuem dívidas a pagar, e 23,1% estão inadimplentes, com dívidas em atrasos. O peso desses fatores reflete nas estimativas apresentadas pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), que mostram que o percentual de brasileiros dispostos a utilizar o salário extra para compras de fim de ano caiu 27%, refletindo diretamente maiores dificuldades e preocupações com os gastos.
A forte redução do poder de compra do salário, puxada pelo crédito caro e dólar alto (que eleva alguns preços por aqui), também contribui para produzir números negativos nesse final de ano. A CNC projeta uma queda específica nas vendas de Natal de 4,8%, a primeira desde o início da série histórica sobre vendas de comércio, iniciada em 2004. Além disso, as tradicionais contratações temporárias também devem cair 2,9%, empregando 138.600 pessoas. O segmento de hiper e supermercados deve abrir 28.900 vagas, enquanto o de vestuário 62.600. Os dois setores devem responder por 65,9% dos trabalhadores contratados, de acordo com a confederação.
Mesmo diante da queda em relação às festividades do ano passado, a data deverá movimentar algo em torno de R$ 32 bilhões este ano e aliviar temporariamente a alta taxa de desempregados. Segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) 93% dos brasileiros ainda pretendem presentear neste Natal, ainda que com gasto médio por item 22% menor. Bons presentes para o comércio e para quem procura um emprego, ainda que temporário.
Por: Julyara Costa, Matheus Dilon, Pedro Ventura e Yasmin Teixeira – email para [email protected]