Uma boa companhia para o longo prazo

Por Conjuntura e Mercados

Já dizia Albert Einstein que os juros compostos são a oitava maravilha do mundo… Quando observados em prazos de poucos anos, eles parecem inofensivos, mas, em horizontes de 20, 30 anos ou mais, eles são capazes de criar verdadeiras fortunas a partir de pequenas economias. Para prazos tão longos, nada melhor que o investimento em ações. Porém, o que é melhor: comprar e vender ações em base frequente ou manter ações de boas companhias na carteira?

Um dos grandes defensores do investimento focado no longo prazo é o jornalista e investidor Décio Bazin, autor do livro “Faça Fortuna com Ações”, que concebeu uma estratégia simples para a escolha de ações. Basicamente baseada na compra de ações de empresas estabelecidas, com pouco endividamento e que não tenham se envolvido em escândalos, o critério de escolha final é a ação possuir um dividend yield (relação entre o dividendo pago por ação no ano sobre o preço da ação) de 6% ou mais. Um estudo feito pela Suno Research indica que a estratégia de Bazin, se aplicada entre 1999 e 2016, proporcionaria retornos médios acima da inflação de 1,04% ao mês, contra 0,09% da poupança – uma relação de mais de 10 para 1.

Contrapondo-se a estratégias como a de Bazin, há estratégias conhecidas como de ‘gestão ativa’, que consistem na compra e venda de ações em curtos períodos de tempo (como swing ou day trade). Consideradas mais arriscadas, principalmente para aqueles investidores que não possuem experiência no mercado, essas estratégias deveriam envolver maiores retornos para o investidor, certo? Não necessariamente.

Tais operações, além de envolver maior custo operacional – como alíquota diferenciada de 20% de imposto de renda, contra 15% para operações em bolsa que durem mais de um dia, e não possuir isenção de IR para vendas inferiores a R$ 20 mil por mês – necessitam de um giro rápido das carteiras, que impossibilita que o investidor trabalhe durante o período de funcionamento dos mercados. Mesmo trabalhadores que consigam ‘conciliar’ as operações com suas outras atividades acabam experimentando pior desempenho nos investimentos ou queda na produtividade, o que pode impedir futuros aumentos salariais, que permitiriam guardar mais dinheiro.

Preocupado com os efeitos nocivos de tais estratégias, o bilionário americano e megainvestidor Warren Buffet estabeleceu (e ganhou) a seguinte aposta: desafiou o gestor da Protégé Partners (um fundo de gestão ativa) a ‘bater’, no período de 10 anos, o desempenho de um fundo de longo prazo composto pelas ações do índice S&P 500, índice no qual estão as maiores empresas de capital aberto dos EUA. A aposta terminou no final de 2017, três meses antes do prazo, por desistência da Protégé. É que Buffet já havia conseguido uma taxa anual de 7,1%, bem superior aos 2,2% obtidos pelo fundo ativo no período.

Quando se trata de investir num longo prazo seguro e tranquilo, nada melhor que uma boa companhia. Mesmo no dinâmico e às vezes turbulento mercado financeiro.

Conjuntura e Mercados

Conjuntura e Mercados

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade pelo seu conteúdo é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir postagens que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.



Leia também