O problema econômico mais grave para 2016 é o desemprego. Os diversos indicadores do mercado de trabalho mostram redução no nível de ocupação (número de pessoas empregadas) e aumento da informalidade. A taxa de desemprego, que era de 4,8% em 2014, cresceu para 6,9% em 2015, e as previsões indicam uma taxa em torno de 9,7% para 2016. Apenas a microrregião de Juiz de Fora fechou cerca de 4.300 postos de trabalho entre os meses de novembro de 2014 e 2015, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego.
No entanto, apesar da conjuntura desfavorável, existem alguns segmentos da economia que resistem ao ambiente de crise e conseguem gerar oportunidades. Por exemplo, as atividades ligadas às indústrias de celulose e papel; de impressão e reprodução; farmacoquímicas e farmacêuticas; de produtos de metal e de produtos diversos. Além das atividades de serviços voltadas para o comércio e reparação de veículos; informação e comunicação; educação; saúde e artes, cultura e esportes. Essas são as atividades nas quais a microrregião de Juiz de Fora é especializada e que apresentaram vantagem competitiva quando comparadas às mesmas atividades desenvolvidas nas demais microrregiões do Estado de Minas Gerais.
A indústria de celulose e papel, responsável por 4,4% dos empregos industriais, soma 35 estabelecimentos na microrregião, concentrados no município de Juiz de Fora (29). As indústrias do setor de impressão e reprodução, com 3,7% dos empregos industriais, somam 70 estabelecimentos na microrregião, concentrados nos municípios de Juiz de Fora (59) e São João Nepomuceno (sete). A indústria de produtos farmoquímicos e farmacêuticos gera 2,2% dos empregos industriais e possui seis estabelecimentos, todos em Juiz de Fora.
O segmento de fabricação de produtos de metal apresenta 188 estabelecimentos na microrregião, concentrados nos municípios de Juiz de Fora (142), Santos Dumont (12), Matias Barbosa (seis), Bicas (cinco) e Lima Duarte (cinco). Esse segmento gera 6,8% dos empregos industriais na microrregião. Na indústria de produtos diversos, que possui 99 estabelecimentos na microrregião, concentrados principalmente em Juiz de Fora (88) e São João Nepomuceno (cinco), destaque para a atividade de fabricação de instrumentos e materiais para uso médico e odontológico e de artigos ópticos em Juiz de Fora, com 36 estabelecimentos e 5,6% dos empregos industriais no município.
Essa análise se refere ao perfil das indústrias mais dinâmicas na microrregião, não necessariamente aos setores campeões na geração de emprego. Assim, por exemplo, a indústria de vestuário, que gera 35% do emprego industrial na microrregião de Juiz de Fora, ficou de fora da lista, pois apresentou, para o período analisado, sinais de estagnação nessa microrregião quando comparamos seu desempenho ao restante do estado.
A partir de análises como essa é possível conhecer os segmentos na microrregião de Juiz de Fora que seguem na frente, driblando a ameaça diária do desemprego. Em tempos de restrição, políticas focalizadas para esses segmentos poderiam gerar mais emprego e maior potencial de crescimento na microrregião. Respondendo à pergunta do título, em matéria de estagnação, alguns setores em Juiz de Fora dizem “não, seguem na frente e seguram o rojão”. Palmas para eles!
Por Inácio F. Araújo Junior, Fernando S. Perobelli e Adryse V. Lima. Essa análise faz parte de um projeto de acompanhamento da atividade econômica na região de Juiz de Fora realizado pela Conjuntura e Mercados Consultoria Jr. vinculada ao Departamento de Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Email para [email protected]