Em dezembro de 2022, o mercado de trabalho brasileiro apresentou mais desligamentos do que admissões, de acordo com os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Foram encerrados 431 mil postos de trabalho. O mercado privado foi responsável por aproximadamente 90% deles (387 mil), sendo 47,6% (205 mil) por micro e pequenas empresas (MPE) e 42,2% (182 mil) por médias e grandes empresas (MGE), segundo o relatório sobre a geração de empregos formais no Brasil do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Apesar do saldo negativo em dezembro, o Brasil encerrou o ano de 2022 com 42,71 milhões de trabalhadores empregados com carteira assinada, o que representou um saldo positivo acumulado de geração de postos de trabalho formal de 2.037.982. As MPE foram responsáveis por 1.597.188 (78,4%) dessas contratações, enquanto as MGE por 505.451 (16,8%).
Como pode ser observado, a geração de emprego em 2022 foi concentrada principalmente nas micro e pequenas empresas. Ao analisar esse segmento, em específico, o relatório do Sebrae mostrou que a região Sudeste foi a que apresentou o maior saldo positivo de contratações em 2022, 753.555 empregos (47,2% do total). Em seguida, as regiões Nordeste e Sul, com 301.517 (18,9%) e 247.390 (15,5%) empregos criados, respectivamente. Entretanto, na análise proporcional os resultados diferem, sendo a região Norte destaque, com 132,49 empregos criados para cada mil empregados, um valor bem acima da região Sul, com apenas 63,16.
Em termos setoriais, de janeiro a dezembro de 2022, os setores com maior desempenho nas contratações realizadas pelas MPE foram serviços (828.463), comércio (332.626) e construção civil (229.755). Já pelas MGE, os maiores desempenhos foram nos setores de serviços (276.355) e indústria de transformação (94.600). Mesmo padrão observado em 2021, de acordo com o relatório.
Em 2022, embora as MPE tenham apresentado um número acumulado de contratações positivo menor do que em 2021, sua participação relativa no saldo acumulado do ano foi maior que em 2021. Assim, em 2022, a cada 10 postos de trabalho gerados no Brasil, aproximadamente 8 foram criados pelas MPE. Esses dados mostram a importância das MPE para a geração de emprego formal no país.
De modo geral, os dados do Caged apresentados no relatório do Sebrae mostram que apesar de um saldo de contrações negativo em dezembro de 2022, o acumulado do ano foi positivo. O desempenho das micro e pequenas empresas foi relevante para esse resultado e se mostrou superior ao apresentado em 2021. Em parte, impulsionado pelo setor de serviços, que vem se recuperando das restrições decorrentes da pandemia da Covid-19. Apesar do resultado positivo no acumulado de 2022, o mercado de trabalho formal brasileiro se mostra instável. Sua recuperação vai depender do nível de atividade econômica do país.