Crise Cultural  

Por Kariny Costa e Mariana Curbani

Durante todo o decorrer da pandemia de Covid-19 um setor foi especialmente afetado: o cultural. A dificuldade de adoção de protocolos sanitários em eventos fez com que produtores, técnicos e artistas perdessem, parcialmente, ou por completo, sua fonte de renda. 

Eventos como o carnaval que, sozinho, foi responsável por pagar R$ 24 milhões em direitos autorais no ano de 2020 segundo a Ecad (entidade brasileira responsável pela arrecadação e distribuição dos direitos autorais das músicas aos autores e demais titulares), passam a se tornar realidade tangível novamente e dessa forma prometem trazer fôlego não somente ao setor, mas à toda a economia brasileira. 

Não há dificuldade em perceber como festivais são capazes de movimentar a economia de uma cidade. Com o Lollapalooza, por exemplo, a estimativa era que a cidade de São Paulo recebesse R$ 100 milhões de lucro, segundo o Observatório de Turismo e Eventos da SPTuris (São Paulo Turismo), empresa pública da Prefeitura de São Paulo. Com mais da metade do público sendo não residente, gastos de turistas com alimentação, transporte e lazer têm alto impacto na dinâmica da economia local. Passado o evento, a Prefeitura de São Paulo já declara que o Lollapalooza movimentou R$ 421,8 milhões.

Para além de grandes festivais e manifestações culturais historicamente relevantes, e ao tratar de produções culturais de menor proporção, se faz essencial pontuar o impacto da Lei Aldir Blanc no setor nos últimos meses. Aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 23 de março de 2022 e com um período de vigência de cinco anos, o projeto de lei que institui a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, com repasses anuais de R$ 3 bilhões da União a estados e municípios para ações no setor essa política nacional, beneficia trabalhadores da cultura, entidades e pessoas físicas e jurídicas que atuam na produção, difusão, promoção, preservação e aquisição de bens, produtos ou serviços artísticos e culturais, incluindo o patrimônio cultural material e imaterial. 

Durante o decorrer da pandemia, a tendência de crescimento desse setor, que passou de 4,9 milhões para 5,5 milhões de pessoas empregadas entre o primeiro trimestre de 2018 e o último de 2019, foi interrompida. Se pode verificar, no terceiro trimestre de 2020, uma queda do nível de ocupação para 4,6 milhões de empregos que, em seguida, voltou a crescer atingindo 5 milhões de pessoas no segundo trimestre de 2021. Todos esses resultados foram divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

É evidente a relevância do setor cultural para a economia brasileira, e até mesmo para o imaginário cultural da população. A retomada de eventos de grande porte e manifestações culturais populares no Brasil se faz promissora para o setor.

Por Kariny Costa e Mariana Curbani

Conjuntura e Mercados

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