Em 2021, o Brasil apresentou uma das maiores taxas de inflação dos últimos tempos, fazendo com que a população, principalmente mais pobre, perdesse substancialmente poder de compra e, com isso, reduzisse drasticamente sua qualidade de vida. Infelizmente, em 2022, o cenário não vem se mostrando diferente, fazendo até o presidente do Banco Central se dizer surpreendido com os últimos números do IPCA, que agravaram ainda mais as desigualdades de renda no país.
Em março de 2022, a inflação variou entre 1,24% para os mais ricos e 1,74% para as famílias de mais baixa renda, mostrando, mais uma vez, que o aumento de preços afeta mais tanto o bolso como a cesta de produtos consumidos pelos mais desfavorecidos financeiramente. No acumulado do ano, as famílias mais ricas têm uma inflação de 2,68% e as mais pobres, de 3,40%.
Para os mais pobres, o grupo de alimentos no domicílio foi o que mais contribuiu para o aumento dos preços, em decorrência de aumentos de 31,50% na cenoura, 9,30% no leite e 7,10% nos ovos, por exemplo. Logo em seguida, o grupo transportes também afetou duramente o orçamento dos mais pobres: por conta do aumento na gasolina, o ônibus urbano teve um aumento de 1,30% e o interestadual, de 3%.
Já para as famílias mais ricas, o grupo transportes foi o que mais os impactou, com aumentos de 6,70% na gasolina, 13,70% no óleo diesel e 8% nos transportes por aplicativo, entretanto, houve alguns alívios, como reduções nos preços das passagens aéreas, de 7,30%. Ainda, a queda de 0,63% dos preços dos planos de saúde contribuiu para um menor impacto do grupo de saúde e cuidados pessoais.
Portanto, como podemos observar, os mais pobres, novamente, são os que mais pagam pelo aumento dos preços e, para o restante de 2022, a inflação tende a permanecer elevada, com projeções de 7,70% para o IPCA – três pontos percentuais acima do teto de tolerância da meta de inflação para o ano. Para piorar, a guerra entre Ucrânia e Rússia trará desafios ainda maiores para os brasileiros, visto que ela tem causado aumentos sucessivos nos preços de produtos como, por exemplo, o petróleo e algumas commodities agrícolas. Dessa maneira, não poderemos esperar nada além da inflação indo para o infinito e além.
Por Gabriel Manhães e Jardel Aquino