O Brasil no fogo cruzado entre EUA e China

Por Por André Sobrinho e Vinícius Viegas

As duas maiores potências econômicas estão em confronto direto e isso afeta o mundo inteiro. A guerra comercial teve início em 2018, quando Donald Trump anunciou o aumento de imposto para o aço importado, afetando diretamente a China.Como retaliação, os chineses adotaram tarifas sobre US$ 3 bilhões em bens dos EUA. Em dezembro, Trump concordou em suspender as tarifas, o que pareceu ser um sinal de que as coisas estavam se acalmando e a guerra estava perto do fim. Porém, nas últimas semanas ocorreram mais desavenças, e o presidente norte-americano anunciou que iria aumentar para 25% as tarifas de importação sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses, que logo se pronunciaram e impuseram tarifas sobre US$ 60 bilhões de produtos americanos. Mas como o Brasil está sendo afetado? E quais medidas estão sendo tomadas para nos prevenir desses efeitos?

Em primeiro lugar, é importante destacar que, por se tratar das duas maiores economias globais, essa guerra comercial faz com que as perspectivas de crescimento do mundo diminuam. Isso porque EUA e China compram menos entre eles e consequentemente também compram menos do restante dos países. O Brasil, por exemplo, sofre diretamente, pois 26% de todas as exportações brasileiras vão para a China e 12% para os Estados Unidos.

Dessa maneira, caso essas economias desacelerem, o Brasil terá menos exportações, forçando a diminuir a produção, tendo, por conseguinte, menos riqueza gerada e mais desemprego. Outro ponto importante é que esse confronto causa instabilidade e os investidores tendem a ser mais cautelosos diante desse cenário, principalmente em países emergentes, onde a economia é mais instável. Com menos investimento, haverá menos produção, menos moeda em circulação e menos emprego.

Em razão do receio e da ameaça existentes, o Brasil, juntamente com outras 37 nações, assinou um documento que foi enviado à Organização Mundial do Comércio (OMC), por entender que o sistema multilateral de comércio é de relevância central para a estabilidade econômica global. Os riscos advindos da guerra comercial travada entre EUA e China preocupam o Brasil, que se sente encorajado pela projeção de crescimento do comércio mundial, publicada pela própria OMC, a realizar a manifestação, além de resguardar o país sul-americano de possíveis futuros prejuízos comerciais reflexos da disputa entre norte-americanos e chineses. As nações que assinaram o apelo pedem para todos os membros da OMC evitarem
medidas protecionistas e riscos de escalada, resolvendo possíveis divergências através do diálogo e da cooperação, utilizando, se necessário, a corte suprema do comércio internacional.

Portanto, a guerra comercial travada entre os Estados Unidos e a China repercute no mundo todo, principalmente pelo fato dos dois países serem as duas maiores economias globais. A briga pelo poder, controle e pela preponderância comercial e econômica tem impacto direto no Brasil, que se vê no fogo cruzado entre as duas potências. O melhor para os brasileiros, considerando o médio e longo prazos, é a solução pacífica entre EUA e China, de modo que ambos cheguem a denominadores comuns, ainda que cedam em parte, a fim de não prejudicar o comércio multilateral e o dinamismo das economias. O documento de apelo para solução do impasse enviado à OMC serve como uma busca por parte do Brasil de se precaver contra prejuízos futuros oriundos dessa desavença. É consenso que ninguém sairá vitorioso ou beneficiado dessa disputa. O mundo inteiro perde. Para o bem da economia mundial, EUA e China precisam entender que podem conjuntamente ceder e continuarem com o protagonismo na dinâmica do comércio
mundial. Todos agradecem.

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