O mercado imobiliário brasileiro movimenta bilhões de reais todos os anos e tem grande impacto na conjuntura econômica do país. Entretanto, após cinco anos de crescimento, o último trimestre de 2022 e o primeiro trimestre de 2023 apresentaram queda em seus indicadores, de acordo com o relatório da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), órgão que acompanha os dados do setor imobiliário e da construção no país. A análise deste texto foi realizada com base no estudo “Indicadores Imobiliários Nacionais do 1º trimestre de 2023”, elaborada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica.
Lançado no final do mês de maio, o estudo sobre o primeiro trimestre de 2023 indicou queda em lançamentos, vendas e ofertas finais do setor, juntamente com uma redução das vendas de habitações através do Programa Minha Casa Minha Vida, que financia moradias para pessoas de baixa renda. Em relação ao quarto trimestre de 2022, que encerrou o ano com 87.315 novas unidades, o ano de 2023 iniciou o primeiro trimestre com apenas 48.554 unidades lançadas, representando uma queda de 44,4%. Todas as regiões do país demonstraram contração, especialmente a Norte, com decréscimo de 86,9%, seguida do Sudeste, que caiu 44,9%. A menor queda foi verificada na região Nordeste (-39,7%), com 9.667 unidades lançadas.
No indicador de unidades vendidas, foram 72.988 unidades no início de 2023, 9,2% a menos que no mesmo período de 2022 e 5,2% a menos em relação ao último trimestre de 2022. No acumulado dos últimos 12 meses, foram vendidas um total de 303.700 habitações. A oferta final também indicou queda, passando de 297.770 no quarto trimestre do ano anterior para 273.331. O Programa Minha Casa Minha Vida, que já chegou a atingir 56% dos lançamentos totais no país, atingiu apenas 35% este ano, apontou a CBIC. Em relação às intenções de compra, cerca de 35% das famílias têm expectativa de comprar um imóvel, com base em pesquisas aplicadas em 31 cidades do país. Além disso, 30% das famílias pretendem fechar negócio em até um ano e 9% em até seis meses, tendo em vista a expectativa de adquirir a casa própria e escapar do aluguel.
Apesar dos indicadores negativos, o setor não sofre com falta de demanda nem de estoque, apontou o presidente da CBIC, José Carlos Martins. Para ele, o maior problema a ser enfrentado é a falta de confiança de empresários no setor e os altos juros. Entretanto, se os indicadores do setor continuarem em queda, o mercado imobiliário terá problemas no futuro, como instabilidade, aumento de preços e menor número de empregos gerados na área. Dessa forma, a análise conjuntural mantém-se essencial para compreender o futuro do mercado imobiliário do país.