Pouco dinheiro no bolso, mas saúde para dar e vender

Por Gabriela Gervason

Chega dezembro, um momento do ano que, além de especial para muitos, é importante para o turismo e, principalmente, para o comércio. Esses segmentos, porém, não passam imunes ao ajuste que a economia brasileira vem sofrendo. Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, o Natal de 2014 deverá registrar a menor taxa de crescimento no volume de vendas desde 2005, movimentando R$31,8 bilhões, com o nível de confiança das famílias registrando queda de 0,7% (menos de dez salários mínimos) e 1,7% (mais de dez).

Cultuando tradições herdadas dos colonizadores, nada mais nórdico que as comemorações natalinas realizadas nas Américas. No Brasil, a árvore de Natal natural se populariza, mas a praticidade e a durabilidade das artificiais ainda fazem dessas as campeãs de vendas em terras tropicais.O custo de uma árvore de Natal natural varia de R$ 60 a R$ 200. As artificiais têm um custo maior, mas vêm com a vantagem de poderem ser reutilizadas por vários anos. Os alimentos mais tradicionais na ceia também são importados do Norte e estão 5,44% mais caros esse ano. O preço das frutas cristalizadas subiu 16,46%; a avelã 13,27%; as nozes, 8,99%; o bacalhau, 4,77% e o panetone, 2,75%. Para compensar, o tupiniquim frango especial caiu 10,06% e o tender ficou 6,91% mais barato na comparação com 2013. Tal como a árvore tropicalizada, consumir alimentos nacionais, como aves e frutas frescas, pode representar uma boa economia em tempos incertos.

Outros itens que não costumam faltar no Natal, os presentes tiveram reajuste médio de 4,08% no ano e cerca de 50% das famílias já anunciaram que devem apertar os cintos e comprar menos que no ano passado. Em 2013, apenas 34,2% dos consumidores pretendiam reduzir as compras. Reflexo da Confiança do Consumidor, índice que recuou 14% em 2014, ao menor patamar desde dezembro de 2008. Com mais gente querendo poupar, o preço médio previsto para os presentes caiu para R$ 59,64. Trata-se do menor valor de toda a série histórica apurada pela FGV. E mais pessoas pretendem dar presentes de até R$ 20.Os itens preferidos são vestuário, brinquedos, calçados, acessórios, cosméticos e perfumes, jóias e bijuterias e eletroeletrônicos, com as vendas geralmente estimuladas por muitas promoções, descontos e facilidades de pagamento.

Como muitos desses itens são importados, a data pressiona ainda mais o saldo da balança comercial brasileira. A média diária de importações chegou a US$ 99 milhões em dezembro. Para piorar, o dólar apresenta forte subida. No começo desta semana, chegou a atingir o patamar de R$ 2,76, batendo o maior valor desde abril de 2005. Diante das perspectivas desfavoráveis do cenário nacional e da corrida por ativos seguros, como a moeda americana, a cotação não deve voltar à casa do R$ 2,20 tão cedo.

E para quem pretende viajar para o exterior e fazer as compras por lá, é sempre bom lembrar que o dólar para turismo é sempre mais elevado que o dólar comercial e que as transações em moeda estrangeira envolvem o pagamento de impostos, como o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que incide sobre pessoas físicas e jurídicas que efetuam operações de crédito e câmbio.O Governo costuma utilizar o imposto como instrumento de política cambial, penalizando importações e gastos no exterior quando quer reequilibrar a balança. Foi assim na virada de 2013 para 2014, quando a alíquota do imposto subiu de 0,38% para 6,38% devido aos gastos excessivos com pagamentos em moeda estrangeira feitas com cartão de débito, saques em moeda estrangeira no exterior, compras de cheques de viagem e carregamento de cartões pré-pagos por brasileiros no exterior.

Ainda assim, o custo de alguns itens fora de terras brasileiras costuma compensar. No caso de brinquedos, enquanto um Lego no Brasil custa R$299,99, nos Estados Unidos o mesmo item sai a US$ 31,98. Mesmo com as altas taxas de câmbio na conversão, impostos e taxações adicionais que podem incidir sobre o produto, ainda vale a pena. Isso acontece também com roupas, produtos de beleza, eletrônicos, entre outros. Não somente em compras nos Estados Unidos, mas recentemente em compras diretas da China, por meio de sites como ebay, alixepress e outros, que oferecem vantagens que vão desde compras a baixos preços e com frete gratuito até produtos de boa qualidade que normalmente não são encontrados por aqui.
Com tantos elementos de decisão, o importante é não perder o orçamento e a calculadora de vista quando sair às compras. Pesquisar preços, fazer as contas, reavaliar decisões de consumo e não esquecer de que o melhor presente é chegar em 2015 em paz e com saúde, incluindo a financeira, é nossa dica de lista para esse Natal. Boas festas!

Por Fernanda Perobelli, Adryse Lima, Breno Vasconcelos, Idala Carolina, Mateus Tavares, Matheus Sposito e Rachel Timotheo
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Gabriela Gervason

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