A China, conhecida pela sua estratégia de “Covid zero”, registrou 5.280 casos de Covid-19 na última segunda-feira e corre contra o tempo para evitar que o vírus se propague pelo seu território. O Governo de Pequim anunciou, na última semana, o lockdown da cidade de Shenzhen – um importante porto e centro tecnológico do país – isolando mais de 17 milhões de habitantes. A medida foi adotada para conter o maior surto de Covid-19 no país desde o início da pandemia.
Com isso, diversas empresas interromperam suas operações, ameaçando as já pressionadas cadeias globais de suprimentos. Uma das principais fornecedoras da Apple e mais de 30 empresas que fabricam diversos componentes eletrônicos importados deixaram de operar após o decreto.
Porém, uma ameaça ainda maior surgiria em uma eventual interrupção das operações nos portos de Shenzhen, Xangai e Ningbo, visto que um fechamento que durou um mês no porto de Yantian, no ano passado, causou um acúmulo de contêineres e provocou um choque nas cadeias de suprimentos globais. Lockdowns que atingem os principais portos chineses deixam o transporte marítimo mais caro e geram escassez de insumos para as indústrias, desacelerando a atividade econômica e causando aumento de preços em nível mundial.
Grandes multinacionais de tecnologia chinesas que operam no Brasil, como Huawai e Lenovo, devem seguir os protocolos de isolamento. O decreto também inclui empresas brasileiras que possuem laboratórios de validação e testes de componentes na cidade de Shenzhen.
O aumento de casos de Covid-19 na China, no entanto, vem revertendo a tendência de alta nos preços do petróleo, fazendo o combustível perder praticamente todos os ganhos obtidos desde o início da invasão russa à Ucrânia. O lockdown está previsto para terminar neste domingo, contudo, um surto mais longo que o esperado também pode frear a demanda mundial por combustíveis, gerando um efeito ambíguo para a inflação brasileira no curto prazo.
Os investidores permanecem incertos enquanto processam os efeitos da invasão russa. Também vale destacar que o aumento da demanda pelo combustível, nos períodos de retomada, gera a possibilidade de que os preços do barril de petróleo recuperem a tendência de alta, quebrando novos recordes à medida em que o conflito europeu se desenrola.